Petrolina apequenada: A peça publicitária necessária para se construir uma vítima

por Carlos Britto // 16 de junho de 2016 às 07:00

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Petrolina agora está repleta de outdoors com histórias de sucesso e inspiração: Obama, Joaquim Barbosa…pobres, negros, gente que venceu na vida e histórias adversas com final feliz. Histórias lindas de vencedores. Mas não é de graça, essa conta você é quem pode pagar. E caro.

A publicidade tem direcionamento e serve para promover a campanha de Ednaldo Lima à Prefeitura de Petrolina. Acharam o mote: será “o pobre, o desafortunado, o humilde” contra os poderosos. O tom já foi dado.

Os partidários de Ednaldo se aproveitaram de uma matéria postada neste Blog para começar um processo de ‘vitimização’. Em artigo escrito por esse blogueiro, foi dito que nem Lossio nem Ednaldo tinham estatura política e visão estratégica para a cadeira de prefeito. E não têm mesmo. Pensam pequeno, não enxergam a cidade de forma macro e se baseiam em ações primárias.

Para fazer Ednaldo de vítima, pegaram o artigo do blogueiro e deram visibilidade ao pré-candidato. Foi perfeito. Este blogueiro colocou os dois no mesmo patamar, mas só defenderam quem precisava aparecer. O rico e afortunado Lossio, como não vai precisar dos votos, não mereceu qualquer defesa. Fiquei pensando se o preconceito era meu ou de quem só enxergou o “pobre Ednaldo” que comparei ao rico Lossio. Os coloquei iguaizinhos. Lossio até já colocou na mídia social que a mãe lhe mandou uma foto do seu avô, e nosso prefeito gozador não perdeu tempo dizendo que o avô “parecia Ednaldo Lima”. Fiquei sem saber se chorava de vergonha ou de tristeza.

Sei tudo de pobreza. Sou da geração que sonhava com bicicleta e eu não tinha, que tinham televisão e eu não tinha, que herdava a camisa da farda da escola, que já tinha sido de três irmãos acima, que merendava na escola, que não tinha nem o famigerado kichute que todo mundo tinha.

Nunca passamos fome na casa do meu pai, mas conhecíamos toda sorte de dificuldade. Fui aluno uma vida inteira de escola pública e também precisei que o governo me desse o material escolar. Então, posar de pobre para cima deste blogueiro não cola, porque eu não conheço de ouvir dizer. Eu nasci lá.

Mas em petrolina agora é assim. Esqueceram-se de trabalhar e apelam para o sentimentalismo, enganando a boa fé das pessoas, amparados em conceitos publicitários popularescos e apelativos. Isso dá voto. Não se tem o que mostrar e se apela para o dramalhão, que cola na eleição. Qual o trabalho ao final de oito anos? Nova Semente e ‘Minha Casa, Minha Vida’ – este último um programa do governo federal e usado como programa municipal – não representam a necessidade de mais 300 mil pessoas apenas, não representam marcas de uma gestão que Petrolina merece. É muito pouco.

Continuo achando que Lossio e Ednaldo não estão à altura de Petrolina e é só uma opinião. Sem mais nada, até porque riqueza ou pobreza não diferem quando se é bem intencionado ou não, preparado ou não. O pior é constatar o silêncio da população, que se cala ante a esse apequenamento. Muitos por desinteresse, face a esta pobre política tupiniquim, outros para não perder o seu conforto. A ‘boquinha’.

No final, o constrangimento de ver a assinatura do professor Pedro Norberto em um texto pobre, que ele nem deve ter escrito, atacando alguém que ele trata com amizade e carinho nos corredores de uma faculdade, um aluno que o trata com toda deferência. Depois, um acuado vereador Elismar ler esse mesmo texto, um dia depois de me chamar de amigo e afirmar que não atacaria mais ninguém a mando de poderoso nenhum. Bastou baterem o pé para a palavra fugir e a dignidade faltar.

No fim, ofereço a Petrolina um trabalho digno, honesto e uma história honrada de amor e respeito. Eu ofereço o melhor de mim, mas cada um oferece o que tem.

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