Os estudantes da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape) pretendem dar segmento à mobilização para tentar barrar o reajuste de 10,54% que a diretoria informou que repassará para as mensalidades dos cursos. Os alunos não aceitam o reajuste e, mesmo após a autarquia divulgar uma nota justificando o acréscimo e afirmando que a decisão foi tomada juntamente com representantes estudantis, eles alegam que a convocação para a reunião foi feita às pressas, numa véspera de feriado. Além disso, os representantes estudantis dizem que “não ficou muito claro na reunião” os verdadeiros motivos para o reajuste.

“Eles, do CDA [Conselho Deliberativo Autárquico] fizeram uma apresentação, mostrando quais seriam os motivos para o reajuste. Eles colocaram como se o necessário para a faculdade fosse de 24%. Mas disseram que estavam diminuindo, e esse reajuste [de 10,54%] é muito alto. O reajuste passado foi de 6%, e eu acho que eles não deram justificativas suficientes para colocar esse reajuste agora, nem o que foi investido do reajuste passado. Essa reunião foi convocada durante o período de férias, e isso dificultou que a gente reunisse os alunos. [a reunião] Foi na véspera do São João”, disse Vitor Hugo Carvalho, presidente do Diretório Acadêmico (D.A) de Ciência da Computação.

Segundo Vitor Hugo, os representantes estudantis tentaram argumentar contra a decisão, mas não foram ouvidos. “Os presidentes dos Diretórios Acadêmicos – que são três -, juntamente com o presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes), estavam presentes na reunião e dissemos que nesse momento não seria interessante por conta da crise econômica e de cortes do Proupe, mas a faculdade não acha que isso seja fator para adiar esse reajuste ou não aplicá-lo. Mesmo assim, fomos chamados de irresponsáveis por queremos defender os direitos dos alunos”, pontuou.

Campanha

Os estudantes estão promovendo a mobilização nas redes sociais, utilizando a hastag #ReajusteNão. Depois da campanha via internet, na primeira semana de aula depois do recesso, eles pretendem reunir todos os estudantes e recolher assinaturas num abaixo-assinado para que seja encaminhado ao CDA e mostrar a rejeição dos alunos. “Se nos propusessem reajuste inflacionário, que a gente estivesse vendo que está acontecendo melhorias significativas na faculdade, seria plausível aceitarmos. Mas não estamos vendo isso. E é por isso que a gente fica sem saber os motivos do reajuste”, comentou Thiago Michel Rodrigues, presidente do D.A. do curso de Direito.

Sobre o índice baseado na inflação, citado por Thiago, a nota divulgada pela assessoria da Facape explica que, entre os índices de correção apresentados referentes ao ano de 2015 – IPCA (10,67%), INPC (11,28%) e IGP-M (10,54%) – o CDA elegeu o menor (10,54%), que se baseia no IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).

A nota da autarquia ainda diz que o reajuste é “uma reposição inflacionária prevista para o pagamento das despesas com pessoal e manutenção do custeio operacional da faculdade, além dos investimentos rotineiros e necessários para o funcionamento da instituição” e que “esse acréscimo nas mensalidades é condição básica para a garantia da reposição inflacionária dos salários dos servidores em 2017”, diz a nota.

Ameaça

O presidente do D.A. de Direito ainda afirmou que, após a volta às aulas, eles tentarão uma nova forma de fazer com que a autarquia reveja e suspensa o reajuste. Caso isso não aconteça, eles vão fazer uma paralisação. “A gente vai fazer essa mobilização e, logo em seguida, a paralisação. Os alunos estão expressando esse desejo de paralisar realmente, de fazer valer o movimento e derrubar o reajuste. A gente precisa da representatividade de todos os cursos, por isso vamos esperar a volta às aulas”, ponderou, acrescentando: “é importante frisar que a autarquia diz que o reajuste foi aprovado na presença dos representantes estudantis, mas os três Diretórios ativos e o DCE votaram contra. Isso está gravado em vídeo.”

Thiago Rodrigues fez um levantamento de preços em faculdades particulares em Pernambuco (veja aqui) e o valor das mensalidades em cursos da Facape, segundo ele, é muito superior. “A Facape, apesar de ser uma autarquia municipal e que deveria ter o auxílio do município, ainda está com valores muito acima de faculdades particulares em Pernambuco”, finalizou.