O pescador que casou com a mãe do mato, a serpente do rio São Francisco, o menino do olho de fogo e o homem que duvidava. Estes são os títulos de três das 16 histórias reunidas no livro ‘Contos de Sequeiro e Ribeirinhos: Mapeamento de histórias orais’, que será lançado no próximo dia 21 de setembro às 15h, no Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, em Petrolina – PE.
Parte da programação da 1ª Feira de Livros do Vale do São Francisco – que destaca a literatura infantil e visa à aquisição de livros para rede de escolas públicas -, o livro foi escrito e ilustrado por crianças do 6º ano de escolas dos distritos de Rajada e Uruás, além das localidades de Pau Ferro, Pedrinhas, Tapera e Caatinguinha (todos em Petrolina), e organizado pela jornalista e pesquisadora de cultura popular, Cristiane Amador, além da participação do artista plástico Murilo Silva, que coloriu e fez a arte final das ilustrações.
O projeto, aprovado pelo Funcultura, começou em novembro de 2013, com uma série de oficinas realizadas com as crianças. Todo o processo foi registrado em vídeo, que será integrado como encarte ao livro. “Com a parceria dos professores de língua portuguesa e artes, registramos as histórias que circulam na vida do homem ribeirinho e daquele que sobrevive na seca, através dos contos, lendas e causos da oralidade criativa e fantástica destas crianças”, adiantou Cristiane.
De pai para filho
De acordo com a organizadora, a obra articula textualidade e a tradição oral do universo cultural de Petrolina e do sertão de Pernambuco, passados de pai para filho. “Verdadeiras ou não, as histórias aqui não têm o propósito de serem, necessariamente, críveis. Engraçadas, curiosas, assombrosas, encantadas, elas dão continuidade à transmissão oral. Como disse um aluno: “Lobisomem existe. Se não existe é porque não acreditam nele”.
E no final do posfácio, Cristiane elogia o empenho dos meninos e meninas, que mapearam as lembranças de seus lugares e habitantes. “Este livro, que será distribuído gratuitamente, é o que podemos chamar de suporte da memória e cumpre a função de perpetuar o que estava guardado nas recordações e no imaginário local para gerações futuras”, concluiu a organizadora, que conquistou em 2010 o prêmio Circulação Literária da Funarte, com o projeto Vernacirculação, realizado nas comunidades de Alter do Chão (PA), Corcovado e Curaçá, na Bahia. (Fonte: CLAS Comunicação/foto: Lizandra Martins)