Acervo digitalizado do fotógrafo juazeirense Euvaldo Macedo Filho será lançado no dia 20/08

por Carlos Britto // 16 de agosto de 2018 às 21:11

Foto/divulgação

Cada homem vem à terra com uma missão. Poucos são os que conseguem vislumbrar qual é a missão. A minha foi fotografar”. Essa frase é do fotógrafo e poeta Euvaldo Macedo Filho que, apesar da morte precoce, aos 30 anos, deixou um acervo rico de quase 8 mil itens. A partir de 20 de agosto, eles estarão disponíveis na internet, no site dedicado a Euvaldo, o qual é resultado de um projeto de catalogação e digitalização de suas obras. O lançamento acontecerá às 18h daquele dia no Campus de Juazeiro (BA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), acompanhado de um bate-papo com Odomaria Bandeira, viúva de Euvaldo, e amigos da época.

Ainda, em meados de setembro, sai da gráfica um catálogo do acervo, com textos explicativos sobre as etapas de todo o trabalho realizado durante o projeto e com uma seleção de fotos inéditas.

O fascínio antropológico pelos personagens do sertão, suas festas, práticas religiosas, como a penitência e as procissões, as brincadeiras infantis retratadas nos banhos de rio, as viagens em navio a vapor pelo rio São Francisco estavam presentes na sua fotografia. Assim, seu trabalho se constituiu especialmente a partir de sucessivas viagens por aquele rio, pelo oeste baiano e por pequenas cidades dos sertões da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí – compondo um leque abrangente de paisagens e pessoas.

Todo este universo está em Acervo Euvaldo Macedo Filho, idealizado por Elson Rabelo, professor adjunto do Colegiado de Artes Visuais e do Curso de Licenciatura em História da Univasf e contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2015-2016. É composto por 488 diapositivos, mais conhecidos como slides, 509 fotos impressas de tamanhos distintos e para diferentes fins, como exposições, e mais de 6,6 mil negativos, além de folhas e cadernos com poemas – um achado que revela mais uma face do artista. A maioria das obras que compõe o acervo é inédita e estava guardada em baús, na residência de sua família.

O projeto

Ao incorporar as temáticas sociais do fotojornalismo, Macedo as mesclava com sua admiração pela arte e pela literatura moderna. Acervo Euvaldo Macedo Filho procurou respeitar e tornar visível esse aspecto multifacetado do artista e de sua obra, ao recuperar desde as mínimas notas de trabalho de Euvaldo até as fotos publicadas ou expostas. Entretanto, a maior parte do material disponibilizado para visualização no website é inédita conferindo ainda mais valor a essa produção artística.

O Acervo Euvaldo Macedo Filho surgiu do temor ante a possibilidade de perda de sua importante obra fotográfica”, conta Elson Rabelo. Uma das motivações foi que as fotos e textos produzidos pelo artista baiano não se perdessem – fosse no sentido material, pois seus componentes físicos são naturalmente passíveis de degradação, fosse no que se refere à memória cultural e aos desdobramentos contemporâneos que ela pode ter, na sua diversidade de usos e acessos.

A ideia surgiu em 2015, com o intuito de recuperar a obra do artista.  Contando com o apoio do Rumos Itaú Cultural 2015-2016 e com a parceria entre a Abajur Soluções Artísticas e a Univasf, nesse período cumpriu-se as diferentes etapas que integram a recuperação de um acervo: o diagnóstico do estado de conservação, a aquisição de materiais e equipamentos adequados, a catalogação dos escritos e das imagens, a oficina de higienização, a higienização dos diferentes suportes, a digitalização, a criação do banco de dados e do website.

Sobre Euvaldo Macedo Filho

Poeta, fotógrafo, cineasta, compositor e agitador cultural, nascido em 1952 e falecido em 1982, em Juazeiro, após curta temporada de estudos em Salvador, ele passou a se dedicar quase que integralmente à poesia e à fotografia, a partir da metade dos anos 1970, quando retornou a sua cidade-natal. Em Juazeiro, participou dos grupos artísticos locais, como o Êxodus e o Círculo de Convivência Cultural, os quais impulsionavam a produção artística em diversas linguagens, como a poesia, o teatro e a música.

Em sua trajetória artística, Euvaldo publicou sua poesia em coletâneas locais e conseguiu inserir seu trabalho fotográfico em importantes veículos de divulgação e legitimação, expondo em espaços institucionais, em Juazeiro, Salvador e São Paulo, e publicação em revistas e catálogos nacionais e internacionais, entre eles ‘Presença da Criança nas Américas’, da Unicef (em 1980).

Fez parte do Grupo de Fotógrafos da Bahia, também conhecido como FotoBahia, participando em dois anos consecutivos, 1979 e 1980, com fotos em exposições e catálogo desse movimento decisivo de profissionalização e de afirmação da fotografia baiana.

Foto/divulgação

Rumos Itaú Cultural

O Itaú Cultural mantém o Programa ‘Rumos’ desde 1997. Este é um dos primeiros editais do Brasil para a produção e a difusão de trabalhos de artistas, produtores e pesquisadores brasileiros e já ultrapassou os 52 mil projetos inscritos vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,3 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa. As informações são do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários