A poetisa sertaneja Cida Pedrosa lançará o seu novo livro, ‘Claranã’, em Petrolina, nesta sexta-feira (22). O diferencial da obra (a sétima de sua carreira) é o uso da métrica inspirada em cantadores e cordelistas, ao contrário dos versos livres das publicações anteriores. O lançamento será, às 19h, na Biblioteca do Sesc, localizada na Rua Pacífico da Luz, nº 618, no Centro da cidade.
A obra marca uma nova fase na trajetória da escritora, que até então era conhecida por uma poesia de perfil urbano. O livro, nas palavras de Cida, “é uma viagem pela literatura de cordel e pelos gêneros mais tradicionais da cantoria“. Tecido devagar, de forma cuidadosa por quase cinco anos, ele traz uma coletânea de 40 poemas e faz homenagem à sua família, à sua terra e a grandes nomes da cultura popular como Ésio Rafael, Jó Patriota, Lirinha e Lourival Batista. “Eu me embrenhei pelos sons da minha ancestralidade e me reencontrei com o Sertão que nunca saiu de mim“, diz Cida.
Nascida em Bodocó, no Sertão do Araripe, a poetisa deixa claro o mergulho nas suas origens desde o título da obra, que leva o mesmo nome de uma pedra em cidade natal. “Claranã é uma palavra indígena e significa clarão, claridade. No litoral, as pessoas têm como linha do horizonte o mar. Em Bodocó, Claranã era a minha linha do horizonte. E, é isso que trago nesse livro“, explica a escritora.
Conteúdo
Mas, não é só pela forma e pelo mergulho nas origens que Claranã chama a atenção. Dividido em seis partes, o livro possui um conteúdo bastante atual e navega pelas temáticas que sempre fizeram parte do universo da autora de As Filhas de Lilith (Caliban, 2009). “A poesia popular muitas vezes é machista e preconceituosa e eu tento quebrar essas amarras abordando temas que me são caros, como o amor nas suas diversas formas“, revela Cida.
Além do erotismo, os poemas falam sobre a morte, a solidão, o nada, a fome da carne e da alma, amores, a arte, o ofício de escrever, a fé e os personagens de Deus e do diabo que tanto são falados na cultura popular. O livro tem ainda prefácio do escritor e compositor Braulio Tavares e ilustrações de Marcelo Soares. “Assim como As filhas de Lilith foi um marco, acredito que Claranã será outro divisor de águas na minha poesia“, conclui.