“Somos todos Filipe”. “Queremos Justiça”. “Não foi acidente”. Foram essas as frases utilizadas por parentes, amigos e até pessoas que nem conheciam o jovem Filipe Kupi, de 19 anos, durante a manifestação na tarde desta quinta-feira (22), que começou na Avenida Santos Dumont, próximo ao Terminal de Ônibus no centro de Juazeiro (BA). Eles estão revoltados porque o responsável pelo acidente – ocorrido na madrugada do último dia 18 – ainda não foi identificado.
O sol escaldante não afastou a presença de cerca de 200 pessoas no protesto, que percorreu do local exato do acidente, na Avenida Santos Dumont, seguindo até o Paço Municipal, onde o grupo promoveu um ‘apitaço’ e pediu para conversar com representantes do governo municipal e cobrar a divulgação das imagens de câmeras de segurança que ficam próximas ao local do acidente.
Após longa conversa, os advogados da família de Filipe, juntamente com alguns organizadores da manifestação, tiveram uma reunião com representantes da prefeitura. Segundo Sarah Noberto Evangelista, presidente do Centro Acadêmico de Direito da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), onde Filipe estudava, a pessoa responsável pelas câmeras de monitoramento da prefeitura teria informado que não constam imagens do momento do acidente, pois as câmeras giram em 360 graus e no momento do acidente estavam focadas em outro ângulo. “Eles disseram que as imagens que foram captadas estão com a delegada responsável pelo caso. Para conseguirmos ver os detalhes das filmagens, temos que entrar com um pedido na justiça”, disse Sarah. “Não tivemos acesso ao inquérito policial. Dizem que o suspeito será apresentado hoje, mas são informações de terceiros”, lamentou.
Um dos advogados da família de Filipe, Murilo Ricardo da Silva Alves, informou ao Blog que as pessoas que testemunharam o fato disseram que o carro estaria a mais de 100 quilômetros por hora. “A partir daí, a gente está afiançando a tese de homicídio doloso (quando há intenção de matar). Ele [o motorista] estava em velocidade altíssima, pois Filipe foi parar a quase 100 metros do local do acidente. A Polícia Civil está investigando, já ouviu testemunhas, e está dando os procedimentos normais para o inquérito. Após isso, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público. A gente quer que a justiça seja feita, obviamente, respeitando as leis. A gente tem em mente que uma pessoa que pega um carro e sai em alta velocidade, tem convicção que pode matar alguma pessoa, por isso defendemos a tese de homicídio doloso”, pontuou.
Passeata pelo centro
Após a reunião no Paço Municipal, os manifestantes saíram pelas principais ruas do Centro de Juazeiro em direção à Avenida Adolfo Viana. Eles interromperam o trânsito na Rua da 28 e entoaram a frase “Queremos Justiça!”. Ao chegarem na Adolfo Viana, por volta das 14h, horário de trânsito intenso, pararam numa faixa de pedestres e gritaram: “não estamos aqui para atrapalhar o trânsito, estamos aqui pedindo justiça”. Muitos motoristas se sensibilizaram com a causa e promoveram um ‘buzinaço’. Vale ressaltar que o movimento foi acompanhado de perto pela Polícia Militar.
Incidente
Apesar de terem ganhado o apoio da maioria dos motoristas, que pararam na faixa e não avançaram sobre os manifestantes, um condutor ou outro se sentiu “lesado” com a manifestação. Foi o caso de um motorista que desceu do carro e tentou, segundo informações, agredir um rapaz.
Quando o grupo correu para saber o que estava acontecendo, o motorista entrou no carro e quase atropelou algumas pessoas que estavam no meio da rua. Os manifestantes anotaram a placa do veículo e passaram outras informações para os policiais, que acompanhavam o ato. Após o ocorrido, o grupo seguiu pela orla da cidade e se dispersou. Novas manifestações não estão descartadas.
Em nenhum momento bradamos a frase “lugar de assassino é na cadeia”. Desde o acontecido, estamos pregando um discurso contrário ao de ódio. Só queremos que a responsabilidade seja assumida, nada mais.
Com esse jargão “crime de ódio”, esse André deve ser mais um Mortadela. Por isso que essas manifestações não vão para frente. Grupos ideológicos tentam se impor a uma questão puramente de polícia judicial. Tem que defender mesmo a prisão de quem fez essa barbaridade. Eu não entendo o motivo de não se divulgar o nome do motorista que atropelou o acadêmico. Dizem que ele é filho de um juiz. Será que está todo mundo com medinho?
“Lugar de assassino é na cadeia” ?? Em que momento se ouviu isso? NENHUM! Estamos lutando por JUSTIÇA e PAZ no trânsito da cidade, e para isso não utilizamos argumentos chulos, mas de dizeres que expressam o desejo de que não aja impunidade. e que o caso seja analisado com transparência. O maior fruto que sonhamos, com esse primeiro passo, que foi a manifestação, é a conscientização dos cidadãos para uma maior e íntegra responsabilidade no trânsito, afinal não queremos que a história de Filipe se repita com o filho/irmão de ninguém.