MPF recomenda à UFPE e ao IFPE adotarem disciplina Educação para as Relações Étnico-raciais

por Carlos Britto // 20 de julho de 2020 às 19:57

(Foto: Reprodução)

O Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF-PE) recomendou à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) adotarem medidas que permitam a criação da disciplina Educação para as Relações Étnico-raciais nos cursos de licenciatura. O documento prevê também o estabelecimento de mecanismos de acompanhamento e avaliação do impacto dessas políticas no âmbito de suas respectivas competências. O caso é de responsabilidade da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Estado, a cargo da procuradora da República Carolina de Gusmão Furtado.

De acordo com a recomendação, o Estatuto de Igualdade Racial prevê a incorporação de temas que incluam valores relacionados à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores. A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados também foi contemplada nas alterações trazidas pelas Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/.2008 à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.

Tais conteúdos devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. Porém, o MPF argumenta que essas leis têm baixo grau de implementação no ensino fundamental e médio, já que a formação inicial e continuada dos professores depende do cumprimento, por parte das diferentes instituições educacionais, das respectivas responsabilidades compartilhadas pela legislação pertinente.

Conforme consta na recomendação, “já se passaram 17 anos da entrada em vigor da Lei nº 10.639/2003 e aproximadamente doze anos da Lei nº 11.645/2008 e, apesar da grande mobilização de educadores, conselhos de educação, universidades, gestores públicos, movimentos sociais negros, intelectuais e militantes da causa antirracista em todas as instâncias, ainda não foi possível institucionalizar sua implementação.”

Ao expedir o documento, o MPF busca, ainda, a aplicação efetiva do Plano Nacional de Educação, segundo o qual é preciso garantir nos currículos escolares os conteúdos sobre a história e as culturas afro-brasileira e indígenas, bem como a implementação de ações educacionais e a oferta de programa para a formação inicial e continuada de profissionais da educação.

Combate à discriminação 

A atuação do MPF foi motivada pela necessidade de combater a discriminação racial e promover a efetiva igualdade de todas as pessoas, além de assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos. Com a expedição da recomendação, o MPF busca a cooperação de esforços para a redução do racismo estrutural e institucional no Brasil e a obtenção de avanços na implementação da Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008. Documentos similares foram emitidos pelo MPF em outros estados, em uma ação coordenada nacional do órgão, a partir de iniciativa da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. A UFPE e o IFPE têm prazo de 30 dias após o retorno das atividades plenas das instituições para que respondam se acatarão ou não a recomendação do MPF, demonstrando a adoção de medidas administrativas.

MPF recomenda à UFPE e ao IFPE adotarem disciplina Educação para as Relações Étnico-raciais

  1. Ângela Duarte disse:

    Menos MPF. Menos!
    A sua arrogância lhe descredibiliza. Fale com a classe para uma recomendação dessa.
    Uma disciplina? Recomendar que se inclua o conteúdo e uma determinada carga horária já é bem suficiente.

  2. Dantor disse:

    É ma decisão acertada do MPF, pois somente em uma disciplina com profissionais docentes devidamente preparados para a contextualização da temática com os estudantes que a relação ensino-aprendizagem se concretiza. Não basta haver a recomendação de um conteúdo ou de algumas horas para discuti-lo achando-se que são suficientes para o ensino de algo que insere como extremamente necessário em meio à realidade política e sócio cultural do país. Ângela, é preciso reconhecer que a inclusão de “conteúdo e uma determinada carga horária” não garante efetividade na tratativa do estudo das relações étnico-raciais.

  3. Dantor disse:

    É uma decisão acertada*

    Não vejo arrogância aí não, Ângela. Vejo sensatez!

  4. Jonas disse:

    E ainda dizem que não há doutrinação nas escolas e universidades! Alguém tem alguma dúvida de que essas disciplinas serão instrumentalizadas por ideologias de esquerda pseudo libertárias? As instituições politico-administrativas e até as judiciais estão mergulhadas em um ativismo militante, impondo modo e forma de pensar a todos nós; perseguindo, implacavelmente, todo aquele que ouse pensar diferente, ou que seja contrário ao pensamento “hegemônico” imposto.

  5. Defensor da liberdade disse:

    Ué, o MEC está nas mãos de quem agora? Vá cobrar de Bolsobosta, você não o elegeu?

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