Com a meta de atender mensalmente pelo menos 100 irrigantes familiares que desejam liquidar suas dívidas com tarifa de água (K1) e titulação de lotes agrícolas, a 6ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (Codevasf), sediada em Juazeiro (BA), criou uma comissão específica que vai acelerar o ritmo dos trabalhos. O objetivo é atingir um universo de 700 produtores do Norte baiano até novembro podendo beneficiar mais de 10 mil produtores de projetos públicos de irrigação da Codevasf situados em todo o Vale do São Francisco, região afetada pela estiagem prolongada.
De acordo com o setor de cobrança da Superintendência, mais de 65 liquidações de débitos foram registradas até agora, e a média de desconto para pagamento integral das dívidas é de 80%. Na região de Juazeiro, a medida está beneficiando agricultores dos projetos irrigados Maniçoba, Curaçá I e II, Mandacaru, Tourão e Salitre.
“Este é o momento que o produtor sempre esperou para liquidar suas dívidas junto ao governo federal. Os descontos concedidos são muito expressivos. Fechamos parceria com todos os distritos para facilitar o acesso à informação àqueles que possuem débitos em aberto. O irrigante não pode desperdiçar essa oportunidade”, afirma o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Misael Neto.
Manoel Mercês dos Santos, produtor em um lote de sete hectares no projeto Curaçá I, procurou a Codevasf para regularizar sua situação financeira e ficou satisfeito com o valor do desconto. “Paguei as dívidas todas com mais de 70% de desconto à vista. Se nós perdermos esta oportunidade, vai ficar muito difícil quitar tudo, porque as dívidas estão muito altas”, aponta.
Já o irrigante Severino Joaquim da Silva, que possui um lote no projeto Maniçoba, procurou a Codevasf para regularizar sua situação e ratificou que “quem perder essa oportunidade vai ter dificuldade para pagar depois”.
Pagamento total
A medida do governo federal beneficia irrigantes pessoa física que optarem pela liquidação dos débitos ainda neste ano. Sem os descontos, o valor atualizado das dívidas acumuladas por produtores irrigantes de todo o Vale do São Francisco, até dezembro de 2016, na abrangência dos sete estados onde a Codevasf atua, era de R$ 172 milhões. As variáveis que determinam o percentual de desconto aplicável à dívida de cada agricultor são: valores originais das dívidas, datas de contratação dos débitos e localização dos empreendimentos de irrigação (dentro ou fora da região semiárida). Os descontos são válidos apenas para pagamento total do saldo atualizado das dívidas de titulação e de tarifa d’água. Mesmo os agricultores que participaram de processos de renegociação de suas dívidas no passado poderão obter o desconto para liquidação dos débitos.
O agricultor interessado deve solicitar formalmente à Codevasf extrato demonstrativo de débitos e informações sobre o percentual de desconto a que tem direito. De posse desses dados e da documentação necessária, o agricultor deve assinar o termo de acordo e pagar em até 30 dias a guia de recolhimento da dívida.
A data de vencimento da guia não poderá ser alterada, nem poderão ser emitidos boletos atualizados, e os pagamentos devem ocorrer exclusivamente no Banco do Brasil. Caso o pagamento não seja realizado até a data de vencimento da guia, o desconto é cancelado e a dívida retorna à situação anterior.
A Codevasf deve receber os pedidos de liquidação de dívidas com desconto até 29 de novembro, para que haja tempo hábil para análise e resposta das demandas e posterior pagamento dos débitos pelo agricultor em até 29 de dezembro – data em que todo o processo de concessão de descontos será encerrado. A área técnica da Codevasf recomenda que os irrigantes se antecipem aos prazos e procurem a Companhia no máximo até outubro. O agricultor que não quitar suas dívidas perderá a oportunidade de obter o desconto de até 95% e ainda poderá ser alvo de sanções previstas em lei: suspensão do fornecimento de água, retomada do lote, cobrança judicial e inscrição no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). (Foto: Ascom)