Duas pessoas foram condenadas, na madrugada desta sexta-feira (28), pelo homicídio do promotor Thiago Faria Soares, e tentativa de homicídio contra a advogada Mysheva Martins e o tio dela Adautivo Martins. O julgamento começou na última segunda-feira (24) e acabou às 4h30 de hoje, quando a juíza federal Amanda Torres leu a sentença, na sede da Justiça Federal, no Jiquiá. Além dos condenados, ainda será julgado separadamente o réu José Maria Domingos Cavalcante, em 12 de dezembro. Está foragido Antônio Cavalcante Filho. O crime aconteceu em 14 de outubro de 2013. Adeíldo Ferreira dos Santos foi absolvido no mesmo julgamento.
José Maria Pedro Rosendo Barbosa, apontado como mentor do crime, foi condenado a 50 anos e 4 meses de reclusão pelos crimes de homicídio contra o promotor e tentativa de homicídio contra Mysheva e Adautivo. Como já cumpriu dois anos, terá a pena reduzida para 49 anos e 4 meses. José Marisvaldo Vitor da Silva foi condenado a 40 anos e oito meses de reclusão pelos mesmos crimes. Como já cumpriu um ano e onze meses, restam 38 anos e 11 meses. Adeíldo recebeu o alvará de soltura expedido pela juíza. Os jurados não consideraram as provas contra ele consistentes para condená-lo.
A mãe de Thiago, Maria do Carmo Faria, e o filho dela, Daniel, acompanharam o longo julgamento desde o primeiro dia. Maria do Carmo tatuou uma frase nas costas em homenagem ao filho assassinado: “Que as nossas lembranças não sejam o que ficou por viver”.
“Achei muito justo. Meu filho merecia justiça. Meu coração ainda está despedaçado porque não tenho meu filho em casa, mas é um ciclo terminado”, falou Maria do Carmo.
Emocionado, Daniel disse que a justiça precisa ser estendida para os demais acusados. “Isso é para você, meu irmão”. O advogado André Canuto, que atuou na acusação junto com os procuradores federais, era amigo de Thiago e também chorou com a família da vítima ao final do julgamento. “O sentimento maior é que fizemos justiça”.
Federalização
A apuração do crime foi federalizada a pedido dos promotores do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que estavam no caso e não concordaram com o andamento das investigações da Polícia Civil Pernambucana. “O crime de pistolagem se mantem no Nordeste brasileiro pelo silêncio das pessoas”, disse aos jurados o procurador federal Bruno Costa Magalhães durante o julgamento na noite de ontem. Magalhães chegou a considerar uma atitude solidária dos jurados condenarem os três réus pelo assassinato do promotor.
Para convencer os jurados, os procuradores federais usaram provas como a perícia em 3D feita pela Polícia Federal, que confirma a versão da noiva do promotor, Mysheva, que estava no carro no momento do assassinato, na estrada que liga Águas Belas a Itaíba. “Onde existe pistolagem, como no interior de Pernambuco e da Paraíba, e participei lá do julgamento do advogado Manoel Mattos, não temos provas diretas porque ninguém aparece para testemunhar”, ressaltou o procurador Fabrício Carrer.
Segundo denúncia do MPF, os desentendimentos entre o casal e Rosendo começaram após Mysheva adquirir em leilão 32 hectares da Fazenda Nova, em Águas Belas, onde estava incluída a casa onde vivia Rosendo com a família. Ele passou a morar no imóvel após ser chamado pelo cunhado e também inventariante no processo de divisão dos 1,8 mil hectares da terra, Carlos Ubirajara. Um dos lucros de Rosendo vinha das fontes de água. Por dia, vendia cerca de oito carros-pipa por R$ 200, cada.
Para o MPPE, não há dúvidas de que os ânimos entre a vítima e os assassinos foram acirrados em razão do “comportamento indevido” de Thiago, que usou da influência do cargo para interceder em favor da noiva na justiça. O promotor foi removido compulsoriamente de Itaíba para Jupi após se considerar suspeito para julgar 14 processos envolvendo parentes de Mysheva. Simulação realizada em 23 de dezembro de 2013 apontou que as três vítimas foram perseguidas por um carro. O homem que estava no banco de trás do veículo atirou com uma espingarda calibre 12, acertando o promotor. Mysheva saiu do carro do noivo e se protegeu em um barranco. O tio dela também saiu do carro e andou pelo acostamento. Os atiradores voltaram e o homem que estava atrás voltou a atirar contra o promotor. (fonte: Diário de PE/foto: Nando Chiapetta/reprodução)
Quanto ao Julgamento de Edilsão e do seu irmão, porque o silêncio? Nada foi divulgado? estranho a ação da mídia independente!