O poeta Carlos Alves dos Santos, 52 anos, saiu ontem (22) do Presídio de Salgueiro (PE), no Sertão Central – unidade gerida pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) – após três anos e meio cumprindo pena no regime fechado por tráfico de drogas. A obra ‘O Pensador’, lançada em agosto do ano passado, rendeu ao ex-detento o título de poeta e a chance de expor seus sentimentos e compartilhá-los com os colegas dentro da cadeia.
Carlos prepara-se agora para lançar seu segundo livro, intitulado ‘A Moldura’, só que longe do cárcere, junto dos filhos e netos. Se a primeira obra dele representou o começo de uma história, essa é o recomeço. “Aqui (a prisão) foi a minha escola do conhecimento e da criatividade, jamais do crime, pois estudei, cantei e ainda virei poeta. Saio feliz“, contou Carlos. Ele adiantou que vai abordar em sua próxima publicação o machismo na sociedade moderna.
“O que importa para a gente é o resultado final. Carlos nos dá ânimo para incentivar projetos como o de Remição pela Leitura, de canto, cursos profissionalizantes, estudo e trabalho“, explica o gerente do presídio, Francenildo Bezerra. Foi no PSAL, inclusive, que ele concluiu o Ensino Fundamental II. O ex-detento ficará sob o regime aberto vinculado ao Patronato Penitenciário de Pernambuco.
O talento do ex-reeducando não se restringe à escrita. Aos 12 anos ele iniciou sua carreira na música e aos 20 compôs seu maior sucesso, ‘Eu Vou Pedir a Lua’, emplacada na voz do cantor Hilton Vargas. O poeta tem quatro CDs gravados, nasceu no Distrito de Ibó, em Pernambuco, e é pai de três filhos. Carlos Drummond de Andrade é seu exemplo de escritor.