Artigo: Aspectos cultural, financeiro e moral das festas de São João

por Carlos Britto // 02 de julho de 2013 às 14:01

Neste artigo enviado ao Blog, o radialista Waldiney Passos, que atualmente apresenta o programa ‘Bom Dia Vale’, da Rádio Jornal do Commercio, faz uma análise pertinente sobre a realização dos festejos juninos.

Sem nenhuma conotação política, Waldiney ressalta que seria mais sensato para as prefeituras entregarem a festa à iniciativa privada, resguardando o dinheiro  do contribuinte para ser investido em itens realmente necessários à população. Confiram:

São JoãoDiante de tantos comentários acerca da realização da festa de São João em Petrolina, uns a favor e outros contra, resolvi chamar a atenção da sociedade para uma reflexão sobre os vários aspectos que envolvem o evento: O cultural, o financeiro e o moral.

A princípio, o São João é sem sombra de dúvidas a maior festa popular do nordeste e sua realização é fundamental para o fortalecimento da cultura do nosso povo, se bem que as comemorações contemporâneas distorcem completamente do lado religioso que deu origem à festa havendo, portanto, apenas uma maior valorização do lado profano.

Com o passar dos anos, especificamente aqui no nordeste, o estilo musical forró foi se firmando como o ritmo característico da festa profana. O saudoso Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e o Trio Nordestino, por exemplo, consolidaram o forró nesta época junina, fazendo com que várias gerações associassem o ritmo à festa.

Em um passando não tão distante, as festas de São João eram marcadas pela confraternização entre as pessoas que se reuniam para celebrar a data regada a muito forró pé de serra, comida típica e a tradicional fogueira.

Até a década de 80 a festa tinha esta característica de unir as pessoas sem onerar os cofres públicos, ou seja, as prefeituras não gastavam o dinheiro público com essa finalidade. Existiam, sim, as festas de salão nos clubes, boates, onde quem pagava pelo evento era o povo, e não as prefeituras, e todo mundo dançava e se divertia sem reclamar.

Esse é um ponto que eu gostaria de frisar, ou seja, a festa é muito importante, mas poderia muito bem ser bancada por empresas privadas, promotoras de eventos, como acontece no município de Curaçá-BA, na festa dos vaqueiros. Lá o município realiza o evento, mas as pessoas têm que pagar, e nem por isso o povo deixa de participar. Outro exemplo é o Forró do Esfrega, em Senhor do Bonfim-BA, onde tudo é pago e mesmo assim os três dias da festa são lotados.

Imaginem os senhores: a estimativa de público aqui em Petrolina, por noite no São do Vale, é de 60 mil pessoas. Se a prefeitura vendesse o evento a uma empresa privada e fixasse, por exemplo, o valor da entrada em 10 reais, um valor que todos podem pagar, sabe quanto essa empresa estaria faturando por noite? A conta é simples. É só multiplicarmos 60.000 x 10. Sabe quanto dá? Um faturamento de 600 mil reais por noite! Tá vendo só? O valor da entrada seria acessível, a prefeitura não precisaria gastar o dinheiro público, muito pelo contrário, iria era ganhar com a terceirização do evento, e a festa teria o mesmo brilho. É uma questão de bom censo e seriedade. E o exemplo serve para todos os municípios.

Repito, é uma questão de consciência, pois não podemos admitir que mesmo havendo a justificativa de que o dinheiro não sai dos cofres da prefeitura, que vem de Brasília ou Recife, não importa, é dinheiro público do mesmo jeito – seja do governo federal, estadual ou municipal. Tudo sai do nosso bolso em forma de impostos, taxas, multas etc. Dinheiro que poderia ser usado para atender outras áreas prioritárias e deficientes em todo o país, como é o caso da saúde, educação e segurança.

E para não ser mal interpretado, quero deixar bem claro que não estou culpando aqui o prefeito Júlio Lóssio ou qualquer outro gestor pela prática questionável de realização de festas, pois a culpa mesmo é do sistema que aí está, das leis que aí estão. Agora, vai da consciência de cada um realizar ou não a festa e gastar milhões, vai da consciência de cada um avaliar de forma lúcida e independente a magnitude do dinheiro que é gasto com bandas e estruturas, quando o povo passa por necessidades básicas como a falta de medicamentos em postos de saúde ou a falta d’água para o consumo humano, como acontece em outros municípios do Nordeste que ainda continuam sofrendo os efeitos da seca. É o caso de Casa Nova-BA, que já anuncia uma super festa do Interior, enquanto o povo tá lá sofrendo, sem ter as melhorias prometidas em campanha.

Essa é uma reflexão que precisa ser feita por todos, sobretudo pela nossa juventude que está agora dando uma aula de democracia, indo às ruas cobrar mais seriedade dos gestores na melhoria da prestação dos serviços públicos e na correção de suas atividades.

Então, se realmente queremos ter um país sério e mais justo, não podemos aceitar, em hipótese alguma, que o dinheiro público seja jogado fora em detrimento do sofrimento do nosso povo, pois os dias de festa se vão e os problemas continuam.

E por fim, vamos falar sobre a questão da moralidade. Existem aqueles que se apropriam da frase “rouba, mas faz” para tentar justificar o injustificável. Após a realização dessas festas é comum acompanharmos denúncias de superfaturamento na contratação de bandas e estruturas utilizadas nesses eventos como palco, iluminação, barracas etc.

Ora, se há indício de desvio de dinheiro público, tem de haver uma explicação à população, as pessoas não devem e não podem ficar hipnotizadas apenas pela grandeza dessas festas. Temos todo o direito, enquanto cidadãos, de saber qual o custo real desses eventos e de que forma esse dinheiro foi aplicado. Isso é transparência. Outro dia o senhor Euclides, proprietário da Boate Trevo, afirmou ao participar do programa ‘Bom Dia Vale’, na Rádio Jornal, que essa questão de superfaturamento na contratação de cantores e bandas não é de agora. Segundo ele essa prática vem de longe e isso é um absurdo! Acredito até mesmo que o Ministério Público, que foi respaldado pela população nestas manifestações, tem que tomar pé dessas questões e investigar a fundo a veracidade ou não das denúncias, seja onde for, para que no mínimo a sociedade tenha uma resposta.

Waldiney Passos/Radialista

Artigo: Aspectos cultural, financeiro e moral das festas de São João

  1. kelly disse:

    quer dizer que o senhor está querendo dizer, que a prefeitura vende o espaço, pra o povo pagar do bolso o ingresso??Sendo que a prefeitura está negociando um espaço público?? O senhor quer comparar cm o sfrega?? festa de classe média alta?? festa de R$200,00 o ingresso??
    Meu Deus, pensa antes de publicar as coisas….

    1. walter costa disse:

      ESTA CORRETÍSSIMO O Sr WALDINEY PASSOS.
      SÃO JOÃO É UMA FESTA FOLCLÓRICA, NO NORDESTE PRECISAMENTE NA BAHIA ERA MARCADA PELO TERMINO DA COLHEITA DE CANA DE AÇÚCAR.
      ONDE AS PESSOAS SE REUNIA E ACENDIA FOGUEIRAS PARA COMEMORAR. CADA UM DAVA OU COMPARTILHAVA COM O QUE TINHA, BOLO DE MILHO, LICOR, MILHO COZIDO ASSADO, AMENDOIM, CANJICA, Q POR SINAL SÃO TODOS PRODUTOS DA PROPIA REGIÃO.
      AI SEMPRE TINHA UMA SANFONA, UMA ZABUMBA, UM TRIANGULO, FORMANDO ASSIM O TRADICIONAL FORRÓ PÉ DE SERRA.
      COM O PASSAR DOS TEMPOS TOMOU OUTRO RUMO, TORNANDO SE ESSE ESPETÁCULO PROFANO E DE ROUBALHEIRAS, É UMA PENA O PODER PUBLICO( PREFEITURAS) TER ENXERGADO A FESTA JUNINA COMO A MINA DE OURO QUE SE ANTECEDE ANTES DAS ELEIÇÕES, APROVEITANDO SE ASSIM PARA FORRA O SEU BOLSO OU O SEU CAIXA 2.

      1. walter costa disse:

        TERMINAVA-SE A COLHEITA PRECISAMENTE AS VÉSPERAS DO DIA DE SÃO JOÃO, A FESTA ERA A MANEIRA DE SE CONFRATERNIZAR E REVERENCIAR O SANTO.
        obs
        tornou-se profano por que as musicas hoje tocadas no são joão pelo forró eletrônico ou sertanejo, não tem nada a vê com a tradição junina.
        uma festa privada seria uma ótima ideia, usando assim os milhões gastos pela prefeitura em novas escolas, saúde, segurança e e.t.c. que é o que o povo realmente precisa, e não de festas de 15 dias. só aumentando o índice de criminalidade e piorando mais ainda a saúde publica. por que o que não foi roubado de carteira, celular, moto, carro. e os atendimentos feito no traumas congestionando a urgência, que não esta na mídia não é brincadeira não.

    2. xocó disse:

      Estou enganado ou esse radialista apoiou, na eleição passada, um politico conhecido da cidade? Claro que não foi Júlio Lóssio. Só digo uma coisa, é difícil encontrar alguém que escreva algo isento de paixão politica.

  2. Lucas Amorim disse:

    Esse cara que diz ser apolítico, quer ser na verdade Edenevaldo Alves.

  3. Juliano disse:

    Diante de tantas críticas, a prefeitura manter esse São João, só tem uma explicação: Ele está servindo pra alguma ou algumas pessoas ganhar muito dinheiro.

  4. Rafael disse:

    ¬¬’ Imagine pagar por um evento público!!!! já imaginaram a bagaceira se Julio Lóssio tivesse feito a festa mas para o povo pagar para entrar!????? Iria ser o apocalipse!!!! Aí é que iriam invadir a prefeitura e meter o pau no prefeito!!! KKKKKKKKKKKKKKKK!’ Sr. Waldinei o sr. se esqueceu que no evento havia camarotes administrados por empresas privadas de eventos da região e que tinha que pagar uma taxa para ficar lá! Além do mais não vejo desperdício algum do dinheiro do evento já que o que é gasto volta em dobro ou triplo e olhe lá!!! todo mundo quer ir bonitinho e arrumadinho para festa e nisso aí o comércio de roupas, calçados, cabeleireiros, perfumarias e etc lucram bastante neste período pois todo mundo quer ir arrumado para festa com tudo novo!!! os donos de táxi, mototáxi, vans e etc também ganham aumentando o numero corridas e de clientes que vão para a festa!!!! isso sem contar das pessoas que vem de fora e se hospedam nos hotéis da região e usufruem dos serviços oferecidos pela cidade!!! E se há todos estes ipos de prestação de serviço lucrando então os impostos arrecadados serão maiores!!!! Ou seja o município inteiro ganha!!!1 ganha o vendedor de espetinho, de cerveja, de wisky, o mototáxi, o taxista, o dono do hotel, o dono da perfumaria e tals!!!!! O sr. como um jornalista já deveria saber que tudo neste mundo que passa pelo processo de globalização tende a virar produto da indústria cultural!!!! As manifestações populares não estavam isentas disto não!!!!!

  5. pedro disse:

    a ideia é boa o problema fica em duas questões o são joão deixaria de ser marca, e deixaria de ser objeto de subfaturamento. caso isso fosse feito ficaria o prefeito somente com a marca nova semente oh prefeito que tem obras

    1. maria josefa disse:

      E agora o povo só vai viver em hospitaise em escolas? Ô povo idiota. Lazer também é necessário, caso contrário, os hospitais vão encher é de loucos e de depressivos kkkkkkk

  6. Pacato Cidadão disse:

    Um bom artigo. Também defendo que festas destas proporções deveriam ser entregues a iniciativa privada. Só lamento pela iniciativa de não querer culpar os políticos pela realização de tais festas. Claro que são culpados. São eles que administram e poderiam muito bem propor outro modelos de festa que onerassem menos os cofres públicos. Lembro-me do Festival de Primavera, em uma de suas edições o ingresso era pago e nos dias que fui, o pátio estava lotado.

  7. Edgar disse:

    Concordo com o radialista. A festa já perdeu praticamente tudo que a justificava. Há 20 ou 30 anos, festejavamos com os vizinhos e a família, na rua mesmo. Contratava-se um trio barato e era festa pra ninguém btar defeito. Os pais colocavam as crianças pra dançar quadrilha. Riscava-se o rosto meninos com carvão, simulando um bigode. Nas meninas, pintas no rosto e trnças nos cabelos. Agora tudo se resume a assistir a mega-artistas de caches milionários (os q tocam na Xuxa, no Faustão e no Gugu), encher a cara de cerveja, ficar horas em pé no meio da lama, levando pisão, arrebentando os sapatos, ouvindo som de banda de axé, brega sertanejo e fuleragemusic. Será que lá em Goiás, Mato-grosso, interior de São Paulo, toca o Targino? Toca o Trio Nordestino? Vão fazer com a nosa música o mesmo q já fizeram com nosso futebol!! Salgueiro Futebol Clube, o único time pernambucano que restou numa competiçáo nacional, tem mais torcedores que os dois times de Petrolina juntos. E a cidadea é 6 vezes menor. Motivo? Falta apoio, principalmente da iniciativa privada, porque o povo foi ensinado a ser torcedor dos times de São Paulo e Rio, os times da televisão, portanto, não estão errados em não dar incentivo, se não terão retorno. E agora vão trazer jogos de times cariocas pra Recife… O pior de tudo isso, Waldiney, é que vai ser com o nosso dinheiro, o dinheiro do contribuinte sendo utilizado para destruir a nossa cultura, nossas tradições. Se o que conta é o ibope, sugiro para o ano q vem: MC Federado e Mulher Melancia…

  8. maria josefa disse:

    O que você tá querendo amigo é acabar com a única festa popular que ainda resta, pois se passar para terceiros ninguém poderá comprar mais um ingresso. Não vê os absurdos que são cobrados nestas festas de hoje? Como a vaquejada de Geraldo Estrela que muita gente deixou de ir, inclusive eu, que não posso pagar 600,00 por uma mesa e para ficar em pé, prefiro ficar em casa. Pois as barracas tradicionais dentro do pátio não existem mais. Deixa quieto e vai fazer política contra, de outro jeito.

  9. TOLERÂNCIA ZERO. disse:

    kkkkkkkk maria josefa ou maria doida!!!!???????
    ou é verlania reencarnada.

    1. maria josefa disse:

      Tolerância zero, se você é recalcado(a) vá viver em hospitais e estudando.kkkkkkkkkkkkk

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