Pesquisa busca enriquecer caatinga com umbuzeiros

por Carlos Britto // 13 de março de 2010 às 10:43

umbuzeiroNos sertões do Nordeste praticamente não existem plantas novas de umbuzeiro na caatinga. As adultas, em densidades que variam de 3 a 9 plantas por hectare, são encontradas em quantidades cada vez menores. Na Embrapa Semiárido, Petrolina, ações de pesquisa e de desenvolvimento buscam reverter o declínio da população de plantas dessa espécie na vegetação nativa.

Uma delas é o projeto “Enriquecimento da caatinga com umbuzeiro gigante”, financiado com recursos do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (PAC Embrapa), e que prevê a implantação de 5 mil mudas de umbuzeiro em propriedades de agricultores familiares de municípios da Bahia (Juazeiro, Curaçá, Uauá e Canudos) e de Pernambuco (Petrolina, Afrânio, Dormentes, Ouricuri e Lagoa Grande). Atualmente, 70% das mudas já foram plantadas.

O engenheiro agrônomo Francisco Pinheiro de Araújo, da Embrapa Semiárido, explica que, nas áreas de execução do projeto, a densidade de pés de umbu chegará a 50 plantas por hectare, de clones enxertados e selecionados para fruto com peso (80-100 g) quatro vezes maior que o padrão coletado nas plantas de ocorrência espontânea na caatinga (18-20 g).

De acordo com Pinheiro, as mudas são cultivadas em trilhas abertas no meio da vegetação nativa. A área precisa estar protegida a fim de impedir a circulação de bichos como os caprinos e os ovinos. O sabor das folhas e galhos dos pés ainda tenros de umbuzeiros atrai o apetite desses animais que os consome com um apetite devorador ainda nos estágios iniciais de crescimento e impede que a planta cresça e se desenvolva.

Fruticultura de sequeiro – Segundo o técnico da Embrapa, a escolha dessa espécie para reflorestar a caatinga tem o nítido interesse de preservar uma planta que o escritor Euclides da Cunha considerava a “árvore sagrada do sertão”. As ações do projeto coordenado por Francisco Pinheiro avaliam a melhor forma de implantar as mudas e de estimular nos agricultores e comunidades o cultivo como forma de reverter a devastação dessa fruteira nativa em muitos locais do sertão.

Os benefícios para os agricultores e suas comunidades, porém, não são apenas ambientais. Ao submeter o projeto para o edital de Transferência de Tecnologia do PAC Embrapa, Pinheiro tem em mente preparar os agricultores familiares para os novos negócios que começam a se organizar em torno da cultura do umbuzeiro.

Poupança verde – As mudas distribuídas pelo projeto “Enriquecimento da caatinga com umbuzeiro gigante” não irão produzir imediatamente. Em geral, na maneira como ocorrem espontaneamente na natureza, o pé de umbu leva de 15 a 20 anos para dar início à produção de frutos.

Em testes experimentais conduzidos na Embrapa Semiárido para avaliar o cultivo da espécie em bases comerciais a partir de mudas enxertadas, com a área desmatada, os pés começam a produzir frutos a partir do quinto ano de plantio.

Na proposta financiada pelo Programa, Pinheiro, de comum acordo com agricultores e ongs que participam do projeto, está pondo em execução uma solução intermediária: o plantio de mudas enxertadas no meio da vegetação nativa, em pequenas trilhas que simulam as veredas feitas pelos animais ao percorrerem a caatinga para se alimentar dos frutos.

Para o técnico da Embrapa, reflorestar a caatinga com umbuzeiro é como se o agricultor investisse numa espécie de poupança verde. Um pé de umbuzeiro produz, em média, de 80 kg a 300 kg de frutos por safra. No hectare instalado pelo projeto, com 50 plantas, o agricultor poderá, no mínimo, colher cerca de 4 toneladas. Uma quantidade dessa vendida hoje, mesmo in natura, gera uma renda considerável para os agricultores familiares.

A perspectiva, porém, é de uma renda ainda maior. O mercado para o fruto do umbu está crescendo e ficando diversificado. No sertão da Bahia, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) articula uma rede de pequenas fábricas de processamento de frutos de umbu e já exporta doce cremoso e geleia de umbu, dentre outros produtos, para a França, Áustria e Itália.

Pesquisa busca enriquecer caatinga com umbuzeiros

  1. ALBERTO LEITE disse:

    É muito interessante esse projeto, vai fazer do agricultor familiar no Semi-árido Nordestino, um fruticultor bem sucedido e aumentando sua renda, melhorando a qualidade de vida de sua família e se tornando um potencial cosumidor emergente.

  2. Antonio R Lima / Sento-sé Bahia disse:

    É de extrema importância o conhecimento científico do umbuzeiro, seu cultivo e forma de enxerto para melhor produção. O umbuzeiro, é uma árvore nativa, que resiste as secas e os intempéries da natureza; em suas raízes, acumulam grande quantidades de água, Lampião o Rei do Cangaço, adorava a época dos umbus, para saciar a sede dos cangaceiros com a água extraída se suas raízes, além é claro de também matar fome dos seus companheiros. Nas épocas das grandes secas a mulheres faziam doce de suas raízes, que já são por natureza adocicada e comestível nas primeiras chuvas. As frutas de chique chique, mandacaru, quixaba e outras frutas silvestres são refrigério do nordestino,nas épocas das grandes secas, quando os alinhamentos eram transportados em lombo de animais. É a nossa contribuição… Fui…

  3. Izidoro Simoes disse:

    Importante… O sertao nordestino precisa ser mais estudado,,, Acontribuição da ciencia e imprescindivel pra melhoria e sustentabilidade da regiao e todo seus povos. A caatinga necessita mai s de compreensao e respeito do que injeção alienada de recursos como já ocorreu,enchendo os cofres das siderurgicas que produzem arames para cercas desnecessárias… Estudar é o caminho… Estudar o embu, a quixaba, o icó e as outras frutas caatingueiras …Criar animais nativos-melhorados…Usar a ciencia para ajudar a natureza. Difundir os estudos, o melhoramento do embu por exemplo – pra caatinga toda!

  4. Rocha disse:

    Boa noite, tenho interesse em comércializar os produtos de alijmentos, extraido do UMBÚ; Para comercializar em Fortaleza – CE. Acompanhei a reportagem do globo rural exibido no domingo dia 02 do corrente mês. Embora conheça o fruto porque sou baiano de Cruz das Almas. Gostaria que me enviasse via e-mail sobre preços e condições de comercializar os produtos derivados do UMBÚ.

    Para informações: Cel. (85) 8798 1845 e 9658 8718

    Aguardo retorno urgente.

  5. vagner rodrigues disse:

    sobre ico planta da caatinga suas caracteristica

  6. Carlos Paiva disse:

    Gostaria de conseguir mudas para plantio numa área de Pilão Arcado. Como posso conseguir ?

  7. Carlos Paiva disse:

    Se cada agricultor fizesse sua parte, acredito que em pouco tempo a realidade seria outra.

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