Dois anos após ter sido desligado sumariamente de suas atividades no Sesi de Petrolina, sob a acusação de ter supostamente permitido que um dos seus alunos do 1º Ano acessasse sites de conteúdo pornográfico em sala de aula, o professor Jean Pinheiro Moreira conseguiu na justiça reverter a situação a seu favor. “Todas as acusações que a empresa fez em relação ao meu exercício dentro de sala de aula foram anuladas”, informou ele em entrevista ao Blog.
Jean reforçou que a instituição agiu de forma arbitrária ao desligá-lo do cargo, baseando-se apenas numa foto tirada por um aluno. “Os meios legais observaram que todas as acusações não tinham nenhum fundamento, e anularam todas elas”, destacou.
Ele lembra que esse fato lhe trouxe muita dor e constrangimento, porque também lecionava também em outras instituições de ensino da cidade. “Você há de convir que meu papel, enquanto educador, perpassa por ações éticas, e que essa foge à minha função social. Consequentemente isso me gerou muita dor, constrangimento e, por muito tempo, um grande sofrimento. Mas hoje, graças a Deus, eu superei tudo isso e tenho esse retorno positivo que só reitera, de fato, meu papel nas instituições que trabalho”, frisou.
O advogado do Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE)/Seccional Petrolina, Melo Júnior, que fez a defesa de Jean, explicou que o Sesi local já ressarciu seu cliente em relação à parte material. “Na verdade houve uma demissão sem justa causa, de um professor que tinha, inclusive, estabilidade no emprego”, afirmou. Melo Júnior disse ainda que a instituição possui regras rígidas em relação ao seu funcionamento e à conduta dos seus servidores. No entanto, segundo ele, nenhuma delas foi observada nesse caso.
“No ato da suspensão do professor, foi destacado pelo documento expedido que tinha havido uma denúncia, e que essa denúncia tinha sido precedida de alguns depoimentos. Na qualidade de jurídico do Sinpro, nós solicitamos à justiça que apresentasse esses depoimentos. Mas no processo eles (Sesi) não levaram nenhum depoimento dessa natureza, o que nos levou a crer que de fato foi uma atitude pessoal e arbitrária”, argumentou. Melo Júnior deixou claro que a instituição presta um relevante serviço social para o país, mas em qualquer lugar pode haver falhas, e a justiça existe para corrigi-las.
Sinpro-PE
O advogado adiantou ainda estar analisando, junto ao Sinpro, a melhor forma de ressarcimento ao professor pelo acusação injusta que sofreu. Mostrando-se fortalecido após o episódio, Jean lamenta “a regressão” de algumas instituições no que tange ao processo educativo. “Meu papel de professor não está só em transferir conhecimentos. Está em construí-lo, e essa construção perpassa por valores éticos e humanos que inclusive aquela situação (a denúncia) me exigia. Eu busquei o diálogo, mas fui mal interpretado”, desabafou. Ele também enalteceu o papel do Sinpro-PE, que o acompanhou durante todo o processo. “O Sinpro ratifica a importância dessas organizações sindicais na vida da categoria. Eu pude ver o sindicato para além daquilo que nos apresenta”, concluiu. A reportagem do Blog vai tentar um contato com o Sesi sobre essa decisão.