Em artigo intitulado ‘O mito da passividade do povo brasileiro’, o leitor do Blog, professor Thiago Jerônimo, responde ao artigo ‘Admirável povo manso’, escrito pelo advogado, Pedro Cardoso da Costa, e postado aqui no sábado, 4. Acompanhe:
A ideologia dominante cultiva a imagem do provo brasileiro como um povo “pacífico” e “ordeiro” por natureza. Trate-se de uma imagem que continua a ter forte aceitação mesmo entre as próprias classes dominadas da sociedade. É comum se ouvir, sobre situações de injustiça ou de opressão, que exigiriam uma reação contrária, comentários como: “Brasileiro é passivo mesmo”, “Brasileiro nunca reage” e outros.
Entretanto não houve nenhum período da história da sociedade brasileira em que o protesto popular não se fez presente de uma forma ou de outra. Em alguns momentos, a reação popular se fez notar pela sua radicalidade ou pela sua violência, como nos casos, entre muitos outros episódios, da Guerra de Canudos (no início do XX), ou da reação popular contra o aumento nas tarifas dos transportes coletivos na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de junho de 1987, e também mais recentemente na cidade de São Paulo.
O Estado de Pernambuco é um exemplo do espírito contestador e crítico dos movimentos por mais direitos e igualdade. Foi a primeira província a se rebelar contra a monarquia de Dom João XVI. Aqui foi cenário de grandes batalhas, vitórias, derrotas e glorias do nosso povo. Pernambuco foi protagonista de diversas revoltas: Guerra dos Mascates, A Confederação do Equador, A Revolução de 1817 (comemoramos 200 anos de Revolução no dia 6 de maio 2017).
No período da colonização portuguesa em nosso país, o índio brasileiro foi tachado de “preguiçoso” e “covarde” pelos portugueses exploradores. Contudo, esse tipo de manifestação passiva foi uma forma de rebeldia velada utilizada pelo nativo brasileiro. Mostrando assim, um sinal de inteligência e senso crítico contra seus algozes. Os anos de chumbo no Brasil, também foram marcados por várias manifestações de cunho cultural, social e político contra o governo militar instaurado em 1964.
Por fim, a História da sociedade brasileira nos revela outra face de nosso caráter. Os brasileiros não são passivos às injustiças e desmandos cometidos, principalmente pela classe burguesa irresponsável. É claro que a violência exercida pelo Estado – sempre visando à preservação dos interesses dominantes – pode sufocar ou pelo menos impedir o crescimento das manifestações populares.
Contudo, a liberdade e a glória não foram dadas ao homem, mas foi um conquista baseada em reivindicações e manifestações contra o inimigo reacionário e opressor. A liberdade possui um preço muito alto, exige dedicação, paciência e respeito ao outro. Nas palavras de Sartre : “A humanidade está condenada a ser livre”, mas nem todos querem gozar de liberdade, alguns preferem os grilhões da opressão e do desmando. Por outro lado, sempre haverá homens e mulheres prontos para defender os direitos já conquistados em outros tempos. (Foto ilustração: reprodução internet)
Professor Thiago Jerônimo
Ótimo texto, expressa bem a ideia erroneamente propagada de que somos inertes às injustiças. O movimento vem pra rua é um ótimo exemplo. Basta ao brasileiro somente mais união e direcionamento das pautas e motivos para movimentos. Muito bem, professor, Petrolina mostra que tem excelentes mestres em nossas salas de aula, isso garante o futuro do nosso querido Vale do São Francisco.
Parabéns, Professor Thiago Jerônimo pelo seu belíssimo texto. Nosso País precisa acordar desse sono induzido.
Obrigada,por esse esclarecimento,ate porque dentro de mim,sinto não ser passiva em nada em todas essas injustiça!
Mas como o colega a cima bem disse,falta união…
Se não fossemos realmente inertes a injustiças, não aceitaríamos a desigualdade e as injustiças que vivenciamos todos os dias. Nos momentos mais importantes da história do país, os brasileiros agiram de modo passivo: o fim da escravidão, a independência, a proclamação da república foram realizados somente pelos interesses da elite (qualquer um que estudou um pouco de história pode perceber isso). Falta união? Sim. Mas não nos unimos porque não procuramos. SOMOS PASSIVOS. Aos que comentaram acima e dizem concordar com o artigo, quando foi que vocês agiram aos ver uma injustiça? Qual foi a última vez que vocês foram a um protesto? Quando apoiaram um abaixo-assinado para ajudar uma causa social?
Nossa! Eu pensei a mesma coisa que você. Onde é que não somos passivos vendo tanta arbitrariedade acontecer e ninguém fazer nada. Estão todos calados. Em silencio. Concordo com tudo que você disse. É exatamente assim.
DEscupa, um texto muito pobre para explicar esse nosso comportamento de passividade. É claro que houve revoltas históricas mas elas não representam o que acontece na contemporaneidade. Nos falta um senso de união e de patriotismo não patológico. Somos um povo infantilizado que espera que as “autoridades” resolvam nossos problemas sem que tenhamos que lutar por eles. Talvez falte educação política nas escolas, consciência social…sei lá, eu ainda tento entender.
Somos massacrados todos os dias por Injustiças impostas ao povo. Nosso trabalho é injusto com salários baixíssimos, nossa segurança é péssima, nossas crianças não tem uma educação nem mediana nas escolas publicas, nosso sistema de saúde é horrível e enquanto isso nossos políticos ganham cada vez mais pra não fazer quase nada, nos obrigam a fazer oq eles querem pra nos manter na linha, saímos nas ruas com medo de ser assaltado ou morto, pessoas ainda vivem em situação de rua e passam fome em pleno 2023 entre outras coisa e nada fazemos. Se isso não é passividade, eu não sei oq é.