Distrito de Ibó protesta contra obra em ponte

por Carlos Britto // 22 de dezembro de 2008 às 05:33

Cristina Laura-A Tarde

As 12 famílias do distrito de Ibó, região de Abaré (a 530 km de Salvador), que moram em casas à margem da BR-116 e que seriam desapropriadas e indenizadas pelo governo federal para a construção de uma ponte sobre o Rio São Francisco, reclamam do atraso no pagamento das indenizações e do reinício das obras, que estão abalando a estrutura das casas.

Sem o dinheiro ou contatos recentes com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte (Dnit), as famílias se dizem prejudicadas depois que homens do Exército reiniciaram as obras. Informações do Serviço de Engenharia do Dnit asseguram que a documentação referente às indenizações já está pronta e será enviada à Procuradoria, onde será analisada e depois encaminhada à Justiça Federal. A espera pelo pagamento deve acompanhar essa etapa de trabalho do 4º Pelotão de Engenharia do Exército de Barreiras, que dará continuidade às obras com aterro dos dois acessos à ponte, que deve durar pelo menos quatro meses.

A passagem entre Ibó (BA) e Ibó (PE), região de Belém do São Francisco, é feita em travessias de balsas. Na saída das balsas, os carros passam por um pequeno desvio paralelo à BR que leva perigo aos moradores e fez com que Isaías Barbosa Soares abandonasse a casa onde morava com a esposa e dois filhos. “Um caminhão tombou e caiu em cima do muro da minha casa, derrubando as paredes. Aluguei outra casa, onde estou com minha família, mas os custos são altos”, conta o morador, que trabalha numa oficina mecânica no lado baiano da ponte.

Da porta de sua casa, a professora Maria das Graças observa a movimentação dos homens do 3º Batalhão de Engenharia do Exército de Barreiras, que chegaram para concluir as obras da BR-116. À espera de um contato por parte do Dnit quanto às indenizações, ela mostra paredes rachadas dentro de sua casa, causadas pela trepidação de máquinas pesadas usadas na obra da ponte e de carretas que passam na estrada que fica a cinco metros de sua residência. “Se as coisas tivessem sido feitas como ficaram definidas na reunião de março, nada disso teria acontecido, pois nenhuma família estaria morando próximo à pista”.

Uma pequena pausa será feita entre os dias 23 deste mês e 2 de janeiro, quando o Exército pára o trabalho para o recesso de fim de ano, retomando logo depois para concluir a obra e liberar o tráfego na ponte.

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