Pelo que se viu ontem (13) na Casa Plínio Amorim, durante audiência pública que discutiu a regulamentação da dupla função do motorista nos ônibus da área urbana de Petrolina, o assunto ainda promete muito pano para mangas. Houve até bate-boca entre o vereador Ronaldo Cancão (PTB), que propôs a audiência, e participantes do evento, que queriam espaço para falar no plenário.
Convidados para o debate, representantes do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Passageiros (Setranvasf), da prefeitura e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) compareceram à Casa. Já da parte do Ministério do Trabalho e do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Petrolina (Sinttrop) não enviou ninguém.
Atualmente em Petrolina já rodam 21 ônibus sem a presença da figura do cobrador, ficando a cargo do motorista exercer a função. Segundo Josicléa Rodrigues, o número ideal seria 28. Justificando que as empresas de ônibus admitem que a tarifa na cidade é cara e que 50% do arrecadado são destinados à folha de pagamento dos funcionários, Josicléa argumentou que essa foi a forma encontrada para não repassar os custos aos usuários do transporte coletivo. Ela lembrou ainda que em algumas capitais do país e em cidades de Pernambuco, a exemplo do Recife, Caruaru e Garanhuns, já adotam o novo modelo.
“Os motoristas tiveram 10% de reajuste nos salários e no final do ano a tarifa de ônibus vai ser novamente reajustada. Não achamos justo repassar para a população, e a otimização dos custos foi a forma que encontramos”, explicou.
Demissões
Mas os que veem a medida com reservas justificam um outro lado da moeda: as demissões provocadas pela dupla função do motorista nos ônibus. “Queremos manter o que já está”, disse o vereador Geraldo da Acerola (PT), autor do projeto de lei que pretende garantir a função do cobrador.
Responsável pela autorização de mudanças no sistema de transporte público da cidade, a Autarquia Municipal de Mobilidade de Petrolina (AMMPLA) também é cautelosa sobre o assunto. Segundo o diretor-presidente, Ryan Pedro, as linhas nas quais os ônibus estão operando sem a presença do cobrador foram devidamente analisadas, antes de ser aprovadas. Apesar de revelar que o Sinttrop assinou o acordo quanto ao novo modelo, Ryan argumentou que o assunto precisa ser tratado com todo o cuidado que requer. “Não podemos cometer erros, nem por excesso nem por falta de informações”, ponderou.
Desde quando o projeto de Geraldo da Acerola deu entrada na Casa, no final do primeiro semestre, mais de 10 mil assinaturas contra a extinção do cobrador já foram feitas por usuários do sistema, em vários bairros de Petrolina. Segundo Cancão, o setor jurídico do Legislativo fará um relatório sobre as discussões de ontem e encaminhará à Presidência da Casa, que enviará às comissões.
Como já disse aqui várias vezes, o poder público não pode ficar se intrometendo na administração das empresas. Se elas querem demitir por achar que os cobradores estão sendo onerosos para as finanças da empresa, que demitam! É triste ver pessoas ficarem desempegadas, mas é assim que funciona o mercado. Quem quiser a permanência dos cobradores que pague a passagem pelo preço que a empresa julgar como suficiente para cobrir o gasto com pessoal! Simples de resolver não?