O Senado do Paraguai condenou nesta sexta-feira (22) o presidente do país, Fernando Lugo, no processo político “relâmpago” aberto contra ele na véspera e encarado pelo governo e pela comunidade de países sul-americanos como um golpe.
O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Eram necessários dois terços dos votos dos senadores para confirmar o afastamento.
A Constituição prevê que ele seja afastado imediatamente e que o vice-presidente, Federico Franco, cujo partido recém rompeu com o governo, assuma o cargo e o cumpra até o fim do mandato.
A notícia do impeachment foi recebida sob protesto por manifestantes que ocupavam a praça em frente ao Congresso e que consideraram que houve, na verdade, um golpe contra o presidente.
Lugo, acusado de “mau desempenho de suas funções” pelo parlamento dominado pela oposição, decidiu não comparecer ao julgamento e apenas enviou sua equipe de cinco advogados para apresentar sua defesa.
Eles pediram, em vão, a retirada das condenações e argumentaram que não houve tempo suficiente para a defesa.
Chegou-se a anunciar que Lugo marcharia rumo ao Congresso junto com seus ministros, mas isso não se confirmou e ele acompanhou tudo do palácio presidencial, a 200 metros dali. Ele recebeu a visita da comissão de chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que condenou a atitude do Congresso.
A presidente Dilma Rousseff, no Rio, também apelou, em vão, por uma solução negociada para a crise. O ministro de Finanças de Lugo, Dionísio Borda, disse que não ir ao Congresso foi uma “decisão pessoal” de Lugo, que considerou o processo contra si “inconstitucional”. Ricardo Canese, secretário-geral da Frente Guasu, aliança de partidos que elegeu o presidente, disse que o grupo iria convocar manifestações pacíficas em todo o país e uma paralisação geral caso o impeachment fosse aprovado.
Recurso à Suprema Corte
Mais cedo, Lugo apresentou uma ação de inconstitucionalidade à Suprema Corte de Justiça do país contra o julgamento .”O presidente reclama mais tempo para defesa”, afirmou um porta-voz à imprensa, poucas horas antes do início do julgamento, que foi interpretado como um “golpe de estado branco” pela comunidade latino-americana.
Lugo protestava contra o que considera o “rito sumário” em seu julgamento. Ele afirmou que iria acatar qualquer decisão do Congresso, mas que iria lutar contra sua possível deposição em “outras instâncias”. (do G1 c/foto)