Passados mais de dez dias, prefeito de Senhor do Bonfim finalmente se manifesta sobre confronto entre espadeiros e policiais

por Carlos Britto // 05 de julho de 2019 às 07:20

Carlos Brasileiro, prefeito de Senhor do Bonfim-BA. (Foto: Divulgação)

O prefeito de Senhor do Bonfim, no norte da Bahia, Carlos Brasileiro, levou onze dias para se pronunciar oficialmente, através de nota, sobre o confronto entre espadeiros e policiais militares ocorrido no último dia 23 de junho. Através de nota divulgada na noite de ontem (4), Brasileiro manifesta “profundo repúdio aos atos excessivos” e se colocou à disposição para amparar as vítimas “dos fatos lamentáveis que marcaram negativamente a história” dos festejos juninos de 2019 da cidade.

Este ano, uma decisão judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou a proibição da ‘Guerra de Espada’ na cidade. Ainda assim, grupos de espadeiros resistiram à determinação e a Polícia Militar agiu. Na ocasião, houve confronto e feridos, entre elas a estudante do curso de Enfermagem da Uneb, Fabíola Cardoso. Ela foi atingida por bala de borracha disparada pelos policiais e perdeu a visão do olho esquerdo.

Acompanhe a nota do prefeito, na íntegra:

O Município de Senhor do Bonfim-BA, na pessoa do Excelentíssimo Sr. Prefeito, Carlos Alberto Lopes Brasileiro, vem, por meio desta, manifestar o seu profundo repúdio aos lamentáveis atos ocorridos no dia 23 de junho do corrente ano, durante o evento junino anual e tradicional denominado “Guerra de Espadas”, em destaque à tragédia ocorrida com a estudante do curso de enfermagem da UNEB, Fabíola de Jesus Cardoso.

O “Show de Espadas” é uma manifestação cultural enraizada e aceita pela maioria da sociedade bonfinense dentro dos festejos do São João, promovendo o nome do município no cenário nacional, fomentando ainda o turismo e a captação de renda para nosso povo. Porém, desde o ano de 2017 a sua realização do “Show de Espadas” vem sendo objeto de demandas judiciais, tendo culminado, inclusive, com a sua proibição pelo Juízo local através de medida liminar, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e pelos Tribunais Superiores pátrios (STJ e STF).

A proibição do evento está acobertada por decisões judiciais, passíveis de suspensão, não podendo se dizer o mesmo acerca do abuso de poder utilizado pelas autoridades judiciárias. Esta é rechaçada há muito mais tempo e extrapola quaisquer contornos em derredor do pseudo antagonismo estabelecido entre o direito à vida x tradição – como de maneira equivocada, data venia, quer propagar o Ministério Público. Ao que se lembra, o que é intuitivamente lógico, em nenhuma hipótese se esperou dos órgãos judiciários que tratassem os amantes desta nossa tradição secular como desordeiros ou criminosos de alta periculosidade.

De modo lamentável foi instalado um verdadeiro clima de guerra na cidade, não no sentido figurado, como a de espadas, mas, sim, no sentido literal mesmo, de confronto com os “infratores da lei” – e assim, terminantemente, foram tratados de forma violenta e menoscabada os espadeiros, famílias bonfinenses, a cultura e tradição de um povo. Aliás, violência era uma terminologia que sequer havia sido mencionada quando se falava em “Guerra de Espadas”, tendo, contudo, sido desaguada no fatídico dia 23 de junho de 2019.

O Município de Senhor do Bonfim se une às manifestações da Câmara Municipal, UNEB Campus VII, Imprensa local e Ordem dos Advogados do Brasil subseção Senhor do Bonfim que emitiram notas de esclarecimento à população, repúdio aos atos excessivos e amparo às vítimas dos fatos lamentáveis que marcaram negativamente a história dos nossos festejos no ano de 2019, sendo pauta de extensas matérias negativas em diversos meios de comunicação.

Não há de se ter mais em mira a contraposição de valores tão fundamentais para a sociedade, o direito à vida, ao ir e vir, ao patrimônio público e privado, à cultura, à tradição, aos direitos de personalidade devem ser trilhados lado a lado, e esta responsabilidade de contrabalanceá-los cabe ao Município, ao Judiciário, às entidades representativas, e também ao Ministério Público, que, como instituição posta à serviço da sociedade, deve pautar-se em valores que assegurem a dignidade e o deleite de viver à todos os cidadãos indiscriminadamente. O amparo à população e a luta para manutenção da nossa cultura continuará nos tribunais, nas ruas, nos eventos e nos debates onde o interesse da coletividade puder alcançar.

Carlos Alberto Lopes Brasileiro/Prefeito de Senhor do Bonfim

Passados mais de dez dias, prefeito de Senhor do Bonfim finalmente se manifesta sobre confronto entre espadeiros e policiais

  1. Paulo rogerio de araujo disse:

    Que cumpram alei mas cada um.quer ter asua ai vai ter sempre confronto.

  2. Defensor da liberdade disse:

    Covarde, vai deixar matar uma tradição centenária de seu próprio povo? O STF que vá para o raio que o parta, STF só sabe passar a mão na cabeça de bandido! Fosse eu prefeito dessa cidade lutaria com todas as forças contra essa medida imbecil, inclusive incentivaria a desobediência civil. Os fogos de artifício ajudam a movimentar a economia do Nordeste nessa época do ano, logo, logo esses imbecis estatais vão querer proibir os fogos em todos os lugares, destruindo a tradição e a economia de muitos municípios. É o avanço do totalitarismo estatal em um nível nunca imaginado antes.

  3. Defensor da liberdade disse:

    Cumprir a lei é o caral…. Vai lá escravinho do Estado, cumprir toda lei que eles te empurram goela abaixo, depois tu vai ver onde tu vai chegar. A polícia está fora da reforma da previdência, já tu vai trabalhar até morrer.

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Últimos Comentários

  1. Comentários absurdos esse cara fez , não merece voltar a câmara, e ainda acha pouco os auxílios e regalias que…