Apesar de nunca ter governado antes o município de Lagoa grande, o jovem Dhoni Amorim (PSB/foto) caminha para fazer uma administração sem tantos percalços.
Na Câmara de Vereadores ele tem maioria. Além disso é aliado do governador Eduardo Campos (PSB) e da presidente Dilma Rousseff (PT).
Sem contar que seu pai, Robson Amorim, já governou Lagoa Grande e pode colaborar com ele, na medida do possível. Melhor clima, impossível. (Foto: Site Grande Rio FM)
OBS:
Peço ao amigo Carlos Brito que publique esta Crônica, se for do seu interesse. Um abraço.
JOTA MILDES
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Croniqueta
EMISSORA RURAL – COMO TUDO COMEÇOU
Jota Mildes
Era 28 de outubro de 1962. Nem bem o ensolarado dia de verão amanhecera e Petrolina despertava ouvindo o esperado som da sua primeira “estação de rádio” – a Emissora Rural a Voz do São Francisco! Tendo como prefixo musical o som de ÊXODUS (da trilha sonora do filme Os Dez Mandamentos) a Emissora Rural iniciava ali, oficialmente, para orgulho de todos os petrolinenses, a sua importante jornada de prestação de serviços à população do alto sertão pernambucano. Um presente do governo federal via Dom Antonio Campelo de Aragão à nossa região.
Cinquenta anos já se passaram, mas aquele momento mágico continua gravado e ainda repercute na memória de quantos viveram tal momento, principalmente naqueles que acompanharam de perto todo o processo de concessão, compra de equipamentos e instalação da da emissora – que resultou na vitoriosa façanha desse grande dia. Eu estive presente em parte deste processo, e me sinto honrado e à vontade para lembrar um pouco de como tudo começou…
Convidado por Dom Antonio para traçar a programação da rádio e proceder à escolha do pessoal que faria parte do seu quadro de comunicadores e auxiliares, abracei a causa com muita dedicação e comecei o trabalho enquanto ainda estavam chegando de São Paulo grandes caixotes de madeira com os transmissores, a mesa de som, os “toca-discos” (naquele tempo as gravações eram feitas em bolachões de vinil), os microfones, etc. Montava-se então, em uma faixa de terra situada próximo ao Parque Industrial Clementino Coelho a antena de transmissão. Duas foram as tentativas de montagem: na primeira, antes da conclusão ventos fortes jogaram-na por terra durante a noite; na segunda tudo deu certo, para alegria de dezenas de curiosos que para ali se deslocavam diariamente afim de acompanhar de perto os trabalhos, sempre na esperança de vê-la em pé. Enquanto isso a aparelhagem ia sendo instalada em salas convertidas em stúdio, em discoteca, em auditório, na parte posterior do “Palácio do Bispo”. Tudo sob a supervisão do Eng. Eletrônico holandês Van Der Linden, auxiliado pelo saudoso técnico petrolinense Lázaro Lopes (Zuca).
Em reunião diária com Dom Antonio e ouvindo deste as suas sugestões a respeito do que seria a participação religiosa, e com base no que acontecia nas emissoras de rádio do país, fui formando a grade de uma programação eclética porém moldada às exigências de um contexto compatível a uma afiliada da Rede Católica Diocesana à qual estaríamos ligados. E assim foi. Cerca de 60% da programação foi reservada para a igreja e para os programas do MEB (que se referiam à Reforma Agrária e eram ouvidos sertões afora em aparelhos de rádio de frequência cativa que a Diocese de Petrolina distribuia gratuitamente às famílias do campo). Estes aparelhos tinham o seletor de canais previamente travado: sintonizavam apenas a Emissora Rural. Tão logo terminada a fase preparatória fui ao Recife comprar discos, principalmente nas Livrarias Paulinas, onde adquirimos bastante música religiosa e dos artistas, grupos, e orquestras, que faziam sucesso no momento.
A fase seguinte foi a organização da festa de inauguração, junto com os companheiros Carlos Augusto, Miguel Pedroza, Reinaldo Bello e Joselita Mangabeira (locutores e apresentadores de programas), e Antonio Avelar, Francisco Athaide (dotô), Adão e Zuca (sonoplastas ou “controlistas”, como eram chamados). Cumulativamente à responsabilidade da qualidade de som Antonio Avelar atuava como ”técnico de aparelhagem” (instalação e funcionamento nas “externas” de transmissão das Missas direto da Catedral, coberturas esportivas, etc.). Zuca cuidava ainda da manutenção da rádio no ar.
Os últimos preparativos que antecederam “o grande dia” foi de checagem do que fora feito, tudo sempre acompanhado de grandes expectativas. E isto era visível na face de toda a equipe! E foi nesse clima que, dentre dezenas de sugestões e escolhas musicais optei pelo tema ÊXODUS (achei-o apropiado a uma emissora diocesana). Nesse período chegou o seminarista Pedro Mansueto de Lavor, o qual foi ordenado sacerdote e em seguida assumiu a direção da rádio (exigência da Rede Diocesana de Rádios Católicas). Tornou-se meu grande amigo. Passei então a responder por dois cargos: Gerente de Pessoal e Discotecário.
O dia da estréia foi especial – a cidade inteira e adjacências com aparelhos receptores de rádio ligados na Rural ouvindo a programação festiva, que contou com um show de Adilson Ramos, a inaugurando da sala que mais tarde daria lugar às apresentações domingueiras do Programa de Auditório comandado por Osvaldo Cancão, e a missa solene de Ação de Graças!
Vieram os programas das Dioceses de Petrolina e Juazeiro; Programa Forró na Cúia Grande (Carlos Augusto); programas do MEB (Movimento de Educação de Base) apresentados pelas educadoras Anete Rolim e Dnalva; os horários reservados ao Esporte, etc…
Por motivos particulares, porém, algum tempo depois a Emissora Rural ficou fora do ar por um pequeno período, porém logo retornou e desta feita para ficar, para caminhar rumo ao lugar que hoje ocupa na radiofonia sanfranciscana – onde tantos profissionais do rádio altamente classificados desenvolvem um jornalismo à altura dos grandes centros. De lá para cá importantes nomes do jornalismo e do esporte regional tem ocupado os seus microfones, como: Ives Cavalcante, Granja (in memorian), Palito, Manoel dos Anjos, Ednevaldo Alves, Vinícius de Santana, José Maria Silva, Daniel Campos, Marcelo Damasceno, Carlos Britto, Sheila Mildes, Genidete, Farnésio Silva, Teógenes Batista, Foguinho (in memorian), Carlos Alencar, Luiz Amora… e por ai vai. A lista nominal destes abnegados radialistas é muito extensa, e por seu tamanho não caberia publicá-la neste espaço. Desculpem-me os que não citei.
Vale lembrar ainda que naquele espaço de tempo em que a Rural sofrera uma pequena interrupção em seu funcionamento fui convidado para assumir a direção da Rádio Juazeiro (que estava ainda na Rua D”Apolo, na vizinha cidade, e de onde a transferí para a rua do Cais, onde está até hoje).
Dali retornei anos depois à Emissora Rural, a convite do padre Mansueto…
Depois fui para a Rádio do Grande Rio…
Mais aí são outras histórias, vividas em uma época em, mais do que na atualidadeE , trabalhar em rádio era o mesmo que é hoje ser “artista de televisão”: famoso, assediado por fans, olhado com admiração, tratado como celebridade!
Agora, ainda comovido com a surpresa que nos foi reservada faço questão de registrar como digna de louvor a homenagem que a Diocese prestou aos profissionais radialistas fundadores da Emissora, durante as recentes comemorações dos 50 Anos da Rural, colocando em destaque e diplomando um a um todos aqueles que deram “o pontapé inicial” de tudo (como se diz no jargão esportivo), e entregando-lhes uma bela medalha de Honra ao Mérito em admirável e concorrido show artístico a cargo de Geraldo Azevedo, acontecido na Concha Acústica. Não estive presente por me encontrar em Brasília, porém fui dignamente representado por familiares, e cabendo o recebimento das honrarias materiais que me couberam à graciosa e talentosa jovenzinha Giovanna, neta de Antonio Avelar.
PARABÉNS, EMISSORA RURAL A VOZ DO SÃO FRANCISCO!
PARABÉNS À DIREÇÃO E COLEGAS RADIALISTAS DESTA IMPORTANTE RÁDIO!
jota.mildes@r7.com
Não entendi porque essa cronica no comentário de uma reportagem sobre o prefeito eleito de Lagoa Grande??
EU TAMBÉM NÃO ENTENDÍ!
DE QUALQUER FORMA, OBRIGADO CARLOS BRITO PELA PUBLICAÇÃO DA MINHA CRÔNICA, APESAR DO ESPAÇO INADEQUADO.
JOTA MILDES – jornalista, radialista e escultor