Neste artigo, o jornalista Machado Freire faz uma análise realista, sem jogar confetes nem atirar pedras, acerca do líder cubano Fidel Castro, que morreu no último sábado (26), aos 90 anos de idade.
Confiram:
Eu não queria falar de Fidel Castro – nem contra nem a favor do político, do ser humano e muito menos do ditador.
Acho que muita gente deles é que tem até obrigação se de explicar por que “amavam Fidel” e outros, por que “detestavam” o líder cubano.
Não me coloco em nenhuma dessas situações, mas também não fico em cima do muro. Posso até já ter votado nulo ou em branco, mas a minha posição política e ideológica, jamais foi omitida!
Com origem sertaneja, sou da época em que na minha juventude – logo na segunda adolescência, apesar das limitações que tínhamos na comunicação (era o rádio, o cinema e, aqui ou acolá, um jornalzinho) havia motivos para cada um acompanhar a mesmice do coronelismo (com tendência udenista-patriarcal), ou optar pelo lado contrário, como esquerda consciente.
Sempre aparecia uma ou outra “alma perdida” que vinha da capital e nos estimulava a fazer uma opção política. E o ápice foi a ditadura de 64, que “separou o joio do trigo”, com as consequências que a história nos reserva.
Então, por que negar ou omitir que as lideranças dos Estados Unidos, União Soviética e Cuba não nos influenciaram politicamente? Só os indiferentes (e são poucos) não provaram desse “mingau delicioso”, jamais esquecido!
Não interessa detalhar que fulano ou beltrano era assim ou assado; ligado ao imperialismo ianque ou à esquerda soviética ou cubana. Todos temos o livre arbítrio e, mesmo debaixo do cacete, haveremos de levar nossos princípios e tendências para a sepultura. Os covardes têm outra opção/convicção!
Para me situar mais ou menos neste fato – que o mundo inteiro acompanhou – elogiando ou criticando, não posso deixar de emitir a minha modesta avaliação.
Fidel Castro foi um grande líder que exerceu um papel espetacular, juntamente com Guevara, no momento em que derrubou a ditadura de Batista e passou a organizar o povo cubano. Mas se transformou em ditador sanguinário (negando suas mais importantes promessas ao povo cubano e do mundo), na medida em que passou a ter a Ilha como uma propriedade privada e a praticar todas as crueldades que tiveram origem no desgovernos dos seus principais adversários do passado.
Ninguém é dono do destino de ninguém. O ser humano não pode, em nenhuma hipótese, ser tratado como propriedade privada, seja lá de quem for.
Um país sem liberdade não pode ser comparado nem a uma pocilga.
Machado Freire/Jornalista