Águas do Velho Chico se ‘afastam’ do Nego D’Água e cenário desolador é revelado em Juazeiro

por Carlos Britto // 06 de julho de 2017 às 20:15

Um dos principais símbolos turísticos de Juazeiro (BA), a estátua do Nego D’Água, localizada no Bairro Angary, não tem mais nenhum centímetro dos seus mais de seis metros dentro d’água. A escultura, que ficava parte submersa até pouco tempo atrás, está cercada de barro e areia.

A reportagem deste Blog esteve no local no final da tarde de hoje (6) e pôde conferir de perto a situação desoladora em que se encontra o Velho Chico. Os moradores da área contaram que a água já chegou a “ficar no peito do Nego”.

A água já chegou a ficar próximo ao peito do Nego D’Água. De uns tempos pra cá, depois da seca, foi baixando e hoje está assim, como você está vendo. Os meninos brincam de esconde-esconde e vão para trás da estátua”, relata Cosme dos Santos.

Muita gente teme o pior. É o caso do estudante Maicon Leite, que costuma jogar futebol numa quadra esportiva que fica próximo ao local. “Jogo bola aqui há mais de três anos, e a cada dia que passa a situação do rio só piora. Os meninos brincam que, daqui uns dias, o Nego D’Água vai se cansar de ficar sozinho lá, sem água, e vem jogar com a gente. Eu sei que é brincadeira, mas a situação é séria. Tenho medo do que possa vir a acontecer”, comenta.

A situação é difícil, mas pode piorar. Pelo menos é o que alertam as previsões, as quais apontam para que, em novembro próximo, o nível de armazenamento de água no volume útil do Lago de Sobradinho fique abaixo de zero – conforme já divulgado por este Blog. Hoje, a vazão de Sobradinho está em 600 metros cúbicos de água por segundo (m³/s), mas esse número pode baixar.

Volume

De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a solução para o reservatório não chegar ao índice zero de armazenamento do seu volume útil seria aplicar uma redução ainda maior da vazão na região do Baixo São Francisco, saindo do patamar atual de 600 m³/s para 570 m³/s. Para ser implementada, a medida depende de autorização do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A baixa no rio também já é sentida pelas embarcações que fazem a travessia Juazeiro-Petrolina, como publicado nesta semana. Vários encalhamentos já foram registrados. Ainda vale frisar que mais de 70% da água do Rio São Francisco vêm da região do Cerrado, principalmente de Minas Gerais, onde já começou o período normal de estiagem. O alerta continua.

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