A atual crise carcerária pelo qual atravessa o país (que, aliás, não é nenhuma surpresa), mereceu uma análise pertinente do nosso leitor José Elias Gomes Batista.
Confiram:
Possamos acreditar que estamos vivenciando diariamente, nos jornais, facções que tomaram conta das unidades presidiárias, são mortes executadas pelo poder das forças que tomaram os presídios de norte a sul. É o crime organizado mostrando seu poderio contra os Estados, que se negaram anos e anos de demonstrar sua atuação nos presídios.
Vivemos no colapso, que até demorou a chegar, mas agora demonstrou suas garras firmes e fortes contra a omissão dos Estados que nada fizeram para evitar a criação ou perpetuação de outras organizações criminosas sementarem em outros Estados, outras ideologias e força articulosa de submeter o Estado ao caos, e demonstrar toda sua fragilidade de anos, sem contribuir com a ressocialização de presos dos mais distintos seguimentos de crime.
É vivenciar a nota zero para o Estado e oito para facções. Não é apologia ao crime, mas estamos passando pela pior crise carcerária de todos os tempos e, pior que isso, é que estamos estarrecidos com a inoperância do Estado em sua conduta.
Me considere Sr (a). Dr (a). Juiz (a) de Execuções Penais dos Estados que morreram detentos, mas vocês estão na contramão da realidade prisional. Todos estão com medo que tudo isso vire um Carandiru atual, mas como a Polícia agir sem que haja vitimados? Melhor 50 que 100. Eu vi e tenho cenas que nunca mais vou esquecer.
A Polícia tem que agir com rigor e sem medo do enfrentamento direto com presos. Tomar a unidade e permanecer o tempo necessário até que haja o recontrole da unidade prisional.
É inadmissível ver presos circulando livremente, sem quaisquer restrições. É a família do mal tomando o controle de tudo! Mas onde fica o Estado de Direito? Perdido na ineficácia do Governo, que negligenciou anos os abarrotados de presos.
O Estado de Pernambuco é um dos Estados da Federação que mais mantém o número de presos. Sua ressocialização é mínima, apesar que não tenho números a expor, mas pelo conhecimento e sabendo da precariedade, posso dizer com firmeza que Pernambuco está com uma bomba pronta a estourar a qualquer momento, seja no inflado presídio do Curado ou mesmo pelo presídio de Petrolina. Todos acima da capacidade. Assim como os demais da Federação.
Petrolina ainda não teve rebelião como Alcaçuz porque mantém um presídio em bom solo, com boa segurança e por se manter no interior, mas já existem suas facções que tomam conta das alas do presídio.
A nossa preocupação: já houve rebelião no presídio de Petrolina? Sim. O que podemos fazer para evitarmos novas rebeliões dentro do presídio? A presença enérgica do Estado, através dos seus agentes.
Apesar de polêmica, a atitude do Estado foi acertada, evitando férias dos seus agentes durante 90 dias.
Respeito o direito dos agentes penitenciários, mas o interesse comum está acima dos interesses unitários.
Por fim, espero que possamos passar essa crise momentânea sem descontroles como no Rio Grande do Norte, e que a paz seja restabelecida, bem como que possamos tratar a solução como um problema matemático e ideológico com poderio eficaz, simples e sagaz para solucionar a equação ‘preso X problemas’.
José Elias Gomes Batista/Leitor
Mas também, com um estado do tamanho de um elefante, controlando tudo o que tiver pela frente, monopolizando a infra-estrutura, saúde, educação, segurança, comunicação, transportes, saneamento básico, agropecuária, e tantos outros setores da economia, queriam o quê? Que tudo funcionasse perfeitamente? É óbvio que não!
Aqui todos acham que o Estado é quem deve resolver o problema mas não enxergam que o Estado É o problema.