Trabalhadores da Embrapa paralisam os trabalhos na próxima semana

por Carlos Britto // 18 de junho de 2011 às 11:18

Depois de quase 50 dias de negociações entre o Sindicato Nacional dos Trabalhadores (SINPAF) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os trabalhadores decidiram suspender os serviços nos dias 20, 21 e 22 de junho.

Os trabalhadores protestam por reaujuste de salário, isonomia de direitos e democratização da gestão administrativa. Durante a greve os trabalhadores da Embrapa em Petrolina ficarão concentrados no clube da Aesa, em frente ao trevo da saída para Lagoa Grande (PE).

Trabalhadores da Embrapa paralisam os trabalhos na próxima semana

  1. galdino disse:

    De acordo com o SINPAF, a Embrapa se posiciona contra o fim das demissões imotivadas. É algo que não deve fazer parte nem de acordo coletivo, pois já faz parte da Constituição, sacramentado nos princípios da legalidade e da impessoalidade, além dos princípios da ampla defesa e do contraditório. Ora, se a Embrapa quer manter-se distante desses princípios é por quê ainda há um fantasma da ditadura militar rondando as mentes de alguns de seus administradores. Embora seus trabalhadores sejam regidos pelo regime celetista, ela faz parte da administração pública e deve respeitar os princípios consagrados na Constituição. Se começar a agir sem motivação legal no trato com seus empregados, a Embrapa “se tornará propriedade particular de alguns poucos supostos donos”, que a administrarão a seu bel prazer e manterão nos seus quadros somente os amigos do rei; Essa questão é séria, pois é uma afronta à nossa Lei Maior e merece reparos no Poder Judiciário; Esse aumento de 6,51% proposto pela Embrapa é uma piada e de muito mau gosto, diante da enxurrada de aumentos dos itens básicos que os trabalhadores vêm sofrendo no decorrer do ano pretérito e deste que se passa; Ainda existiu um laudo de insalubridade duvidoso emitido por uma empresa que subavaliou as condições de trabalho na unidade da Embrapa Petrolina, avaliando condições pontuais, sem atentar para o universo das atividades da unidade. Foi um laudo lamentável, do ponto de vista técnico, no mínimo um laudo que já estava escrito nas estrelas; Essa questão encontra-se na Justiça do Trabalho e aguarda solução por parte do Poder Judiciário, já que a Embrapa insiste no erro; E olha que o laudo foi repetido pela mesma empresa que havia tido um laudo suspenso; Parece um laudo copiou, colou, do anterior,ou seja, copiou o erro de um ano e colou no outro. E o pior é que colou mesmo e terminou retirando de trabalhadores que se submetem a condições insalubres e/ou perigosas de trabalho o adicional de insalubridade, que, do contrário que muitos pensam, não é benefício, mas a saúde paga em prestações mensais, que, no final,não cobre os possíveis sinistros a que os trabalhadores são potencilamente expostos; Enquanto os altos escalões exerciam advocacia em causa própria, se autoagraciando com aumentos que variavam de 62% a 140% (61,8% para os congressistas, 133,9% para Presidente da República, mais de 130% para ministros, gerando efeitos cascatas nas outras esferas administrativas), em votações relâmpagos e a toque de caixa(em regime de urgência) já prevendo as medidas de contenção para não ficar mais feio. Quando a medida entrou em vigor, em fevereiro, quando os “servidores” do escalão máximo já estavam com os bolsos pingando gordura, a presidente anuncia corte de 50 bilhões no orçamento, e a facada doeu mais nos funcionários públicos da base, aquele que produz, que faz a máquina andar, que atende ao público, no mais das vezes em condições precárias de trabalho. Esse é o prêmio que os governos dão a seus funcionários. Um bando de irresponsáveis, se aproveitando de um mercado sem regras, provoca essas crises e a culpa vem cair nos servidores, que nada tem a ver com isso. E o “estado” ainda se oferece para cobrir o rombo desses agentes financeiros, coitadinhos, devem estar na miséria. A contenção de gastos visa a atender as birras dessa elite financeira,irresponsável, sem compromisso com a nação. É por esse motivo que os trabalhadores vão à luta, à greve, pois já chegamos no limite do suportável, assistirmos o dinheiro pago pela sociedade descer pelos ralos da corrupção, da sonegação(faltam auditores fiscais, faltam policiais federais, faltam auditores do trabalho, faltam atendentes do INSS para atenderem os velhinhos, ficaram retidos na lâmina dos cortes), da irresponsabilidade de mercados desregulados e a conta ainda tem de ser paga novamente pela sociedade, trabalhadores públicos e privados. Pagamos duas vezes: Nos impostos e depois nas medidas austeras. Os trabalhadores têm que fazer greve sim e levar ao conhecimento da sociedade essa falta de vergonha que chegou a nossa administração pública. Eles perderam totalmente o pudor. Ora, se é para conter gastos, para quê esses aumentos abusivos na cúpula? Cadê o dinheiro dos impostos vindo de uma carga tributária de quase 40%? Cadê o produto do crescimento do país, está em que mãos? E esses juros absurdos que corroi nossas rendas, nossos investimentos? E esses aumentos dos valores de serviços e produtos (energia, água, telefone, gás) autorizados por nossas agências reguladoras? Tem aumento pra tudo. Menos para o cidadão trabalhador ter direito a uma vida digna e de dignificar a sua família. Muitos já retiram seus filhos das escolas particulares e jogam nas sucateadas escolas públicas, também frutos de irresponsabilidades administrativas. Nosso país precisa mudar. Na conversa ou na marra. O ideal seria uma parada nacional, parar tudo mesmo. Estão brincando com a nossa dignidade. E ainda acha que somos cheios de direitos. Deveriam se olhar mais no espelho, ter vergonha na cara e administrar o país para o povo, não para uma meia dúzia de banqueiros. GREVE SIM, OPRESSÃO NÃO!!! CHEGA!!!BASTA!!! O Brasil merece respeito!!!

  2. tulio fernandes disse:

    Caros blogueiros, saudações. Minha família (6 irmãos) é composta por funcionários públicos, com exceção de um, que é empreendedor. Sempre gostamos de estudar e vivemos nos preparando para concursos públicos e quem estuda para ocupar uma vaga no serviço público, sabe a dificuldade, as renúncias, a luta a que somos submetidos. Não conheço a estrutura funcional da Embrapa, embora também faça parte do funcionalismo federal. Percebo que os movimentos grevistas começam a se organizar por todo o país, fruto de governos, que ano após ano,não importa a bandeira partidária, com exceção do Lula, sucateiam os salários dos servidores. Temos que reconhecer e aplaudir a valorização que o Governo Lula deu ao funcionalismo federal. Nenhum outro governo, com exceção de Getúlio Vargas, fez tanto pelo trabalhador como o operário ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele teve que enfrentar a ira da imprensa conservadora, a gana dos operadores do mercado, a ferrenha oposião aliada da lógica mercantil… Mas fez o que pôde para trazer à classe trabalhadora um alento de esperança após anos de dominação impiedosa dos donos da Casa-Grande e seus herdeiros (Gilberto Freyre). A grande maioria dos trabalhadores, beneficiados por esses programas sociais massivos, depositaram suas esperanças na sucessora do Presidente Lula. A primeira mulher chefe de estado eleita do Brasil, um marco na nossa história. Todo começo de governo é turbulento. Mas Dilma não é começo de governo. Das suas promessas de campanha constavam a continuidade do Governo Lula. Me parece que ela quer dar uma guinada à direita, com essas medidas de cunho ultraneoliberal. O mercado chora e o governo dá a mamadeira. Só que o leite é retirado do peito dos trabalhadores, sejam servidores públicos, sejam colaboradores da iniciativa privada. Por quê os trabalhadores têm que pagar a conta? Andei visitando um blog ( e como a blogosfera nos mostra um outro mundo, diferente dessas ilusões mercadológicas mostradas pela grande mídia) e atentamente li a didática postagem de um leitor lá de Portugal, que está vivendo um sufoco econômico, a qual postarei em partes, com a permissão do ilustre e competente jornalista Carlos Britto. A página está disposta no link http://www.clubeinvest.com/forumbolsa/forum-de-bolsa/a-culpa-da-crise-nao-e-dos-funcionarios-publicos!!-e-do-mercado-livre!! para quem quiser ler o texto na íntegra. Partes desse texto me chamaram a atenção:

    A culpa da crise, não é dos funcionários públicos!!, é do mercado livre!! ( o que o visitante nos mostra não é uma guerra contra o livre mercado,mas a libertinagem do mercado, que já chegou ao limite. Como pode alguma dúzia de investidores da Bolsa por uma nação inteira aos frangalhos e levar outras tsunami abaixo?)

    “Culpam-se os funcionários públicos como os provocadores desta crise(Ele se refere à crise da Europa,mas vale para a nossa também, que tem ligações com a de lá). Santa ignorância . Obrigam os funcionários públicos a pagar a crise como se eles com modestos ordenados fossem os causadores da crise. Está errado”. E continua o visitante do blog:
    “Os operadores do mercado livre estão deslumbrados , mas não sabem o que é um mercado livre .
    Eles cometeram o terrível erro de pensarem que o mercado livre é para comprar tudo . Errado. Este é o erro dos ignorantes, estes são os que levam tareia e levam os países à crise e falência.
    Os espertos são os que entendem o mercado livre ao contrário , sãos que entendem o mercado livre como um meio óptimo para venderem e arrecadarem divisas e sacarem as divisas aos outros menos dotados , e assim enriquecerem os seus países e povo”.
    “Caros amigos sempre fui um defensor do mercado livre porque acreditava que os operadores eram inteligentes. Enganei-me. Os operadores acabam de nos provar que não são inteligentes porque puseram a Europa numa crise nunca vista. Nota:Caros amigos isto é uma opinião pessoal, muitos não concordarão certamente , mas não tem problema , podem dizer o contrário sem qualquer problema. Mas a prova está aí, a crise está aí.”
    Cumprimentos e bons negócios
    fisher

    A que ponto chegou o mercado? Desde a ideia do estado mínimo de Margaret Thatcher, do Consenso (Consenso?) de Washington, privatização virou palavra de ordem. A iniciativa privada teria mais responsabilidade com os bens sociais do quê o Estado. E ainda há arautos extremistas do ultraneoliberalismo pugnando por mais privatização. O estado continua gordo. A ideia do estado mínimo se transforma no estado zero. O Estado é forte demais. Vigia demais. Pura balela. O estado é mais fraco do que muitos pensam. Ou será que governantes atendem a apelos sociais? Quem faz lobby nos corredores do Congresso, são os catadores de lixo? Quem financia campanhas da maioria de nossos representantes, são as empregadas domésticas, que não usufruem de todos os direitos trabalhistas? Por quê a bancada ruralista é tão forte no meio de nossos representantes no parlamento? Como disse Herbert de Souza, o nosso querido Betinho que já se encontra em outra dimensão: “Privatizam-se os lucros e socializam-se os prejuízos”. Isso mesmo. Os megainvestidores, os criadores das crises, não dividiram um centavo sequer com a sociedade na época de suas vacas gordas e, para driblar os tributos, viviam jogando dinheiro dum lado para o outro do Atlântico, até chegar a um ponto insustentável. Começou a quebradeira. Bancos, financeiras,indústrias, comércio, países, demissões, desemprego,suicídios… E o fraco estado, que não serve para nada, na opinião desses parasitas do mercado, é o primeiro a socorrer os pobrezinhos coitados (não são os da África, são os de Wall Street). Os Estados Unidos jogaram quase 1 trilhão de dólares nas mãos dos banqueiros e investidores falidos. Dinheiro do povo. O Banco do Brasil comprou alguns banquinhos que não aguentaram o baque do tsunami da crise. Isso com dinheiro do povo, americano e brasileiro. Então a culpa é dos funcionários públicos europeus, americanos e brasileiros? Há greve na França, em Portugal, Espanha, Reino Unido, Grécia, Estados Unidos, no Brasil, no mundo. A greve globalizou-se,por quê a crise também já é globalizada. Está na hora de a Organização Internacional do Trabalho tomar parte, pois cada vez mais os donos do poder econômico rasgam as leis de defesa dos trabalhadores, tornando-os mais vulneráveis à demissão, ao assédio, à escravidão. A desgraça social virou uma epidemia mundial. A psicopatia de governos jogar a culpa nos funcionários públicos não é exclusividade brasileira. As privatizações servem pra isso: “O lucro é meu, mas o prejuízo é nosso”. E o funcionário público é o primeiro a pagar a conta. Por isso, a greve que se inicia na Embrapa. Meus colegas da Embrapa, digo colegas por quê sirvo no governo federal, em outro órgão, não aceitam pagar uma conta da qual não fizeram débitos. Os colegas das universidades federais estão aderindo ao movimento. Os da BR Distribuidora vão paralisar dia 20. Muitos funcionários dos estados e municípios. Na iniciativa privada também: Bosch, Volkswagen,Marfig. As greves não são pontuais. São generalizadas. Algo está errado. Algo muito sério está acontecendo. A batata esquentou. Os governos a jogam nas mãos dos funcionários públicos. Tenho a impressão de quê, em outras encarnações, os governos eram prisioneiros de guerra de funcionários públicos. Ironias à parte, fica a pergunta: Até quando vamos ter de pagar a conta da irresponsabilidade que não cometemos? Até quando seremos vítimas de chacotas da mídia conservadora e da classe política também conservadora? (respeitemos os nobres políticos que defendem a nossa causa). Até quando pais manterão filhos em escolas vivendo no limite das economias, enquanto os donos da festa e criadores da crise manterão seus filhos folgadamente em Harvard, sem o mínimo de remorso? A greve é o limite. A greve acontece quando se esgotaram todas as possibilidades de negociação, quando se perdem todas as esperanças e confiança no patrão estado ou privado. É preciso que alguma providência seja tomada. Nós não somos os culpados, repita-se. Força, companheiros, agora é Deus por todos nós e todos nós por cada um.
    Abraços.
    Túlio Fernandes

  3. Dreda disse:

    Greve de 3 dias, na semana do São João. Não tem como não associar as duas coisas. Isso é coisa de funcionário público mesmo, depois acham ruim ser mal vistos pela sociedade pagadora de impostos.

  4. galdino disse:

    Dreda, a greve é nacional, foi tomada por decisão da diretoria sindical em Brasília e não há feriado nas unidades do sul, sudeste e centro-oeste, São João só é feriado aqui no Nordeste. A Embrapa não só existe aqui no Nordeste, é nacional, lá, nas outras unidades, a semana será normal, sem feriados. Se informe primeiro antes de postar informações pouco inteligentes, preconceituosas e infamantes. Embora os funcionários públicos sejam mal vistos por pessoas pequenas como você, Dreda, quando se abre uma inscrição para se ocupar uma vaga, milhares vão às filas, se duvidar, até você vai. Não é greve, é paralisação de advertência e ninguém vai ficar em casa deitado, todos vão participar de manifestações de fronte à Associação. Quer ser funcionário público? Faça um tratamento neurológico para melhorar a inteligência e estude. Obrigado, Britto, pelo direito de resposta, me senti agravado, pois sou funcionário público, mensagens difamantes como essas não merecem nem resposta, mas em defesa da categoria, mando uma resposta. Não sei se ele vai entender, eis que não parece bem informado.

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  1. Meu amigo da juventude, Claudionor salve, salve!