Coluna da Folha: O segundo turno no Sertão

por Carlos Britto // 12 de dezembro de 2024 às 07:00

Foto: TRE-PE/divulgação

Na cidade de Tupanatinga, Agreste Meridional, a eleição de outubro parece longe de acabar. Assim como em Sertânia, Arcoverde, Venturosa e Pedra, o que deveria ser apenas uma formalidade eleitoral, o segundo turno, tomou um rumo inesperado, transferindo a disputa para os tribunais eleitorais.

Agora, o palco não é mais a praça central nem as ruas movimentadas da cidade, mas sim as salas da 143ª Zona Eleitoral de Itaíba, onde um drama político se desenrola.

A protagonista dessa trama é a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que corre nos bastidores da política local. A juíza Luciana Dambroski Cavalcanti tem a missão de avaliar as acusações que pesam sobre o prefeito eleito, Professor Ronaldo (PP), seu vice Regis da Saúde e o atual prefeito, Silvio “Roque” (PP). O Partido Social Democrático (PSD) acusa-os de abuso de poder político, econômico e, o que mais chama a atenção, compra de votos.

Como em todo enredo que envolve política, o PSD protocolou uma série de alegações graves: uso indevido da máquina pública, distribuição de benesses materiais a eleitores, propaganda antecipada, e até mesmo a utilização de bens públicos para fins eleitorais. Fatos que, se confirmados, podem alterar os rumos da política local.

Mas a juíza do caso negou o pedido de suspensão imediata da diplomação do prefeito eleito e dos outros envolvidos, argumentando que a jurisprudência eleitoral, que rege esse tipo de ação, defende que a diplomação não pode ser interrompida sem uma análise profunda e detalhada das provas.

A juíza determinou o regular prosseguimento da ação, notificando os investigados, que terão prazo legal para apresentar sua defesa. Tupanatinga vive agora no campo jurídico, o verdadeiro ‘segundo turno’, onde a decisão não será tomada nas urnas, mas nos tribunais.

Exoneração

Na terça-feira (10), a Prefeitura de Arcoverde, Sertão do Moxotó, reuniu todos os coordenadores da área da saúde do município para comunicar a demissão de todos os prestadores de serviço contratados, de auxiliares de limpeza a médicos. De acordo informações, a notícia surpreendeu os demitidos, já que o secretário de Saúde do município, Felipe Padilha, havia informado há alguns dias que nenhum servidor da saúde seria afetado com as sucessivas demissões que vinham acontecendo em outras pastas. Quando questionado sobre a situação, o secretário respondeu que não se pronunciaria, já que “a ordem veio de cima” e ele “não tem o que dizer”. Ainda corre em apuração quantos profissionais foram afetados com a decisão do município e quantos munícipes serão prejudicados pela falta de atendimento nas unidades de saúde da cidade.

Descredenciamento

O final da administração do prefeito de Sertânia, Sertão do Moxotó, Ângelo Ferreira (PSB), vêm sendo marcado consecutivas polêmicas. Após ser obrigado pelo Poder Judiciário a apresentar informações e documentos à comissão de transição da prefeita eleita, Pollyanna Abreu (PSDB), o gestor esbarrou na Portaria nº 5.821 do Ministério da Saúde, que descredenciou a equipe de saúde da família, com a suspensão da transferência dos recursos federais. Para a prefeita eleita, o fato é lamentável e demonstra o descaso da atual gestão em permitir o descredenciamento dessa importante ferramenta de oferta de serviços em favor dos sertanienses. Entretanto, ela ressalta que uma das primeiras medidas que realizará ao tomar posse, no próximo ano, será a adoção de providências no Ministério para a retomada dos serviços da equipe de saúde da família.

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