De Madri, na Espanha (onde reside), a coordenadora geral da Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, Maria Luiza Del Pozo, envia ao Blog um belo e comovente texto em homenagem ao saudoso bispo emérito de Juazeiro, Dom José Rodrigues, que faleceu em Goiânia no último dia 09 de setembro.
Confiram:
Aquilo do que te apaixonas, o que arrebata tua imaginação atingirá tudo aquilo que toques… Determinará o que te faz levantar de manhã, o que farás no entardecer, a leitura que fazes, a quem conheças, o que te quebra o coração e o que te enche de surpresas.
Foi a paixão por Jesus e sua missão que levou José Rodrigues a entrar na Congregação do Santíssimo Redentor.
“A missão encomendada à Congregação de evangelizar os pobres compreende a libertação e salvação de toda pessoa humana. Os congregados devem proclamar explicitamente o Evangelho, solidarizar-se com os pobres e promover seus direitos fundamentais de justiça e liberdade, empregando os meios que são mais conformes com o Evangelho e por sua vez mais eficazes…Em seu anúncio proclamam de maneira especial a Redenção Copiosa, ou seja, o amor do Pai “que nos amou primeiro e nos enviou a seu Filho…” (cfr.Cs5).
Que bem compreendeu Dom José o Espírito das Constituições!
Quanta ternura e firmeza ao mesmo tempo!
Ele queria oferecer o melhor serviço à missão e para isto se especializou em Catequese e Pastoral em Bruxelas. Voltou para o Brasil, terra-natal, onde se entrega a trabalho missionário em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Amazônia.
Em 1970 foi eleito Superior Provincial dos Missionários Redentoristas de Goiás e Distrito Federal. Mas o Senhor lhe tinha reservado uma nova parcela, onde sua vocação redentorista ia realizar-se com toda sua energia de místico e profeta.
Em 1975 foi sagrado Bispo da Diocese de Juazeiro, situada no Nordeste do Brasil, onde a terra é abrasada pelo sol e a converte na maior parte do tempo em autêntico deserto. Pronto, irá descobrir a paixão que implica viver a missão de anunciar a boa notícia aos pobres. A construção da hidrelétrica de Sobradinho, arranca mais de 70.000 pessoas de suas próprias raízes, e isto aguça nele a sua capacidade de luta, sua solidariedade com o povo excluído, sua defesa incansável dos mais pobres, o que lhe acarreta duras e repetidas acusações e ameaças por parte dos poderosos.
Dom José costuma contemplar tudo aquilo que lhe rodeia e a tomar partido. Como Jesus contempla também a natureza. Sabe que igual que o “mandacaru” (cactos próprio do lugar), que mesmo crescendo em terrenos desérticos e pedregosos, acumula no seu interior toda a umidade absorvida por suas raízes; sabe que é possível despertar no coração de homens e mulheres tudo o que há neles de compaixão, desejo de justiça e promove dentro de sua diocese diferentes pastorais: da terra, infância, juventude, saúde, pescadores, prisões, da mulher marginalizada…de comunicação, audiovisual, criação de uma grande biblioteca, programação no rádio, televisão, jornais, etc.
O passado domingo, como o mandacaru, que quando entardece abre suas lindas flores brancas e quando amanhece do dia seguinte morrem para dar passo ao fruto, Dom José nos deixou para ir à casa do Pai. Os habitantes do lugar dizem que quando o mandacaru floresce é porque vem a chuva, que naquele deserto é uma benção. Toda uma promessa dos céus novos e nova terra que anunciou Dom José.
A Pastoral da Mulher Marginalizada de Juazeiro, que hoje tem à frente o Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, reafirma o compromisso de continuar o legado que “Dom José Rodrigues”, irmão e companheiro de caminho, redentorista e bispo, compartilhava com outro bispo, “José Maria Benito Serra”, nosso fundador: Viver a compaixão e a justiça com as mulheres que exercem prostituição e são vítimas de tráfico para a exploração sexual.
Certamente aquelas que se encontram na casa do Pai o terão recebido e dito: porque tive fome de pão, de cultura, de dignidade, de justiça e nos deste de comer. Porque nos defendeste quando ninguém dava crédito a nosso testemunho… Porque, como Jesus não teve inconveniente em caminhar conosco, deixar tocar e dizer: mulher, tua fé te salvou… Porque abriu de par em par as portas da catedral de Juazeiro e juntas pudemos chamar a Deus de Pai Nosso, porque nos ensinou a colocar em Nossa Senhora das Grotas nossa esperança… Por tantos outros porquês, ENTRA A PARTICIPAR DA ALEGRIA DO TEU SENHOR.
Maria Luísa del Pozo – OSR/Coordenadora Geral da Congregação das Irmãs Oblatas do Ssmo Redentor (Madri-Espanha)