Artigo do leitor: O problema está na Matemática ou na didática?

por Carlos Britto // 08 de maio de 2014 às 19:31

Neste artigo enviado ao Blog, o leitor Antônio Damião Oliveira Silva, discorda que a Matemática seja esse ‘bicho-papão’ todo para ser compreendida. Segundo ele, que é guarda municipal de Petrolina e graduado na área, a questão-chave é a forma de como o professor transmite os ensinamentos e o interesse do aluno em aprender.

Confiram:

Matemática-300x290_300x290Desde os primórdios a matemática foi vista como o bicho-papão nas escolas, tanto nas públicas quanto na rede particular. Mas por que a matemática encontra tamanha resistência por parte dos alunos? Será que a mesma é tão complexa assim? Dados estatísticos mostram que a maioria do alunado não consegue obter grandes êxitos em tal disciplina e, em termos percentuais, os níveis de compreensão são extremamente baixos em comparação a outros países.

Ao longo dos anos a matemática recebeu duras críticas e fora mal interpretada, sendo vista como o terror dos estudantes. É fato, essa matéria escolar é odiada e amada. Pelo senso comum, é muito mais odiada, é a vilã, causando embaraços e repulsa em sala de aula. Na minha concepção essa visão negativa em torno da matemática é injusta. Há pessoas que desistem de realizar um concurso se houver inserida a mesma no edital. Eu acho que um dos problemas está na autossugestão. Ou seja, você é quem causa o bloqueio em si mesmo. Se alguém condiciona que não vai aprender nunca, seu cérebro obedecerá tal como afirmou.

Não estou usando argumento de autoajuda, e sim de uma citação bíblica no livro de provérbios que diz: “Assim como pensa, a tua alma serás”. Portanto, tenhamos cuidados com as palavras que saem da nossa boca porque têm poder, influência e força, mesmo que seja de brincadeira, sem nenhuma maldade. Tenho ainda alguns questionamentos em relação à postura do educador concernente ao tema proposto. De forma específica me dirijo ao professor que tem formação acadêmica em matemática. Uma coisa é absorver os conteúdos durante seu curso de formação; outra coisa, depois de formado, é a capacidade de transmitir tais conhecimentos com clareza, de maneira que nossos discentes compreendam.

Assim como existem pessoas que sentem dificuldades para conclusão de pensamentos, também existem professores que não têm domínio de conteúdos e didaticamente não somam muito para facilitar a compreensão. Às vezes, até complicam mais as coisas e deixam o aprendiz confuso. O objetivo aqui não é ensinar a melhor maneira de um professor repassar conteúdos, todavia levá-los a uma reflexão em sua postura quanto ao seu desafio de ministrar aulas, principalmente de matemática, embora seja válido para qualquer outra disciplina.

Essa questão da didática é muito importante, porque se não tivermos domínio dessa ferramenta, dificilmente alcançaremos atingir o objetivo em si, que é fazer com que absorvam esses ensinamentos. Uma boa aula deixa o ouvinte satisfeito, entusiasmado e com o desejo de progressão. Mas também acontece o inverso. Uma aula sem qualidade e confusa aumenta as dúvidas e a própria pessoa se torna antipática. Quase sempre a imagem do professor é avaliada conforme sua maneira de transmitir seus conceitos.

Se você tem formação em tal área, faça o melhor possível para que suas demonstrações na lousa, resgate o prazer e alegria de querer o aprender e que seus ensinamentos encontrem pessoas desejosas de ouvi-lo. Depois dessas argumentações, volto a perguntar novamente: o problema está na matemática ou na didática? Claro que o estudante tem que querer alguma coisa, esforçar-se, ter interesse e encarar o desafio de tentar compreender as resoluções dos problemas. Contudo, a maior responsabilidade fica por conta do docente de dar uma nova roupagem para a nossa matemática e fazer com que a mesma seja prazerosa e atraente.

Antônio Damião Oliveira da Silva/Guarda Municipal Graduado em Matemática

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