O grupo majoritário do PSB defende a confirmação de Marina Silva (Rede Sustentabilidade) como nome do partido ao Palácio do Planalto após a trágica morte de Eduardo Campos em um desastre aéreo ocorrido quarta-feira (13) em Santos, no litoral paulista. Os dirigentes e líderes da legenda, no entanto, querem em troca garantias da candidata a vice. Pedem por exemplo, que ela não ataque as alianças políticas estaduais costuradas pela cúpula.
Marina é contra acertos do PSB com os tucanos, por exemplo, em São Paulo e no Paraná, por considerá-los um obstáculo ao discurso da “nova política”, usado por ela e adotado por Campos. A pedido do companheiro de chapa, ela havia parado de fazer críticas públicas às alianças. Mas não vinha participando de eventos ao lado de Campos nesses Estados-problema.
O temor dos líderes é de que, com a morte do ex-governador, a ex-ministra do Meio Ambiente volte à carga contra os acordos. Só após obter as garantias da aliada – que se filiou ao PSB em outubro do ano passado após não conseguir registro da Rede Sustentabilidade na Justiça Eleitoral -, é que ela deverá ser confirmada candidata.
Na Rede – que, apesar de não ter sido registrada oficialmente, tenta se organizar como uma estrutura autônoma dentro do PSB – a promessa é de que tudo o que foi acordado antes será respeitado. “Houve muita colaboração e harmonia entre o PSB e a Rede desde outubro do ano passado. Aprovamos o que foi feito pelo PSB. Vamos manter o programa e tudo o que já foi decidido”, afirmou ontem (14) Pedro Ivo, um dos coordenadores da campanha de Marina e o responsável pelos acordos nos Estados.
O tempo é outra preocupação dos líderes do PSB. Para que qualquer acordo seja fechado, Marina tem de mostrar, antes, que está disposta a levar adiante o projeto. A ex-ministra está reclusa em seu apartamento em São Paulo. Não quer falar de política num momento trágico como esse. Pela lei eleitoral, o partido tem dez dias para definir o substituto de Campos. Os programas de TV dos candidatos, porém, começam na terça que vem. “O (prazo) legal são dez dias, e o (prazo) político nós temos que ter a consciência que o guia eleitoral (propaganda) começa no dia 19”, disse ontem o governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB).
Coalizão
Oficialmente, o PSB afirma que somente discutirá a escolha do substituto de Campos após o sepultamento do ex-governador. A ala majoritária da legenda, porém, vê na ex-ministra uma maneira de não “sumir” na campanha presidencial, o que poderia prejudicar, por exemplo, a eleição de parlamentares. “
Os outros quatro partidos que integram a coalizão formada em torno do ex-governador de Pernambuco (PHS, PRP, PPL e PSL) também defendem seu nome. O presidente do aliado PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse considerar natural que Marina assuma o lugar de Campos. Mas, para ele, fundamental é a manutenção do projeto lançado pelo ex-governador. “Quero frisar que o mais importante não são os candidatos, mas a continuidade do projeto de Eduardo Campos para o País”, disse Freire, para quem o PSB precisa ter candidato sob o risco de a eleição ser decidida no 1.º turno a favor da presidente Dilma Rousseff. (Fonte/foto: Estadão)