Parte da oposição no Senado acena para aprovação da Reforma Tributária

por Carlos Britto // 10 de julho de 2023 às 09:00

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

A fissura na direita provocada pela discussão da Reforma Tributária na Câmara caminha para se repetir no Senado, onde ex-integrantes do governo Bolsonaro acenam com apoio à proposta, que tem grandes chances de ser aprovada. Nomes como o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o ex-líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), ressaltam a importância da medida, embora defendam mudanças no texto formulado pelos deputados.

A oposição ao tema na Casa deve ficar restrita à ala mais radical do bolsonarismo, como a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-secretário Jorge Seif (PL-SC), que já anteciparam o voto contrário, em linha com o que prega o ex-presidente.

Líder da oposição no Senado, Marinho afirma ser equivocado afirmar que o PL, seu partido, é contra a reforma e atribui a divergência na Câmara à falta de tempo para discutir o texto final da proposta, debatida há décadas no Congresso. Apesar da orientação contrária, 20 dos 99 deputados da legenda votaram a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

O PL nunca foi contra uma Reforma Tributária, inclusive, apresentou os primeiros projetos que serviram de gênesis para que essa reforma fosse votada”, afirmou o senador, que fica em cima do muro quando questionado se votará contra ou a favor da medida no Senado: “A princípio eu preciso ler. O projeto foi apresentado na Câmara com uma série de mudanças feitas de última hora e, até onde eu saiba, nenhuma das alterações o governo estudou o impacto”.

Discórdia

Na quinta-feira (6), porém, Jair Bolsonaro conclamou “todos aqueles que se elegeram” com suas bandeiras a votarem contra a “Reforma Tributária do Lula”, e constrangeu outro ex-ministro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante reunião com parlamentares do PL em Brasília. Ao microfone, disse que faltava “experiência política” ao aliado e interrompeu seu discurso para defender a rejeição da PEC na Câmara. Na ocasião, o governador tentava se explicar após ter se declarado a favor de 95% da proposta em uma entrevista ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o que irritou bolsonaristas.

O líder do PL no Senado, Carlos Portinho, contudo, evita dizer se o partido seguirá a posição de Bolsonaro, presidente de honra da legenda, e disse já ter encomendado estudos para subsidiar a bancada nas discussões. “Ninguém é contra a Reforma Tributária. Discutimos muito lá atrás, no governo passado. O que falta mesmo é todos os setores que estão envolvidos, que é a sociedade civil, entender qual é o impacto dessa proposta”, afirmou ele. (Fonte: O Globo)

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