Homenagem a patriarca sertanejo rende controvérsia na Casa Plínio Amorim

por Antonio Carlos Miranda // 17 de maio de 2024 às 14:28

Foto: Nilzete Brito/Ascom CMP

Uma polêmica (até certo ponto inesperada) chamou atenção ontem (16) na sessão plenária da Câmara Municipal de Petrolina. O motivo foi a retirada de pauta do Projeto de Lei 038/24, de autoria dos vereadores Rodrigo Araújo (PDT) e Manoel da Acosap (UB).

A proposta sugeria dar o nome do patriarca sertanejo Valério Coelho Rodrigues ao Parque do Povo, que está sendo construído pela prefeitura próximo aos bairros Antonio Cassimiro, Vila Eulália e José e Maria, na zona norte da cidade. Para quem não conhece a história, Valério chegou à região trazido de Portugal pelas mãos dos padres jesuítas.

De origem humilde, ficou órfão de pai aos 7 anos de idade e, quando adulto, trabalhou por vários anos como vaqueiro. Muitos dos seus descendentes ajudaram a povoar cidades como Petrolina, Afrânio, Ouricuri, Araripina, Santa Cruz, Santa Filomena e Dormentes, além de localidades como Caboclo (Afrânio) e Rajada (Petrolina) e de outros Estados como o Piauí.

Mesmo assim, o líder da bancada de oposição, vereador Professor Gilmar Santos (PT) solicitou aos autores da homenagem que protelassem a votação da matéria, sugerindo que a população petrolinense – sobretudo a da área beneficiada pelo equipamento público – fosse consultada antes.

Justificativa

Contrariado, mas sem se exaltar, Manoel da Acosap (um dos autores) ressaltou a relevância de Valério, destacando que 70% do povo dos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí descendem de Valério. “Inclusive eu, que sou da sétima geração. Dos prefeitos que passaram por Petrolina, mais de 16 são descendentes dele, inclusive o primeiro prefeito, Manoel Francisco de Souza Júnior. A família Coelho toda, um presidente da República (José Sarney), governadores, oito ministros do STF, todos descendem de Valério”, justificou. Manoel afirmou ainda que essa seria uma justa homenagem, já que o patriarca até hoje não foi lembrado em Petrolina, mas frisou ter concordado em retirar o projeto, juntamente com Rodrigo, porque o governo municipal ainda vai fazer alguns ajustes.

Professor Gilmar fez questão de demonstrar seu respeito pela história de Valério e disse não ter nada contra a homenagem, mas deixou claro que está pedindo apenas uma consulta popular, para que a Casa cumpra com seu papel democrático. “Se o povo disser que quer Valério Coelho no Parque do Povo, perfeito. Mas se o povo indicar outro nome, acho razoável e justo, e a gente cumpre nosso papel acatando o que o povo sugerir”, frisou. Gilmar completou afirmando que Valério e seus descendentes já são bastante homenageados, e essa seria a hora para que outras pessoas também pudessem receber o mesmo reconhecimento.

Homenagem a patriarca sertanejo rende controvérsia na Casa Plínio Amorim

  1. Sempre Juazeiro disse:

    Srs leitores. Sou filho de Juazeiro, acompanho quando em condições, acontecimentos afim,ao postado em matéria. Já participei ativamente de todos os movimentos políticos, e, no meu humilde entender, não necessariamente, todos os trâmites pra votação, deve ser consultado a população, até pelo fato, da Casas Legislativas, todos os níveis, já serem os representantes, onde a população através do voto Democrático, ofertou a cada, o poder de representação. O político partidário, quando não possuídor da força do argumento, sempre utiliza no argumento a força, faz um aceno, mas, na realidade, não é capaz de ser humilde necessário para votar no que é benéfico pra população. Vive discurso vazios, que não faz diferença e, vive de narrativas, ser prático e fazer acontecer, tá bem distante. Sou mais, Cristina Costa, como representante do povo.

  2. Jose florencio coelho filho disse:

    Valério Coelho chegou ao Brasil ainda muito jovem em companhia de jesuítas vindo de Portugal, onde nasceu. Desbravou parte de terras do Piauí e Pernambuco deixando uma numerosa descendência. Teve com Domiciana Vieira de Carvalho, sua esposa, 16 filhos. Prestou serviços, à época nesse sertão do Piauí, e de Pernambuco sendo proprietário de fazendas onde criava gado. Ligado aos jesuitas construi uma capela em Paulistana, hoje a paróquia, aonde ele e sua esposa encontram-se enterrados. Fonte: livros de Abimael Carvalho e José Teles. O poder legislativo, com seus representantes eleitos legitimamente, tem o direito de homenagear pessoas com serviços prestados sem necessariamente ter de fazer consulta pública. Até mesmo porque quem nasceu a mais de 300 anos, traz dificuldade para os de hoje avaliar.

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