Após 3 anos, Copom reduz taxa de juros em 0,5 ponto

por Carlos Britto // 03 de agosto de 2023 às 07:20

Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Apontado pela equipe econômica e pelo Planalto como o “grande vilão” da economia neste ano devido à manutenção dos juros altos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu finalmente iniciar o processo de redução da taxa Selic, com um corte mais agressivo, de 0,50 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25% ao ano.

O movimento, tão aguardado pelo governo – que hoje intensificou a pressão pela queda de juros –, por empresários e, mais recentemente pelo mercado financeiro, ocorreu em uma decisão dividida, como já era esperado, na estreia de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino no comitê. A decisão do Copom não era dividida desde setembro do ano passado.

“Emissários” de Luiz Inácio Lula da Silva, os novos diretores do BC votaram por uma queda de juros mais significativa, de 0,50 ponto porcentual, juntamente com o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram pelo corte em 0,25 ponto os diretores Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.

A redução ocorre exatamente 12 meses depois de o BC elevar a taxa Selic pela última vez para combater uma inflação até então bastante persistente. Desde então, os juros básicos estavam parados em 13,75% ao ano. De lá para cá, a inflação acumulada em 12 meses cedeu de 10,07% para 3,16% – abaixo do centro da meta deste ano (3,25%).

O início do ciclo de afrouxamento monetário ainda acontece três anos após o último corte de juros no Brasil. Também em agosto de 2020, a autoridade monetária definiu a queda para Selic a 2,0%, mínima histórica, no contexto da pandemia de covid-19.

Ao justificar a decisão de hoje, o BC entendeu que ela “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”, diz o comunicado.

Mais cortes

O comitê sinalizou que pretende continuar o processo de corte da taxa Selic nos próximos meses, iniciado hoje, com o mesmo ritmo de 0,50 ponto porcentual. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o Copom no comunicado.

Mesmo com primeira redução na Selic, o Brasil permanece no posto de “campeão” de juros reais –descontada a inflação – (7,54%) do mundo, considerando o levantamento do site MoneyYou com 40 economias – o que não tem “nenhuma explicação” na opinião do presidente Lula. (Fonte: Estadão)

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