A morte da ex-deputada Isabel Cristina marcou o fim de uma guerra de muitas batalhas. Nem acreditei que ela resistiria por tanto tempo lutando contra um câncer devastador. Mas ela era assim mesmo nasceu para lutar e não desistir e por isso venceu tanto.
Foram lutas duras, doloridas e, por vezes, penosas. Nunca ouvi Cristina se queixar de nada. Seu rosto permaneceu igual e o seu semblante da mesma forma sempre, sereno. Seu olhar era terno e tranquilo e eu gostava de falar com ela.
Se ela pronunciou tristes ais murmurou em casa, com os seus, na intimidade de sua família. Para seu povo, a gente que ela defendia com destacada altivez, se manteve forte, decidida e intransigente em defesa dos valores que acreditou.
Eu e Cristina concordamos com muita coisa em nossa convivência de repórter e política, Discordamos em diversas oportunidades também, mas nunca nos afastamos do respeito e carinho mútuo.
Vivia lhe pedindo desculpas, pois não conseguia chamá-la de vereadora, vice-prefeita ou deputada nas inúmeras entrevistas que ela me concedeu, só saia professora. “Relaxe, estou deputada, mas serei professora até morrer”, dizia soltando a gostosa gargalhada sempre jogando a cabeça para trás ao sorrir.
Uma vez escrevi nesse Blog minha admiração por sua luta quando a vi, mesmo debilitada, braço inchado, subindo em um velho caminhão através de umas cadeiras e umas caixas para discursar para o povo de uma localidade do interior. Fiquei olhando de longe e contemplando sua determinação, por isso escrevi.
Em outra oportunidade estava em uma entrega de título de cidadão lagoagrandense para o ex-deputado Ranilson Ramos e, nesse momento, militavam em campos opostos: “Eu vim para homenagear Ranilson, não é porque eu discorde dele politicamente que eu não reconheça o trabalho ou o merecimento dessa homenagem” respondeu assim minha pergunta.
Isabel Cristina foi minha professora de Física e lhe dei trabalho com meu pouco compromisso e notas invariavelmente medíocres. “Seu negócio é falar, escrever. Seu futuro está ai”, dizia quando nem eu mesmo sabia. Eu estava perdido e ela enxergava o futuro.
Um dia vamos nos reencontrar.
Prezado Britto,
Agradecemos suas doces e verdadeiras palavras sobre nossa irmã. São dias dificeis pra nós, ir na casa de mainha e não vê-la sentada à mesa no seu lugar de sempre, ainda nos causa estranheza. E ir no seu quarto então… nem todos aguentam ainda.
Fica aqui o nosso agradecimento pela cobertura amorosa que você fez desde a noticia de sua morte até o fatídico sepultamento, voce sempre muito respeitoso com ela e conosco.
Fica aqui o nosso muito obrigado.
Marcos
(irmão de Isabel Cristina)