O vereador governista Dr.Pérsio Antunes (PMDB) se utilizou de uma velha tática dos tucanos para comentar a possibilidade dele e do prefeito de Petrolina, Julio Lossio (PMDB), se incorporarem ao palanque da Frente Popular de Pernambuco, encabeçada pelo PSB. Explicando, sem acrescentar muito, Dr.Pérsio disse apenas que a dinâmica da política permite um leque de hipóteses. Citou, por exemplo, a questão do ex-presidente Lula (PT), que era adversário do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e do deputado Paulo Maluf (PP), e hoje são aliados.

Também lembrou o fato do próprio governador Eduardo Campos (PSB) e do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), até bem pouco tempo, terem sido desafetos declarados, e hoje caminham juntos. Sem contar que Eduardo e o ex-ministro e pré-candidato a senador, Fernando Bezerra (PSB), faziam parte da base da presidente Dilma Rousseff (PT), e hoje estão em lados opostos; ou os deputados Odacy Amorim (PT) e Adalberto Cavalcanti (PTB), que pertenciam ao grupo de FBC e Eduardo, mas hoje militam em outro campo.

“Na política nunca se pode dizer ‘dessa água não beberei’. Tudo pode acontecer, desde que de uma forma responsável, que o eleitor possa entender”, ponderou. O vereador governista sabe que o seu partido, PMDB, tem uma vaga na chapa majoritária da Frente Popular, com Raul Henry como pré-candidato a vice-governador de Paulo Câmara (PSB). Mas lembrou que o alinhamento do partido em Petrolina é com o palanque da presidente Dilma e do pré-candidato a governador Armando Monteiro Neto (PTB).

Durante sua passagem com a Frente Popular em Petrolina, na última segunda-feira, Henry manifestou publicamente o desejo de ver o prefeito reforçar o palanque da Frente Popular na cidade. Mas essa decisão, segundo Dr.Pérsio, ainda deve ser refletida e partirá do principal líder do PMDB de Petrolina, o prefeito Julio Lossio – que já está retornando da viagem que fez, em meados de fevereiro, à Europa.

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A hesitação do governista tem motivo. Após se reeleger em 2012, Lossio enfrentou um processo de cassação, movido pela Frente Popular do então candidato a prefeito Fernando Filho (PSB), que o acusou de usar eleitoralmente a máquina administrativa no pleito municipal. A decisão final ainda não foi tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prefeito responsabiliza, sobretudo, o pré-candidato a senador, FBC, e o secretário da Casa Civil, Tadeu Aguiar, pela tentativa de tirá-lo da prefeitura, garantindo que não subiria no mesmo palanque em que os dois estivessem.

Henry, contudo, garantiu em Petrolina que Lossio teria dito, no encontro nacional do PMDB em Brasília, ano passado, que se sentiria contemplado se o partido integrasse uma chapa majoritária. Como o partido no estado se uniu à Frente Popular e seu principal líder, Jarbas Vasconcelos, desistiu de sair à reeleição ao Senado, indicando Henry para a vice de Paulo Câmara, ele agora espera que Lossio minimize as questões municipais.

Dr.Pérsio rende elogios a Henry. Ele reconhece não apenas o tratamento dispensado pelo deputado federal ao prefeito, por meio de várias emendas parlamentares colocadas por ele para Petrolina, bem com o fato de ter entregue o partido nas mãos de Lossio e do seu grupo político. Na visita a Petrolina, anteontem, Henry procurou o vereador em sua residência para colocar a conversa em dia, e garantiu que não houve nenhum tipo de pressão.

Mas independente de reconhecer no pré-candidato a vice um bom aliado, Dr.Pérsio disse que só se pronunciará sobre uma possível aliança com a Frente Popular após tratar do assunto com o prefeito. De qualquer forma deu uma pista sobre o que pensa dessa hipótese. “Não vou me manifestar agora, vou esperar o prefeito. Para tomarmos uma decisão (sobre o apoio), precisamos olhar para todos os lados. Mas vejo com bons olhos essa pré-candidatura de Raul Henry, que é um companheiro de lutas que sempre esteve com a gente”, completou.