Armando manda recado para Eduardo: “Secretário é nomeado, mas governador quem escolhe é o povo”

por Carlos Britto // 24 de fevereiro de 2014 às 17:12

armando monteiroPré-candidato ao Governo de Pernambuco e adversário da Frente Popular, o senador Armando Monteiro Neto (PTB) deixou um recado sutil, nas entrelinhas, sobre o que pensa da decisão do governador Eduardo Campos em optar por um nome técnico – o do secretário Paulo Câmara – para ser o candidato a sua sucessão.

Em entrevista a Geraldo Freire na Rádio Jornal do Commercio, na manhã desta segunda-feira (24), o líder petebista afirmou que “governador não é nomeado, mas o povo é quem o escolhe”.

Armando Monteiro também chegou a insinuar que Câmara, apesar de ser um bom nome técnico, não reuniria os pré-requisitos necessários para uma disputa majoritária. “O fundamental nesse processo é que se possa aliar experiência, capacidade de articulação e um sentido de direção. Outra questão também muito importante é a capacidade de caminhar com as próprias pernas, ter um sentido de independência, que é tão importante e algo tão caro a Pernambuco”, afirmou.

Confiram alguns trechos da entrevista:

A construção da aliança ao governo

Armando Monteiro – “Eu estou construindo no nosso campo aquelas alianças, evidentemente que o parceiro preferencial é o PT, e isso caminha muito bem pelo calendário que foi estabelecido aqui pela direção nacional e regional do PTB. Portanto, nós aguardamos com muita tranquilidade que esse processo se conclua agora em março, e tenho recebido manifestações já muito positivas de lideranças do partido em Pernambuco. Tenho mantido contato também com outras legendas, com outros partidos, para que a gente possa concluir esses entendimentos e oferecer um expressivo leque de alianças para fortalecer esse projeto”.

Um palanque forte para a reeleição da presidente Dilma

Armando Monteiro – “Tenho a impressão que nós vamos ter aí surpresas nesse processo. Quero lembrar que as convenções só ocorrem em junho, ou seja, as alianças só são formalizadas em junho. Portanto, há muito ainda o que acontecer pela frente. Portanto, continuamos ainda muito tranquilos dentro desse calendário que foi estabelecido, conversando com todas as legendas, preferencialmente as legendas do nosso campo. Quando eu digo as do nosso campo são aquelas que estão alinhadas ao campo nacional com a candidatura da presidente Dilma. Portanto, vamos aí concluir esse processo, de modo a que tenhamos um amplo leque de alianças e uma chapa forte porque o nosso compromisso aqui, fundamentalmente, é fazer esse palanque da reeleição da presidente Dilma”.

Experiência política x perfil técnico

Armando Monteiro – “Eu acho esse debate precário. Acho que você tem aí um debate sobre Pernambuco, sobre os problemas, os desafios, as potencialidades, olhando para o futuro de Pernambuco. Evidentemente que aquele candidato que tem experiência politica, que já tem uma visão do processo politico e que ao mesmo tempo valoriza o processo técnico, porque hoje as escolhas, as decisões políticas têm que ser informadas tecnicamente, portanto, o fundamental nesse processo é que se possa aliar experiência, capacidade de articulação e um sentido de direção. Porque o político é aquele que sabe, em determinadas circunstâncias, definir prioridades e aliar a essa experiência sensibilidade. E acho ainda que há uma questão também muito importante, que é a capacidade de caminhar com as próprias pernas, ter um sentido de independência que é tão importante e algo tão caro a Pernambuco”.

O sr. diz então que o outro candidato é um poste?

Armando Monteiro – “Não, eu não digo isso. Eu tenho respeito pelas pessoas e esse processo que culminou com a indicação é um processo que foi acompanhado por vocês, que, em última instância, indicou que não havia uma candidatura natural nesse campo. Tanto que se assistiu a um processo curioso em que havia exposição de nomes, frituras, vetos. Mas isso não importa! O que importa é que ao final essa escolha foi definida e, a partir de agora, definidas as pré-candidaturas e confirmadas nas convenções, esse crivo muda. Não é mais um grupo fechado, não é mais um processo que se dá dentro de um grupo. Aí, sim, nós temos que ter um crivo da opinião pública, porque é ela que vai efetivamente fazer um julgamento da habilitação do candidato. Portanto, aí, esse outro campo, é um campo essencialmente democrático. E aí só o debate, o contraditório, a discussão das questões de Pernambuco é que ao final vão orientar esse processo. Eu quero dizer é que você nomeia secretário, mas ninguém nomeia governador. Governador quem elege é o povo”.

Sobre a política econômica

Armando Monteiro – “O importante é que a presidente Dilma tem dado sinais da disposição de conter as pressões inflacionárias. Tem fatores climáticos, tem fatores sazonais, mas o fato é o seguinte: ela não tem medido esforços para combater. Veja que a taxa de juros vem sendo elevada praticamente há seis meses, exatamente para conter as pressões inflacionárias. Mesmo não sendo simpático aumentar os juros, ela tem feito isso, é um remédio duro, mas que precisa ser utilizado. Porque o pior dos cenários é o que você indicou, é o povo sentir que vai perdendo o poder de compra porque os bens ficam mais caros e evidentemente a renda real do trabalhador diminui. Por outro lado, o governo anunciou agora um programa de redução de gastos, de despesas, corte no orçamento. Então, acho que o efeito combinado desses cortes, da política fiscal, com esse aperto que foi dado na política monetária, tudo isso vai garantir que tenhamos um quadro de inflação absolutamente controlado. E que a inflação possa ceder mais e mais. Portanto, esse é o compromisso fundamental da presidente Dilma. Porque, ao longo de todo governo dela, os trabalhadores tiveram ganhos reais, ou seja, os ganhos ficaram acima da inflação. Portanto, ela não irá permitir que a inflação termine por confiscar ou diminuir a renda do trabalhador. Esse é um compromisso fundamental”.

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