Cappellaro: “Vemos um sentimento de mudança no nosso povo”

por Carlos Britto // 19 de agosto de 2014 às 12:04

Cappellaro2O empresário gaúcho Vilmar Cappellaro (PPS) fará nas eleições deste ano sua segunda tentativa em busca de uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Entre a primeira candidatura, em 2010, e esta, ele também foi candidato a vice-prefeito na chapa de Odacy Amorim (PT), em 2012.

Morando há 33 anos em Petrolina, ele quer agora aliar sua experiência de produtor rural, pela qual trilhou um caminho exitoso na fruticultura irrigada – chegando a empregar cerca de 400 pessoas – em prol do desenvolvimento da região, mas com um mandato eletivo.

Confiram:

Blog – Como começou a história do empresário Cappellaro em Petrolina?

Cappellaro – É uma história construída com muito trabalho. Eu sou filho de agricultor, uma família de 13 irmãos, uma família muito humilde, nascida lá no Rio Grande Sul, família de imigrantes italianos, que vieram em busca de projetos de vida aqui no Brasil. Perdi minha mãe muito jovem, tinha quatro anos de idade, estudei num colégio agrícola. Passei seis anos no colégio, internado. Formei-me técnico agrícola em 1980, em 1981 eu vim para cá, na esperança de encontrar um emprego e de aprender.

Blog – Como iniciou sua jornada como produtor rural?

CappellaroVim para a Fazenda Milano, pioneira no desenvolvimento da fruticultura do Vale do São Francisco. E foi aqui que recebi meu primeiro salário, foi aqui que eu tive a oportunidade. Foi aqui que eu trabalhei duro durante 11 anos economizando dinheiro, fazendo parcerias na beira do rio, abrindo mãos de uma vida de festas para me dedicar a um projeto de vida. Vim de tão distante, deixando minha família, quase 4 mil km (…) eu não podia vir aqui simplesmente para passar, eu vim aqui para construir um projeto junto com as pessoas. E deu certo. Depois de 11 anos, comprei uma propriedade no Projeto Nilo Coelho e aí, não podendo trabalhar porque eu tinha que sustentar minha família, a minha esposa, como tantas pessoas fazem na agricultura, fazia sua marmita, pegava o ônibus muito cedo da manhã, e ia para o projeto para encher as latas de matéria orgânica, para colocar na cova, plantar a primeira muda de uva, conduzir essa muda, ralhar a uva, colher a uva. E foi assim que nos crescemos com as pessoas.

Blog – Hoje, empresário bem sucedido, como foi sua entrada na política?

CappellaroEu entrei na política porque dentro desses 33 anos que estou aqui (em Petrolina), as pessoas buscaram em mim uma possibilidade de a gente poder ajudar. Fui escolhido em 2004, naquele movimento das águas, quando deu aquelas enchentes, para ser o representante dos pequenos produtores. Fomos a Brasília e lutamos muito para que pudéssemos restabelecer aquele processo produtivo aqui no Vale do São Francisco.

Blog – Quais iniciativas que o senhor destaca como suas na área da fruticultura?

Cappellaro Em 2008 eu idealizei, junto com um grupo de produtores, e criamos a Câmara de Fruticultura de Petrolina, onde eu fui o primeiro presidente eleito pelo seguimento produtivo. Hoje é a instituição de maior credibilidade dentro da fruticultura, eu diria dentro do Brasil. É o que controla, quem faz a Fenagri (a Feira Internacional de Agricultura Irrigada) e que leva a produção nossa aqui do Vale do São Francisco, essa riqueza, para todo o mundo. Depois disso criei o Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Estado de Pernambuco. Trouxe a sede para Petrolina, pela importância que tem os profissionais, pela importância que tem na difusão, na divulgação das pesquisas desenvolvidas, pelos órgãos e instituições de pesquisa como Embrapa, IRPAA. Acho que é o único Sindicato hoje que tem sede no interior. Depois fui escolhido, fui eleito pelos próprios produtores como ‘Vilmar, o amigo dos fruticultores’, porque tivemos uma ação forte, efetiva, na renegociação dos débitos dos produtores.

Blog – A comunidade já está saturada de político e o senhor vem com essa nova proposta. Um empresário bem sucedido, chegou aqui, cresceu. O que o senhor vem buscar na política? é mais um para ‘se dar bem’?

Cappellaro – Nós estamos entrando na política para ajudar as pessoas. Uma, nós precisamos ter instrumento legal que nos legitime para fazer defesa. Estou fazendo hoje um trabalho de associativismo junto com as pessoas, fazendo com que a agricultura continue aquecida. Entendemos que a agricultura a seis, sete anos atrás, vem definhando, diminuindo sua a área de produção. Nós tínhamos aqui 15 mil hectares de uva plantada, hoje nós só temos em torno de 10 mil hectares. Antes nos tínhamos 34 mil hectares de manga, hoje nos temos 25 mil. Nós vemos tantos caminhões carregados de lenha para fazer carvão, fazer fogo nas padarias, ao invés de deixar nossas plantas produzirem. Então eu sempre fui convocado pela sociedade produtiva para defender nosso seguimento. O que nós precisamos é a legitimidade de um mandato, para defender as obras estruturadoras dessa região, defender um projeto para o Vale do São Francisco, para o sertão porque nós perdemos as grandes pessoas, hoje, não temos ninguém, que defenda essa obra estruturadora que se chama agricultura.

Blog – Então podemos entender que o senhor será o deputado que vai defender a bandeira da agricultura?

CappellaroNós sempre defendemos nesses 33 anos. Eu recebi a maior honraria, que foi a Medalha Senador Nilo Coelho aqui em Petrolina, por serviços prestados nesse seguimento, porque eu participei de todo o seu desenvolvimento.  As primeiras uvas, plantas, as primeiras mangas, o primeiro vinho, as primeiras uvas sem semente, as primeiras exportações, todos esses projetos eu fiz parte diretamente ou das comissões. Estou trabalhando como empreendedor para que a gente possa restabelecer esse processo produtivo.

Blog – O senhor já foi candidato a deputado, a vice-prefeito, e ainda não tinha logrado êxito. O que faz o senhor acreditar que dessa vez vai ser eleito?

CappellaroPorque as pessoas conhecem a minha história, conhecem a minha luta. A minha luta é a luta de pessoas como você, como seus funcionários que acreditam nessa possibilidade de ter seu próprio projeto de vida. Nós temos muitos sonhos. Eu com 18 anos de idade tinha sonhos e realizei. Eu vejo tanto jovem tanto pai de família, mãe de família que buscam emprego e buscam oportunidade e a gente se sente incapaz de poder ajudá-lo. A grande obra estruturadora está desaparecendo. Nós temos que reativar isso, e só se consegue com ações públicas. Temos que ter essa parceria junto com governo federal, estadual e municipal, conscientizar as pessoas da necessidade que temos. A oportunidade está aqui, nós temos a cultura de trabalhar na agricultura, isso é histórico aqui na nossa região, e nós não podemos perder o que foi construído.

Blog – Além de Petrolina qual são as cidades que o senhor tem buscado apoios?

CappellaroNós temos Petrolina, sentimos no povo o sentimento de mudança. Nós temos Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista. Temos em Cabrobó um apoio muito importante, Dinho Saraiva. Eles também veem a possibilidade de nos estendermos para Orocó, Belém do São Francisco. Nós temos em Ouricuri uma parceria com um candidato a deputado federal, Adalberto Alencar. Ele foi candidato a deputado estadual, fez mais de 3 mil votos, tem uma história de luta como a minha. Nós temos uma parceria dentro do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Estado de Pernambuco. Também temos uma parceria com o candidato a deputado federal, Inaldo. Nós temos também Ipubi, um grupo de empresários que está assumindo a coordenação do PPS. É uma nova frente que vem nascendo e eles estão fazendo um trabalho conosco. Temos ainda Trindade, Araripina, Salgueiro, e Bodocó.

Blog – O ex-ministro Raul Jungmann disse a este Blog que para o PPS era uma questão de honra o senhor ser eleito. O senhor está sentindo realmente o partido engajado nesse projeto?

Cappellaro Estamos sentindo o apoio que o partido tem me dado, todo o apoio possível. Eles acreditam na possibilidade. Pela minha fidelidade, estou no partido desde o ano 2000. As pessoas saíram do partido mas eu permaneci, é um dos partidos mais antigos que está na ativa hoje no nosso país, mais de 90 anos, entre a clandestinidade e a sua história. Mas o que é mais importante é que as pessoas me dão liberdade. É o que a gente prega: liberdade, igualdade e fraternidade.

Blog – O Senhor falou da dobradinha com o deputado federal lá em Ouricuri. O senhor está dobrando com quantos deputados federais? Por exemplo, aqui em Petrolina, o senhor dobra com Fernando Filho e Gonzaga Patriota?

CappellaroNos temos um deputado federal que é do nosso partido e que precisamos eleger, que é Raul Jungmann. Ele já tem uma história construída com trabalho, foi ministro por 5 anos, foi diretor do Ibama, foi deputado federal por dois mandatos, é uma pessoa que tem opinião forte, que defende nosso seguimento, que fez a Reforma Agrária. Fez um trabalho muito bonito dentro da nossa região, é uma pessoa que merece nossa confiança. Já ajudou com emendas parlamentares. Aquela mini-fábrica de sucos e vinhos da Embrapa, que tem uma importância fundamental para o desenvolvimento da agroindústria aqui na região. Com Gonzaga Patriota, que é da nossa coligação e que tem um trabalho prestado dentro da sociedade, com Fernando Filho, a gente tem essa parcerias porque eu entendo que na política um estadual tem suas parcerias. E se nos juntarmos, independente de qualquer partido, temos que trabalhar juntos. Então Gonzaga Patriota, Fernando Filho, Fernando Bezerra Coelho, Paulo Câmara, a gente tem um trabalho a ser feito. E agora acreditamos que seja Marina Silva a nossa candidata a presidente. Então, fazer uma parceria com esse povo porque são com essas pessoas que vamos trabalhar.

Blog – Candidato, suas considerações finais.

Cappellaro – Quero agradecer essa oportunidade, eu quero colocar para as pessoas que conheçam a minha história de vida. Que conheçam a minha história de contribuição dentro da sociedade, criando a Câmara de Fruticultura, sendo o primeiro presidente, trazendo o Sindicato dos Técnicos Agrícolas. Recebi a maior honraria, que foi a Medalha Senador Nilo Coelho, por serviços prestados. Recebi o título de ‘Amigo dos Fruticultores’ porque nós impedimos que as dívidas fossem acionadas na justiça e nossos produtores perdessem as suas propriedades. A fruticultura hoje coloca mais de R$ 2 bilhões no mercado aqui na nossa região, esse valor é compartilhado por toda a sociedade. Esse dinheiro passa na mão de todo mundo. Entendemos que temos capacidade de trazer indústrias, eu já trouxe uma indústria que é a Termotécnica, uma filial da maior empresa da América Latina de Isopor, e ela está aqui no distrito industrial gerando mais de 300 empregos diretos e indiretos. A gente tem essa facilidade de interagir com todos. Eu vejo que cada vez que plantamos uma semente, nasce uma esperança, de que mais um emprego está gerado, mais um projeto de família está sendo construído. Aproveitamos para que a agroindústria possa se estabelecer, que a gente possa exportar fruta, retirando a água, que é o grande custo, através das frutas dissecadas, mandar o fruto transformado agregando valores. Quando pudermos trabalhar com o associativismo na agricultura familiar, que a gente possa fazer com que o poder público assuma o compromisso de realmente comprar o produto dos agricultores. Eu já tenho exemplo disso na Fazenda Garibaldina, fizemos uma parceria com os próprios funcionários e daí nasceram os próprios empreendedores. A gente conseguiu também 4 milhões através do Governo do Estado para combater as moscas-das-frutas, que é uma praga e hoje que está causando grandes danos. Nós temos que ter juros zero na nossa região, somos uma das regiões das mais pobres do país. Quando saímos da região da área de produção de frutas, temos um renda per capta de mão de obra que chega a R$ 3 mil. Quando entramos na região da área de produção, vemos que a renda per capta ultrapassa a meta do Estado e chega a quase R$ 9 mil. Temos que entender que as características de nossa região, da distância dos centros consumidores, a agricultura é o que nos dá identidade. Que o Canal do Sertão saia do papel e vire realidade. Temos muitas áreas irrigadas para trabalhar. Estou maduro, com experiência, construí meu trabalho e me preparei para isso. Estou com coragem e determinação, para que a gente venha fazer uma política limpa, e que a gente possa vencer e dar nossa contribuição para toda a sociedade. É uma maneira de retribuir tudo que eu recebi aqui desse povo.

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