Promover o empoderamento através do empreendedorismo feminino de cerca de 40 mulheres residentes nas serras do Jardim e Cavaco II, em Araripina (PE), Sertão do Araripe. Esse é o principal objetivo do projeto “Rainhas da Mandioca”, que está em implantação com o apoio da prefeitura, em parceria com a Adepe, Embrapa, Cooperama, Sebrae, Ambev, AgroNordeste (Governo Federal).
A cadeia da mandiocultura é uma das principais do município e movimenta a economia rural em todo o seu processo produtivo que vai desde a plantação das sementes (manivas), passando pela plantação e colheita, até a comercialização de produtos à base de mandioca para o setor privado (mercados, padarias e indústrias de féculas), além de órgãos públicos como, por exemplo, a merenda escolar por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
O projeto está em implantação nas duas comunidades. Nesta fase estão sendo feitos testes e experimentos do cultivo da maniva em terras irrigadas por gotejamento. Os maniveiros experimentais têm o objetivo de melhorar a qualidade da mandioca e, consequentemente, aumentar a produtividade do que será comercializado. As mulheres que integram o projeto recebem capacitação permanente, tanto sobre a agricultura como também a produção de produtos derivados da mandioca como pães, bolos, biscoitos, sequilho e outros.
Segundo a gerente da Unidade de Negócios do Sebrae-PE no Araripe, Rossana Webster, as participantes do Rainhas da Mandioca serão propagadoras do espírito empreendedor feminino para as futuras gerações.
“Queremos que as mulheres sejam propagadoras, fornecedores e guardiãs das manivas de qualidade para garantir um futuro melhor na colheita de uma material mais saudável e produtivo. Estimular esse espírito empreendedor nas mulheres e mães reverberará nos nossos jovens agricultores e agricultoras de forma positiva, pois irá demonstrar que é possível ter um futuro na nossa agricultura, desde que valorizemos as pessoas que fazem parte do processo. Todos devem ganhar. Queremos que no futuro próximo, quando os produtores precisarem fazer projetos e comprar material de plantio, já tenhamos as ‘maniveiras prontas’ e preparadas para esse fornecimento. Será uma retroalimentação econômica da nossa cadeia. O dinheiro ficando na região e gerando desenvolvimento”, pontuou.
Padaria comunitária
Com o advento de novas tecnologias industriais, o trabalho da retirada da casca da mandioca, conhecido popularmente como raspagem, tende a ser cada vez mais automatizado, substituindo assim a mão de obra por equipamentos. Com isto, muitas mulheres perderão uma fonte de renda familiar. Ainda que mal paga e extenuante, a raspagem contribui no orçamento doméstico.
Para que estas mulheres tenham uma nova e melhor oportunidade de trabalho remunerado, elas estão recebendo cursos e treinamentos para produzirem outros derivados da mandioca e, desta forma, serem comercializados através das associações comunitárias através dos programas de compras governamentais.
Evani Coelho é presidente da Associação da Serra do Cavaco II onde cerca de 20 mulheres participam do projeto Rainhas da Mandioca. Ela afirma que desde o início do projeto, as participantes estão animadas com os cursos e treinamentos e esperam que o projeto avance para a próxima fase que será a aquisição de máquinas e equipamentos da padaria rural comunitária. “Estamos muito confiantes que em breve teremos nossa padaria e mais mulheres poderão participar do projeto, que visa a empoderar através do empreendedorismo feminino, dando a elas a garantia de renda para a sua família”, afirmou.
De acordo com Edésio Medeiros, secretário municipal de Desenvolvimento Rural e Associativismo, o projeto está transformando a realidade das mulheres, uma vez que concede a elas mais oportunidades de aumentar a renda familiar. Ele destaca que os bons resultados da ação animam a gestão pública a estendê-la para outras comunidades.
“Estamos fazendo um levantamento em toda zona rural do município para identificar as principais cadeias produtivas e econômicas, com objetivo de conhecer e planejar as principais ações para o fortalecimento da economia rural. Neste sentido foi realizada uma divisão territorial e por afinidades produtivas onde conseguimos constituir 14 núcleos regionais, denominados de Comissão de Desenvolvimento Comunitário (CDC). Todas estas CDCs são compostas por representantes de associações, lideranças sindicais, políticas e de ONGs. As CDCs mantêm reuniões mensais e a Prefeitura apoia e monitora todas as atividades realizadas nas comunidades para o fortalecimento das cadeias produtivas”, afirmou.
O projeto é executado em cumprimento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) nas categorias de Erradicação da pobreza, Igualdade de gênero, Trabalho decente e crescimento econômico, Consumo e produção responsáveis.