A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) retomará esta semana a votação sobre a possível eliminação das bulas impressas em amostras grátis e medicamentos hospitalares. A discussão, que foi retirada da pauta em junho, envolve substituir as tradicionais bulas de papel por versões digitais acessíveis via QR Code nas embalagens.
A proposta de digitalização das bulas, apoiada pela indústria farmacêutica, visa a facilitar a atualização de informações e incluir conteúdos multimídia. No entanto, enfrenta resistência de entidades como o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que argumenta que grande parte da população, especialmente os mais pobres e idosos, pode ter dificuldades em acessar as informações online.
A consulta pública realizada pela Anvisa recebeu contribuições diversas, mas o Idec critica que muitas sugestões da sociedade civil não foram incorporadas no texto final, que favorece as demandas da indústria farmacêutica. A pesquisadora Marina Magalhães do Idec destaca a falta de análises de impacto regulatório e evidências sobre o acesso à internet como pontos críticos na condução do processo.
Por outro lado, a indústria farmacêutica – representada por Nelson Mussolini do Sindusfarma – defende que a digitalização trará benefícios como a economia de papel e a modernização do acesso à informação. Ele cita o uso massivo de tecnologias como Pix e redes sociais como evidência de que a população está preparada para essa mudança. A decisão da Anvisa pode marcar o início de uma transição gradual para a digitalização completa das bulas em medicamentos, com uma possível fase intermediária onde apenas informações essenciais seriam impressas. A votação está agendada para quarta-feira (10) e promete ser um passo importante na modernização do acesso a informações sobre medicamentos no Brasil. (Fonte: Metrópoles)