O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem (16) o documento resultante das deliberações do G20 Social, um processo de construção participativa que envolveu movimentos sociais, organizações da sociedade civil e grupos de engajamento durante todo o ano. O encontro foi um marco histórico, pois pela primeira vez a sociedade civil teve um papel central na formulação de propostas que serão apresentadas aos líderes do G20.
O documento entregue ao presidente Lula aborda três eixos temáticos essenciais para o futuro das políticas globais: combate à fome, à pobreza e à desigualdade; sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa; e a reforma da governança global.
Esses temas foram discutidos em um processo coletivo que envolveu organizações de diversas partes do mundo, incluindo movimentos sociais, comunidades tradicionais, povos indígenas, agricultores familiares e representantes de outros grupos que defendem a justiça social, a soberania alimentar e a proteção ambiental.
Agricultura familiar
A agricultura familiar está presente nos pontos centrais do documento, especialmente no combate à fome e às emergências climáticas. A agricultura familiar, agroecológica e baseada no conhecimento tradicional foi destacada como essencial para garantir a soberania alimentar e a sustentabilidade ambiental. O documento produzido pelos representantes do setor afirma que a agricultura familiar, camponesa, os povos indígenas e a agricultura agroecológica de base comunitária são a espinha dorsal da soberania alimentar, da biodiversidade e da sustentabilidade ambiental.
A proposta é que esse grupo, responsável por mais de 80% da produção mundial de alimentos, desempenhe um papel central na construção de um sistema alimentar mais justo e sustentável. O documento destaca a necessidade urgente de uma mudança no sistema alimentar global e na estrutura de produção capitalista, além do reconhecimento e implementação dos direitos humanos por parte dos governos.