“Detalhes” que ninguém contou

por Carlos Britto // 11 de abril de 2012 às 21:37

O caso do deputado estadual  Roberto Carlos (PDT) continua dando o que falar. O jornalista Ivan Carvalho, do Jornal “Tribuna da Bahia”, traz o outro lado da moeda.
Leiam:

A PF e o bode expiatório

Não pretendo defender nem acusar o deputado Roberto Carlos, alvo da Operação Detalhes ,da Polícia Federal. A defesa fica por conta do advogado dele e a acusação, do Ministério Público, se julgar que há efetivamente crime ou crimes, entre as suspeitas que sobre ele lançou a Polícia Federal e que existem provas para o oferecimento de denúncia.

Por enquanto, o que se tem é uma operação de busca e apreensão da PF no gabinete do deputado Roberto Carlos, do PDT, 1º secretário da Assembleia Legislativa da Bahia e candidato de seu partido a prefeito de um dos principais municípios baianos, Juazeiro, onde o PT estadual apoia o candidato do PCdoB, que é prefeito e busca a reeleição, e o PT local liderado pelo ex-prefeito e deputado Joseph Bandeira insubordinou-se inutilmente, pois teve que se render ao comando estadual.

Ainda um outro detalhe da biografia política de Roberto Carlos é que ele é um dos deputados mais estimados pelos seus colegas de Assembleia. Isso é absolutamente notório e teve consequências políticas. Roberto Carlos era 1º secretário da Assembleia nos dois últimos anos da Legislatura passada.

Ao iniciar-se esta Legislatura e tendo se afirmado, mais uma vez, a candidatura de Marcelo Nilo à reeleição para a presidência, os demais membros da Mesa Diretora anterior cederam seus lugares a colegas.

Não encontrando espaço político para conquistar a presidência na ocasião, o PT ambicionava a 1ª Secretaria, segundo cargo em importância. Mas Roberto Carlos avisou que, se surgisse um candidato oficial na chapa, ele disputaria o cargo como “candidato avulso”.

Diante disso, o PT, mesmo tendo a maior bancada na Assembleia, desistiu da 1ª Secretaria, porque no voto secreto sabia que perderia, dada a amizade de Roberto Carlos com seus colegas. O PT ficou então com outro cargo na Mesa.

Mas, afinal, qual o misterioso detalhe que levou a Polícia Federal a fazer pontaria no deputado Roberto Carlos? Por que ele foi pinçado entre tantos para ser investigado? Fez-se constar, em algum momento, que a causa fatídica teria sido uma comunicação do COAF – certamente à Receita Federal – sobre movimentação financeira atípica. Até pode ser.

Mas se o COAF faz comunicações idênticas em situações semelhantes, seguramente estará fazendo continuamente centenas e até milhares de comunicações sobre outros parlamentares, deputados federais e estaduais e vereadores por todo esse país. Roberto Carlos, vale insistir, é apenas um detalhe.

Muito mais importante do que saber por que ele é certamente saber por que só ele.

Pode crer o leitor que, se a Polícia Federal fosse investigar todos os casos similares no país, ela não teria tempo para mais nada. Ou talvez o Congresso Nacional, por sólida maioria – não por unanimidade – aprovaria lei extinguindo a Polícia Federal e estabelecendo a incomunicabilidade do COAF.

Não estou contra a investigação. Estou contra que, por motivos misteriosos, secretos, seja pinçado um bode expiatório. Se a PF está a fim de investigar, que investigue o rebanho todo. Seja séria.

“Detalhes” que ninguém contou

  1. Vera Souza disse:

    Além de bonzinho com os colegas, com a esposa e com o filho, o deputado está sob investigação por conduta considerada criminosa. PRECISAMOS TOMAR VERGONHA NA CARA, e entender que os R$ desviados, são de todos brasileiros. Se a PF não tem estrutura PARA INVESTIGAR TODOS, que se comece pelo Dep Camelô e se chegue a todos os outros, aí vamos vê se O TEXTO do Sr Ivan quanto a extinção da PF se concretiza. “Ou talvez o Congresso Nacional, por sólida maioria – não por unanimidade – aprovaria lei extinguindo a Polícia Federal e estabelecendo a incomunicabilidade do COAF”. Tentaram fazer isso com o CNJ, a sociedade reagiu. Lembro ao jornalista que a opinião da sociedade sobre os polítios é uma das “”MELHORES”” registradas ultimamente, especialmente quando ele, como o deputado, é considerado parte de um todo que usa o dinheiro público como Roberto Carlos usou. Me poupe Sr Ivan, não vi na Tribuna, mas sua matéria acima parece encomendada

  2. Anita Albuquerque disse:

    A sensação que tenho é que nós brasileiros perdemos o senso de indignação, o assunto é pra lastimar, se invergonhar. Ora se todos fazem isso todos estão errados, se foi Roberto Carlos, Fabio Junior, Waldick Soriano, não importa, na verdade resumindo foi um político que lesou a população. A polícia Federal pode investigar quem e quando quiser, acho ate que poderia fazer mais isso e concordo que com mais pessoas, o bonito seria se investigasse e não tivesse nada embaixo do tapete, o que não foi o caso.

  3. Petrolinense disse:

    Enfim, se está errado tem de se punido. Temos de acabar no Brasil dessa proteção: ele é bonzinho, a famíllia é bem querida e tal. Chega! político corrupto tem de ter cadeia.

  4. Natália Frendervilk disse:

    “Quanto preconceito hem gente”?
    Quanto a colocação da Vera eu digo que isso sim é vergonhoso. Pelo que li na matéria do colega Ivan Carvalho, ele enxergou o que eu também já havia enxergado, logo quando esse caso veio a tona. “Tem que começar pelo deputado camelô”!. Porque se fosse um deputado cujo sobre- nome fosse de peso passaria batido né VERA? pois o rico qualquer deslise que aconteça, A coisa não é levado a sério e os seus babões de qualquer forma Nunca, Jamais irão falar algo para denigrir a sua “imagem” o chaleirismo não deixa!, pois lá adiante sabe-se que tudo vai se resolver mesmo esse candidato sem ética alguma, mas é filho de tal pessoa, neto de outra pessoa de renome conceituado, dizem logo assim:Não iremos falar dele e o nosso cargo depois como é que fica? Olha não estou aqui para defender o ‘Deputado camelô”, como foi sitado no depoimento de Vera, estou como o colega Ivan para dizer que isso é pratica de todos os políticos, desde que me entendo por gente sei disso! Todo politico tem direito a verba de gabinete e assessores, se por um acaso o político tem que super lotar o seu gabinete com seus assessores? ou coloca-los para atender o povo que os elegeu? o assessor é do político ele coloca onde achar melhor, e a verba de gabinete também. Agora de uma coisa temos certeza a política é suja, e quem está na mira os mais fortões derrubam mesmo. E viva a política do nosso País.

  5. Eugenio Souza disse:

    Eu não concordo com o senhor ivan, pois a unica coisa que o senhor falou que é verdade é que se a lei é para um que seja para todos, porém isso não quer dizer que o que está fazendo as coisas erradas não deve ser julgado, por conta do motivo de não ser somente ele que faz as coisas erradas, e não tem esse negocio de ser bom moço, já dizia a minha avó ou você é está certo ou está errado, não existe esse papo de meio certo ou meio errado, ou ele rouba mais faz… eu quero é que ele e todos os outros paguem por seus erros e devolva aos cofres publicos o que é dificil, todo dinheiro desviado.

  6. Paraná disse:

    O texto desse senhor, infelizmente, reflete o grau de seriedade das nossas instituições, de nossos políticos (nossos por que foram eleitos pela população) e da sociedade brasileira. Em se tratando de um país sério, o nobre parlamentar já teria, ao menos, renunciado ao cargo, ter-se ia instaurado processo por quebra de decoro parlamentar, etc. Ressalte-se, o nobre investigado é corregedor do parlamento estadual. Isso mesmo, corregedor!
    Como sempre, em prol desses nobre indivíduos se erguerão vozes em sua defesa, paladinos da moralidade, fundamental em estado democrático de direito, no entanto em nome dessa suposta defe$a, atacar a seriedade da Polícia Federal como um todo é dema$iado, senhor “jornalista”. É realmente a PF que não está sendo séria?

  7. Edinho disse:

    Quem está na igreja, fazendo suas orações e vivendo honestamente jamais vai ser incomodado pela justiça. Estamos falando da Polícia Federal, de uma investigação de 2 anos, não é de vagabundo que não tem o que fazer. Certa vez, incentivado por outras pessoas, eu e alguns amigos tentamos falar com esse cara (o deputado) pedimos 2 minutos de atenção (eu disse 2 minutos) e ele disse que não podia nos atender. Entregamos, então uma documentação ao assessor dele, e nunca mais recebemos resposta ou sequer a documentação de volta. Se ele é bom, eu sou Deus.

  8. Juazeirense/Petrolinense - Brasileiro disse:

    Como diria o velho ditado do jargão Policial tem que colocar é “AS PULSEIRA” , em todos aqueles que roubam o dinheiro Público, dinheiro esse que falta para solucionar problemas da Saúde, Educação e Segurança Pública, e em se falando da região Nordeste em especifico a Bahia, que falta para resolver em definitivo o eterno problema da SECA, e é dinheiro que sobra no bolso de Políticos corruptos e toda a corja de Governantes desse País. A e sem esquecer de Empresários que subornam funcionários públicos. políticos e membros da Justiça, isso quando eles mesmos não realizam os desvios.

  9. Dreda disse:

    O texto deste jornalista me lembra fatos que ocorridos na minha infância, quando a professora punia um aluno por estar bagunçando e ele indignadamente se defender afirmando (e comprovando) que não era só ele quem estava bagunçando, e que o fato de estar sendo repreendido o transformaria inclusive em vítima: “só reclama comigo…”

    Minha gente, o sujeito roubou a gente e pronto, não importa se é do meu ou seu partido, tem que prender todo mundo para dar medo no próximo ladrão.

  10. Mauricio Dantas disse:

    Não importa se é “camelô” ou “empresário”, criminoso é sempre criminoso e tem de ser punido. Pelo menos temos alguem nesse “mar de lama” sendo investigado, pior e se não tivesse nenhum, quem sabe isso não é só o inicio e esses “detalhes” vão se tornar futuramente só uma pequena parte de “grandes conteúdos sujos” a serem descobertos?

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