A boataria criada no cenário político de que ocorreria, ontem (22), um encontro reservado entre o governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – especulada após o líder maior petista ter elogiado publicamente o pernambucano durante visita ao Senado, há quase duas semanas, e ter chamado o socialista para uma conversa – serviu apenas para despistar a imprensa e os curiosos de plantão. Após palestrar, ontem, no Núcleo de Altos Temas, em São Paulo, o governador não se encontrou com o ex-presidente simplesmente porque a conversa já havia acontecido.
Três dias antes de Lula fazer a declaração, os dois estiveram juntos por mais de três horas em um hotel da capital paulista. Na ocasião, do seu jeito, o ex-presidente disse ao governador que gostaria de tê-lo, bem como seu partido, na base de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014.
Apesar de externar o desejo, o ex-presidente Lula ouviu do aliado socialista – gentilmente – que a retirada de sua movimentação não estaria sendo colocada em discussão no PSB e que qualquer definição sobre 2014 seria precipitada. Eduardo deixou claro que não seria estratégico para seu partido retirar “o bloco da rua”.
O governador quer manter a animação dos correligionários com a elaboração de um programa de governo e, principalmente, com a conquista de novos filiados, já que o prazo para mudança de partido se encerra em menos de dois meses – para que os postulantes possam disputar a eleição em 2014, a legislação eleitoral estabelece o calendário de novas filiações até 5 de outubro.
Diante do que foi dito, Lula e Eduardo combinaram, então, de voltar a conversar em um segundo encontro reservado, após o prazo de filiação partidária. Por entender que o ex-presidente é uma das peças mais importantes do xadrez eleitoral do próximo ano, o governador ressaltou a relação pessoal que mantinham como principal argumento para os próximos diálogos. Os dois seguirão “trocando sinais” até o momento de definição do jogo eleitoral.
Postulação
Assim, no último dia 14, o ex-presidente aproveitou para afagar publicamente o pernambucano, ao dizer que não vê Eduardo “em dívida” com ele e frisando que respeitará sua decisão de disputar à Presidência da República, caso se a postulação se concretize. Desfazendo o clima que mais irritou Eduardo durante a disputa eleitoral do ano passado – quando foi chamado pelo PT de Pernambuco de “traidor” –, Lula disparou: “Ele tem maioridade, tem um partido político, portanto não se trata de alguém trair alguém”. (Fonte/foto: JC Online)