Artigo do leitor: “O horror esteriliza as palavras”

por Carlos Britto // 15 de dezembro de 2015 às 12:04

bratriz assassinadaQuase uma semana após o brutal assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em Petrolina, o leitor Marcos Cesário é mais um a expressar sua perplexidade pelo fato que chocou toda uma região.

Confiram:

Um dia destes uma pessoa bem intencionada me disse: “O futuro é criado por nós no presente”. Nem sempre o futuro é criado por nós. Às vezes nossas vidas são recriadas, para melhor ou para pior, pela imprevisibilidade do futuro no presente.

No dia 10 de dezembro, Lúcia Mota e Sandro Romildo estavam participando de uma festa de formatura na escola onde Sandro Romildo dava aulas de inglês, e o casal levou sua filha de 7 anos, a bela Beatriz. Numa certa altura da festa a pequena Beatriz saiu da presença dos pais.

Preocupados, os pais começaram a procurar Beatriz, e logo os outros convidados da festa se puseram a procurar a pequena Beatriz. Pouco tempo depois, horrorizados, os pais encontraram em um depósito de material esportivo da escola a filha, Beatriz, morta a golpes de faca.

A polícia ainda não tem suspeitos (as) ou respostas sobre os possíveis motivos e causas desta barbaridade.

As imagens desta crueldade com a pequena Beatriz não conseguimos conciliar em nossos corações. Por isso a maioria das pessoas, a maioria de nós, tenta, como pode, esquecer a imprevisibilidade da vida e convencer-se que nós e nossos filhos (as), nossos sobrinhos (as), que aqueles que amamos estão livres desta imprevisibilidade.

Mas, por mais angustiante que seja assumir, isto não é verdade. Todos, todos nós estamos sujeitos à imprevisibilidade do horror e da maldade.

Eu estou, aqui, faz uns dias, tentando escrever e quem sabe assim organizar, na minha consciência e na minha imaginação, o horror desta dor que os pais e os familiares estão, sabe-se lá como, carregando ou sendo carregados, arrastados, nestes angustiantes momentos.

Por mais racional que eu acredite ser, até eu, sei que o horror esteriliza quase todas as palavras.

Marcos Cesário/Leitor

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