Chamando atenção para o desrespeito praticado por certos estudantes no estacionamento da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape), a leitora Rossânia Alves Costa observa, neste artigo, que essa questão é muito mais profunda do que parece.

Confiram:

Recentemente foi publicado aqui neste Blog um artigo de autoria do estudante Victor César, sobre a falta de respeito no estacionamento da Facape.  Fato bastante usual naquele espaço, mas o que me chamou a atenção mesmo foram os comentários, feitos por alunos da própria instituição, acerca do assunto. Encontrei as seguintes “pérolas”:

“E vamos colocar aonde Britto? Você como estudante também poderia reivindicar no seu blog uma ampliação do estacionamento!”

“Concordo com o amigo Fernando. Vamos colocar aonde Britto ??”

Causa-nos uma profunda desesperança que um estudante de nível universitário venha a público para tecer um comentário desse tipo. Que tipo de profissionais estão sendo formados naquela instituição? O que estão mesmo aprendendo, ou fazendo de conta que estão aprendendo, quanto sequer assimilaram o básico do básico? De que forma planejam se inserir no mercado de trabalho se não aprenderam a se portar nem mesmo no ambiente acadêmico? O que dizer do futuro desses profissionais?

Ainda tiveram a desfaçatez de culpar o editor do blog por uma parcela dessa bagunça, que era seu dever fazer uma campanha ou sei lá o quê, para encontrar soluções adequadas para tal impasse. Se vocês, estudantes e usuários do estacionamento, sequer conseguem estabelecer o mínimo de civilidade no uso do estacionamento, por que cobrar da imprensa aquilo que pode e deve ser feito por vocês?  O que esperar desses futuros profissionais?

 Parodiando a “Teoria das Janelas Partidas”, do professor Phillip Zimbrado (Universidade de Stanford/EUA), não é uma questão de ser ou não ser filhinho de papai, de ser rico ou pobre, preto ou branco. Trata-se de relações sociais, de despreocupação se vão quebrar ou não os códigos de convivência (leis, normas, regras etc) e se instala o “vale tudo”.  A cada veículo mal estacionado, reafirma e multiplica essa ideia, até que o ambiente se torne incontrolável.  Assegura ainda que “o caos se instaura em função do que é permitido.”

Um outro estudo feito por Dan Ariely, um dos mais respeitados pesquisadores do MIT – Massachusetts Institute of Technology – sobre comportamento humano, afirma que há uma teoria que se buscava provar que existe uma irracionalidade previsível nas pessoas e em seus comportamentos, de vez que, mesmo havendo consciência que de algo é errado, as pessoas as fazem quando percebem que não há controle. Comprovam que a questão diz respeito às seguintes perguntas: ‘Qual a probabilidade de eu ser pego? ’, ‘Quanto eu posso ganhar através da trapaça?’  E ‘Qual a punição que eu receberia caso fosse flagrado?’

Isto posto, é importante que a Facape mantenha o ambiente controlado, as normas estabelecidas, as rotinas assentadas, as punições conhecidas e aplicadas, que todos sintam que estão sendo monitorados, que todos percebam que a ordem e o controle imperam. Mesmo ambientes de pessoas muito cultas e preparadas precisam de controle e vigilância, de vez que o ser humano é assim, as pessoas são assim. Lembrando do que acontece nas estradas brasileiras, onde a maioria das pessoas não respeita o limite de velocidade porque acreditam que não serão apanhadas, e isso independe do nível cultural das pessoas.

Rossânia Alves Costa/Leitora