Um dos representantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) presentes à reunião de ontem (12), no Campus Sede em Petrolina, com uma comissão de pais e estudantes, o pró-reitor de Ensino Marcelo Ribeiro conversou com o Blog sobre a polêmica em torno da redução de vagas em alguns cursos para 2024. Segundo ele, toda essa celeuma começou a partir do descompasso do calendário acadêmico.
Na prática, isso significa um atraso do ano letivo na instituição em relação a outras universidades. Para se ter uma ideia, o ano está quase no fim, mas só agora a Univasf está encerrando o calendário 2023.1, e em fevereiro de 2024 iniciará o calendário 2023.2 – quando este é que deveria ser concluído agora.
“Isso estava trazendo prejuízos de várias ordens. Por exemplo, o aluno que passava na Univasf no segundo semestre tinha que esperar nove meses para entrar. Isso estava gerando evasão. Além disso a questão das férias que não coincidiam com as da educação básica. Os professores também ficaram atribulados porque muitos têm atividades da pós-graduação e não conseguiam ter férias, porque quando aconteciam as férias da graduação, eles tinham atividades da pós-graduação. Além disso, a própria produção de dados, dos índices, não estávamos conseguindo”, frisou.
O pró-reitor de Ensino lembrou ainda que a regularização do calendário, que ficou descompassado durante a pandemia de Covid-19 e por conta da criação de um calendário extra, era uma das principais demandas do atual reitor, Télio Nobre Leite, e da vice-reitora Lúcia Marisy. Eles foram empossados no início deste ano.
Demanda
Para dar resposta ao apelo da comunidade no intuito de atender a demanda, foi criado um Grupo de Trabalho (GT) e até uma live foi realizada com representantes das universidades Federal de Campina Grande (UFCG) e Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A primeira havia adotado o regime de 85 dias letivos, enquanto a segunda optou pelo cancelamento do semestre. “A gente queria entender essas duas experiências e qual delas poderia ser a melhor pra gente”, ponderou.
A partir de todas essas etapas, o GT elaborou um relatório e apontou como melhor opção para a Univasf a implementação dos 85 dias. No entanto, o Conselho Universitário (Conuni) pensou diferente a aprovou o cancelamento de uma das entradas (a do primeiro semestre) para 2024. Ribeiro fez questão de ressaltar que a discussão já vinha sendo travada bem antes, e com todos os setores da Univasf (no final de setembro e início de outubro). “Pra uma decisão ser tomada no Conselho Universitário, ela é antes debatida e decidida no âmbito dos colegiados e das categorias (professores e técnicos)”, pontuou.
Reunião
O representante da Univasf viu como positiva a reunião de ontem, com os pais, estudantes e integrantes da APLB/Sindicato, e destacou que as reivindicações “são legítimas”. No encontro, uma comissão formada se reuniu com a reitora em exercício, Lúcia Marisy, foram repassadas informações sobre o calendário e a decisão tomada pelo Conuni – a qual a Reitoria não tem o poder de intervir. As críticas se devem ao fato de que, com o cancelamento do primeiro semestre, o número de vagas oferecidas pela Univasf em 2024, para alguns cursos – entre eles Medicina, Enfermagem e engenharias – será reduzido.
As expectativas, agora, se voltam para uma nova reunião do Conuni nesta sexta-feira (15), que será transmitida pelo canal da TV Caatinga no YouTube, a partir das 14h. Já ficou certa a participação de um pai e de um estudante, os quais deverão comentar sobre o manifesto entregue ontem. Ribeiro admite uma certa dificuldade em o Conuni reavaliar a decisão, pelos menos agora, mas frisou que os encaminhamentos a serem apresentados certamente serão analisados pelo Conselho num momento oportuno.