Quem diria: o ‘Petrolão’ se encontrou com a transposição do Rio São Francisco. É uma nova prova, para quem a ficha ainda não caiu, de que a Operação Lava Jato é aqui. Não só porque Suape é a casa da Refinaria Abreu e Lima, epicentro do maior escândalo de corrupção da história recente do País. Nem porque o escândalo já leva a demissões no Estaleiro Atlântico Sul, que nasceu para fazer navios para a Petrobras.
O Petrolão saiu desse mundo que soa abstrato, o da política, para virar problema social dos grandes, que afeta a população. E isso desmonta a retórica da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta limitar o escândalo a um debate partidário. Só interessa ao PT discutir se a corrupção na Petrobras é ou não invenção do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Não estamos em 1997. É hoje, agora, que a Mendes Júnior – uma das construtoras envolvidas no petróleo – prejudica obras em Pernambuco. Sem dinheiro, ela avisou ao governo estadual: não tem como tocar a requalificação da BR-101, recuperar a pista de Abreu e Lima a Jaboatão dos Guararapes e colocar nela estações de BRT para o transporte público. Enquanto busca solução, o Estado vai fazer um tapa-buracos emergencial, para fazer remendos antes da estação chuvosa.
Pior que os problemas da Mendes Júnior com o Petrolão bateram na transposição, a maior bandeira política do PT e do ex-presidente Lula no Nordeste e no Estado. A empresa já demitiu 2.500 pessoas no lote 8 da obra – em Salgueiro, Terra Nova e Cabrobó. Essas famílias perderam o sustento e o Eixo Norte, um dos canais do projeto, que já deveria estar pronto há 3 anos, tem prazo ameaçado de novo.
A transposição está aí para lembrar que não dá para ficar voltando ao tempo de FHC. O Petrolão é aqui e agora. (fonte: Coluna Pinga-Fogo/JC)