Artigo do Leitor: “A canonização de Eduardo Campos, padroeiro de Pernambuco”

por Carlos Britto // 03 de setembro de 2015 às 13:00

eduardoNeste artigo, o professor Mário Benning faz uma leitura da influência do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mesmo após um ano de sua morte.

Confiram a íntegra do artigo:

Um ano após o acidente que vitimou o ex-Governador Eduardo Campos, a poeira já assentou e a comoção, que turvou as emoções de boa parte do eleitorado pernambucano, desvaneceu. E passamos, nesse contexto, a ter mais condições efetivas em analisar o seu Governo e o seu legado, saindo do terreno da emoção e migrando para a razão e a objetividade.

Contudo parece que o núcleo do PSB estadual recusa-se a permitir o encerramento do período de luto no Estado. Exagerando no tom das homenagens e tentando manter um estado de comoção permanente, objetivando as eleições de 2016 e, se brincar, até 2018.

A explicação para esse comportamento doentio está no vácuo deixado pelo seu trágico falecimento. Afinal ele, Eduardo, montou um estrutura de poder, um arranjo político, que só poderia ser operado por ele e ninguém mais.

Do litoral ao Sertão era patente o seu objetivo em tornar Pernambuco uma possessão, uma Capitania Hereditária. Não era um projeto partidário, do PSB, era um projeto pessoal, seu. Se fosse partidário, ele teria favorecido as diversas lideranças existentes no partido.  Políticos experientes e qualificados, como Fernando Bezerra Coelho, Danilo Cabral, Tadeu Alencar e João Lyra.

Porém Eduardo escolheu “técnicos”, leiam-se leigos e dóceis, para ocuparem os principais cargos políticos no Estado: a Prefeitura do Recife e o Governo Estadual. Para que, mesmo afastado da cadeira e da caneta de Governador, continuasse pairando como um tutor acima dos eleitos e exercendo o efetivo controle sobre as principais máquinas públicas do Estado. Os eleitos seriam apenas meros gestores, seguradores da caneta, mas o poder continuaria em suas mãos. A sombra por trás do trono, o titereiro a conduzir as suas marionetes.

Contudo, com o seu desaparecimento, o sistema começa a ruir como um castelo de cartas. Já que o sistema engendrado criou uma situação paradoxal, os que têm liderança e poderiam nesse momento de crise oferecer esperanças e alternativas, estão afastados do poder.  E os que têm o poder, não comandam, não possuem liderança, como o Governador Paulo Câmara e o Prefeito Geraldo Júlio.

E nesse vazio, todas as contradições das gestões de Eduardo Campos estão aflorando, desde o rombo nas contas públicas no ano passado (o terceiro maior do país), ao endividamento excessivo do Estado, que agora cobra o seu preço. Ao uso da máquina para alavancar a sua campanha presidencial e a do seu sucessor, com a distribuição, a toque de caixa, de recursos através do FEM. A herança maldita toma corpo, mostrando as fragilidades da nova política.

E com o barco fazendo água, se avolumam as primeiras defecções na gigantesca aliança forjada por Eduardo. Com Jarbas Vasconcelos sinalizando um desembarque da Arca de Noé que se tornou a frente popular, e a possível disputa pelo comando da Prefeitura do Recife, minando assim o poder do PSB no Estado.

Com isso a única arma que resta ao atual quadro dirigente do PSB no Estado é apelar para que a mística permaneça viva, apelando para um Eduardismo.  Um sebastianismo do século XXI, onde o herói tragado pela tragédia salvaria e zelaria por todos, aguardando o seu retorno, nesse caso através de seus familiares.

Com isso, Pernambuco, que sempre foi considerado um dos Estados mais politizados do país, com embates e disputas políticas que marcaram época, poderia perder um dos aspectos mais interessantes da nossa história recente, um dos poucos Estados a não ter uma dinastia familiar pairando sobre a política local.

Se a Bahia teve ACM, o Maranhão Sarney, Goiás os Caiados, Pernambuco parecia blindado a esse tipo de situação. Porém, como diz o ditado popular: não há bem que sempre dure, e mal que nunca se acabe!

Se o Eduardismo vingar, lograr êxito, só nós resta solicitar a canonização de Eduardo Campos, e a sua entronização como Padroeiro de Pernambuco. Para isso bastam apenas a realização de mais dois milagres: as reeleições de Geraldo Júlio e de Paulo Câmara respectivamente. Afinal, podemos atribuir à vitória na disputa eleitoral do ano passado na sua conta, o primeiro milagre. Completando assim os três exigidos pelo Vaticano para a sua canonização.

Pelo menos assim teríamos uma desculpa para a situação sui generis que ocorreria na política estadual, a santidade do homem. Já que só assim explicaríamos como um morto poderia decidir as disputas políticas. Com os quadros do PSB elevados ao status de pitonisas, interpretes da vontade do Santo, e sacerdotes do seu culto.

Mário Benning/Mestre em Geografia e Professor do IFPE/Caruaru

Artigo do Leitor: “A canonização de Eduardo Campos, padroeiro de Pernambuco”

  1. GUILHERME VITOR disse:

    UM ARTIGO MERECEDOR DE APLAUSOS E CONTEMPLAÇÕES.
    INSPIRAÇÃO NA FEITURA DAS PALAVRAS E CONHECIMENTO NOS ASSUNTOS POLÍTICOS.
    APLAUSOS!!!!

  2. Não Sou Idiota disse:

    Que coisa mais idiota esse “artigo” desrespeitoso! E nem uma palavra sobre o Lula e a Dilma e suas roubalheiras.

  3. Maria do Socorro - a legítima disse:

    O que esperar de um comunista que escreve para um Blog chamado CARUARU VERMELHO? Francamente.
    Digo que Eduardo Campos não morreu: Foi assassinado!
    Porque sumiram as imagens das câmeras de segurança do aeroporto onde estava taciado o avião em que ele viajava?

  4. Danilo Mororó disse:

    Um artigo tão imbecil desse tinha de partir de um mestre em geografia, ou seja, totalmente fora da área dele.

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