Em mais um artigo enviado ao Blog, o ex-vereador de Petrolina, Padre Antonio Moreno, acredita que a classe política do País ainda não se deu conta do real teor das manifestações que vêm ocorrendo no País.

Confiram:

A Copa das Confederações foi um marco na frágil democracia do Brasil. O povo foi às ruas para reivindicar justamente direitos negados há décadas. A pressão popular fez o Congresso retirar da gaveta projetos que dormiam há tempo para, rapidamente, serem votados em resposta à demanda popular. Mas pelo visto os políticos fizeram ouvido de mercador em relação à força das manifestações!

Com esses pequenos gestos, pensam ter desmobilizado o povo. Estão fazendo de conta que nem é com eles. Alguns tentaram uma cautelosa aproximação do movimento, mas não deu certo. Sentiram que, finalmente, o Brasil acordou, os brasileiros vestiram a alma de verde e amarelo, deixaram as bandeiras partidárias na gaveta e partiram para a luta.

Será que os políticos não sabem o que as manifestações estão a dizer? Não entendem mesmo as necessidades da maioria do povo brasileiro, seus anseios, suas dificuldades cotidianas. Quem deles enfrenta uma fila de hospital, de um consultório, seja público ou privado, quem deles espera meses por um exame, por uma consulta, quem deles sai de madrugada de casa e mofa num ponto de ônibus? Nenhum deles vive pendurado no cartão de crédito para pagar as despesas do mês. Ao contrário, sabemos que existe até o tal cartão corporativo, que faz a alegria da “nobreza” às nossas custas.

Muitos políticos são tão alienados da realidade do povo brasileiro que sequer pensam em mudar seus hábitos indecentes, imorais e desrespeitosos com quem os sustenta. Há até gestores querendo fazer parte do Movimento! Como vimos, o Congresso se apressou a votar alguma coisa sob a força das manifestações, sob o medo, o terror diante da iminência de terem as duas casas invadidas pelos seus verdadeiros proprietários, o povo brasileiro. Mas se esqueceram que queremos realmente que as Reformas anunciadas e esperadas há décadas aconteçam de fato.

Não queremos paliativos, queremos reforma política para valer, que force a mudança de hábito dos políticos de nosso país. Uma reforma que os obrigue a repensar de suas atitudes e posturas no tratamento da coisa pública, que coíba os desvios éticos como a corrupção e o mau uso dos recursos públicos.

Plebiscito e Referendo não são do interesse deles, muito menos que a Reforma feita se aplique nas próximas eleições, pois aí já os colocaria em dificuldade. Mas eles precisam perceber que é impossível enganar as pessoas na era digital. Hoje a comunicação é ampla, instantânea! Não tem mais como enganar eleitor comprando “cabos-eleitorais” e com mentiras no programa na televisão.

Basta! Chega de campanhas milionárias patrocinadas a troco de algo que, na maioria das vezes, vai prejudicar a população. Assim o Brasil acabou sendo governado por grupelhos, uma elite econômica e política, meia dúzia se esbaldando e o resto do povo se afundando em dívidas e dificuldades.

Queremos um Brasil administrado decentemente, nos níveis federal, estadual e municipal. Precisamos cuidar do que está mais próximo de nós, do cidadão comum, a gestão municipal e a Câmara de Vereadores. Os gestores e legisladores precisam agir com o foco no bem estar da população em geral, e não somente para Copas e Olimpíadas ou quaisquer outros interesses que não sejam públicos. Não toleramos mais cidades com bairros feios, mal cuidados, riachos e canais transformados em esgotos a céu aberto, transporte público de péssima qualidade, a saúde na UTI como dissemos antes. Basta!

Somos contra a reeleição e o excesso de partidos, bem como o financiamento das campanhas políticas assumidas pelo poder econômico. O Congresso tem que trabalhar como todas as instituições públicas; E a “aposentadoria” de deputados, vereadores, presidentes? Ser político não é profissão! Precisamos de leis rígidas para preservar o meio ambiente, os direitos de todos, e não só dos ricos, e para acabar com a impunidade em geral. Como se vê, temos muitas reivindicações, muitos problemas a serem resolvidos porque a administração pública deixou muito a desejar. Foi superada pela ambição política, pela ânsia de assaltar os cofres públicos, fazendo com que o Brasil se tornasse o campeão da desigualdade social e da corrupção. Basta!

Padre Antonio Moreno/Ex-Vereador de Petrolina