Ele é natural de Jatobá (PE), no Sertão de Itaparica. Descendente de negro e índio, o cantor Gean Ramos transmite musicalidade, boas energias e conta, em suas composições, sua própria trajetória. Para quem deseja conhecer o trabalho desse artista que preza pela versatilidade sem perder a essência, o show dele está na programação desta quinta-feira (15) do 9º Festival Aldeia do Velho Chico, realizado pelo Sesc Petrolina.
Gean se apresentará às 19h, no bairro Cohab 6, Zona Oeste da cidade. Quem for ao show, poderá conferir uma mistura de estilos que vai desde samba, maracatu e ciranda a baladas românticas. O contexto social também está presente nas canções de Gean. Para o artista, as experiências ao longo de seus 14 anos de carreira e 33 de vida mostraram-no que sucesso é muito mais que ter visibilidade na mídia.
“Sucesso não é ficar famoso nos outdoors. É ter reconhecimento, êxito no trabalho, continuar se reciclando, escrevendo, criando independente de todas as adversidades, com as vivências de cada dia. Quando abordo vários temas e ritmos em meu trabalho, não é pra soar como desespero e sim como versatilidade, porque não consigo me acostumar com uma coisa só”, explica.
O artista saiu de casa em busca de um sonho e voltou ao Nordeste com a mala cheia de novas canções. Em seu trabalho “Trajetória”, Gean conta etapas de sua própria vida, em músicas que retratam as dificuldades, a saudade, amores e temas vividos por ele na época.
“A temática do show conta a minha história, que começa aos 18 anos em Brasília, depois vai para Florianópolis, Rio de Janeiro e volta ao Nordeste. Dentro dessas vivências, fui compondo e contando a minha trajetória por onde eu passava; a saudade, os amores, as tristezas, alegrias. Transformei isso em um show, um DVD chamado ‘Trajetória’, que tem 16 composições minhas”, afirma.
Reconhecimento
Hoje, Gean mora na aldeia indígena Pankararu, em Jatobá. Suas raízes influenciam seu trabalho diretamente, mas foi com o samba que o artista venceu a 2ª Expo São Paulo Samba, realizada no mês de junho na capital paulista. A música “Joanas, Marias, Teresas” foi eleita a melhor canção do festival. “A Expo Samba tem como proposta revelar novos compositores na linha do samba. Minha música ganhou dois prêmios, o do júri popular e do júri técnico”, informou.
E a ideia não é parar por aqui. O desejo de Gean é popularizar seu trabalho no Nordeste e no mundo. De acordo com ele, suas músicas já tocam nas emissoras de rádio da Europa e seu trabalho é conhecido nacionalmente através de grandes eventos, como o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) e o South África em São Paulo.
“A sobrevivência de um trabalho na linha consciente não é um trabalho que conquista grandes massas, um grande público, mas é um trabalho que tem uma consistência muito grande. Depois de 14 anos de muitas andanças, muitas lutas, é um trabalho que vem conquistando espaço entre as pessoas que prezam pela música de qualidade”, comemora.
Por Monyk Arcanjo