Neste artigo enviado ao Blog, o professor Clériston Willames (foto) diz considerar um retrocesso a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que inocentou os envolvidos no escândalo do Mensalão. Mara para ele, ainda há esperança.

Confiram:

Há dias vivia-se as expectativas de se comemorar a vitória da democracia sob o coronelismo moderno dentro da política nacional, mas no dia 27 de fevereiro do ano de 2014 (registre-se), a crise da administração pública no Brasil fez com que a gravidez politiqueira abortasse o nosso Código Penal fazendo com que o mesmo viesse a falecer depois de inocentar criminosos que deveriam ver na prática as consequências do Mensalão.

De que vale uma “Lei Maior”, se no Brasil maiores estão sendo os atos corruptos daqueles que nos representam no Superior Tribunal Federal, em sua maioria acabaram de dar um veredito inconstitucional contra a própria função que exercem e continuam impunes? Foi-se o artigo 288 do nosso CP, e digo, a moral de alguns ministros e de nós, brasileiros, também. Não pelo fato de sermos corruptos como os tais que demonstraram não ter pulso com a supremacia partidária, mas por sabermos que quem nos representa, na realidade está representando partidos políticos criados e vividos na ilusão de que vamos nos conformar com a prática de má interpretação do que realmente é formação de quadrilha.

Se não houve uma associação de três ou mais pessoas nos crimes presenciados por nós brasileiros, como podemos chamá-los de “Mensalão”? É certo que alguns ministros não interpretam a Lei Magna e nosso Código Penal como deveriam, pois possivelmente, se sabem o que significa quadrilha ou bando, se acovardaram perante o próprio exercício da função e dos brasileiros.

Por outro lado, sabe-se que as situações no meio político são apresentadas e discutidas em períodos de carnaval, Copa do Mundo, dentre outros eventos culturais, e devemos sempre nos perguntar o porquê. A resposta está justamente no que estamos acabando de presenciar: pessoas inibidas que estão tirando de nós o direito que temos como cidadãos, enquanto muitos estão se preocupando em promover culturas festivas, que apesar de atraentes “ou não” ao público nacional e internacional, estão tirando-nos as possibilidades de investir parte dos recursos em intelectualidade e na cultura do ler, do aprender, do criticar de forma reflexiva o que está acontecendo entre nós.

Apesar de envergonhado neste momento como brasileiro, devo aqui dizer que ainda há esperança para o Brasil que vemos hoje. Talvez demore muito, mas será se esta Lei de uma pátria tão sofrida não poderia ter como Ministros representantes do STF? não alguém indicado por políticos, mas por cidadãos brasileiros como nas eleições? Ministros estes que para pleitear a nossa representação jurídica tivessem titulações específicas em Direito que os desse esse “direito” de julgar os fatos de forma mais ordeira?

Talvez Renato Russo não tenha sido tão lembrado com sua música mais que contemporânea do que no momento atual, “Que país é esse?”. Somos frutos de nossas escolhas, mas não esperem conquistar um milhão enquanto estiverem nos usurpando a possibilidade de um país menos corrupto, onde se valorizam a hipocrisia de homens enquanto se desvalorizam a democracia e assassinam as Leis que nos regem.

Clériston Willames/Professor de Geografia e Diretor Escolar