O clima esquentou na sessão plenária desta terça-feira (25) na Câmara Municipal de Petrolina e deixou os líderes comunitários da cidade no ‘olho do furacão’. O motivo tem relação com o projeto de lei 2016/21 de autoria do Capitão Alencar (Patriota), propondo a criação de um Cadastro Municipal das Associações Comunitárias ou de Moradores de bairros, setores, loteamentos, vilas e núcleos habitacionais.
O autor já havia aceitado que a matéria fosse retirada da pauta, na última quinta (20), diante da polêmica que se criou em torno do assunto. Tanto que nem entrou na pauta desta terça. Mas continuou motivando duros comentários da parte de lideranças comunitárias contra o vereador, por meio do WhatsApp.
Por sua vez Capitão Alencar rebateu, no mesmo tom, alguns líderes comunitários de Petrolina. O vereador fez um discurso da tribuna, visivelmente aborrecido com os “desinformados” de plantão.
Segundo Alencar, em nenhum momento o projeto propõe uma censura às associações. “Ao contrário. O projeto vem apenas fortalecer e trazer informações à prefeitura municipal, a este Poder Legislativo e a toda a sociedade petrolinense que tenha interesse em saber, por exemplo, quem é o presidente da Areia Branca, do Dom Avelar, do (Residencial) Vivendas”, argumentou. O vereador reforçou que a ideia é levantar todos os detalhes sobre a composição dessas entidades, inclusive do CNPJ de cada uma delas, mas apenas para quem quiser se cadastrar. “Quem não quiser, não tem problema algum”, assegurou.
Indignado, Alencar tachou os críticos de “analfabetos políticos”, por desconhecerem ou não saberem interpretar a lei. Ele frisou que passa longe a ideia, como alguns acreditam, de que o projeto interfira nas associações. O vereador disse ainda que já ajudou a regularizar gratuitamente, “sem moeda de trocas”, ao contrário de certos líderes, que chegam a cobrar R$ 3 mil para realizar uma eleição de bairro, e outros que sequer sabem fazer um edital de convocação das chapas para criar uma associação.
“Vão estudar, peçam assistência jurídica pra não ficarem falando merda nas redes sociais”, alfinetou, acrescentando que seu projeto não é inconstitucional porque outras câmaras municipais do país aprovaram matéria semelhante. Alencar adiantou ainda que já está analisando com o jurídico uma forma de identificar o autor (ou autores) da propagação de tais notícias inverídicas. O vereador não citou nomes, mas fez questão de enaltecer os líderes que de fato trabalham por suas comunidades.
Defesa
Antes de Alencar, alguns representantes da Casa Plínio Amorim – a exemplo de Maria Elena (UB), Júnior Gás, Wenderson ‘Pé de Galo’ (UB) e Ruy Wanderley (PSC) – já haviam saído em defesa do Legislativo contra as críticas dos líderes comunitários.
Ao encerrar a sessão, o presidente da Mesa Diretora, Aero Cruz (MDB), disse ter muito respeito pelo trabalho dos presidentes de associações, mas esse respeito deve vir também da parte deles, pois não aceitará que denigram os vereadores. Ele informou também ter sido solicitado por um grupo de líderes, através da Central Única de Bairros (Cubape), para uma reunião na Casa. “Estou à disposição de receber a todos, desde que venham com respeito”, completou.
Líderes comunitários. A maioria são cabos eleitorais, recebem dinheiro e são de pouca utilidade, principalmente na era digital. A maioria também preparam o ambiente para serem candidatos a vereadores. Quanto ao capitão, é um vereador fraco, que inventa projetos irrelevantes, de nenhuma utilidade. No mais, não precisa o vereador ameaçar com o tal jurídico. A irresignação é um direito de expressão da população.