Artigo do leitor: “A importância de um herói chamado bombeiro”

por Carlos Britto // 10 de julho de 2016 às 21:37

bombeirosNeste artigo enviado ao Blog, o sargento do Corpo de Bombeiros Enio S.da Costa, ressalta o importante papel dos profissionais que integram essa corporação.

Confiram:

A cidade dorme. Fatigada da labuta diária, esfalfada pelas suas ambições, extenuadas pelas suas lutas, abatida pelo excesso de sua vibração diurna, estafada pela febre das suas paixões. A cidade caiu no letargo de todas as noites. Calaram-se as últimas vozes da multidão, cessaram os últimos restos do trabalho e do prazer, recolheram-se os últimos notívagos, fecharam-se como túmulos todas as casas.

Quem por aí, que já não tenha, ao menos uma vez tremido de susto e vibrado de emoção e entusiasmo ao ver o trabalho, ao admirar a coragem desses bravos bombeiros, e entre as chamas?

Coragem estupenda, cem vezes mais admirável do que a dos soldados que afrontam a morte nos campos de batalha. Nos campos de batalha há promoção: tal soldado a cabo de uma campanha, troca à blusa grosseira de guerreiro humilde pela farda agaloada de capitão, e até a farda bordada de general. Mas, neste campo de batalha contra o fogo, heroísmo é obscuro, a glória é anônima e a recompensa é nula.

Assombrosa luta! Um homem fraco pequenininho, humilde, contra o fogo que tudo pode! Uma espessa atmosfera negra e impenetrável rodeia a casa incendiada…de repente, um grosso jato de água espanca e rasga a muralha de fumaça, e então veem lá em cima as salamandras heroicas, mourejando entre as labaredas, lambidas e enoveladas por elas, numa peleja sobre humana!

Espetáculos que, uma vez completados, nunca mais são esquecidos. É a luta dos pigmeus contra o briaréu de mil braços acessos. Este herói, rodando no ar sua machadinha com que golpeia como Vulcano, dentro de uma chuva de águas vivas; aquele que se debate, como laocoonte, entre as roscas de serpentes ígneas; aquele outro, insensível às chamas que lhe remordem a face e as mãos, balança-se, pendurando a uma escada de corda, carregando um inválido, ou uma mulher, ou uma criança, que sua bravura arrancou das garras de uma horrenda morte. São as salamandras humanas, os gênios do fogo, não filho dele, mas seus inimigos, quando ele não para a vida.

O Dia Nacional do Bombeiro não nasceu de uma simples homenagem aos valentes e destemidos guerreiros de fogo, da água e das alturas, mas sim da conquista, da luta e do reconhecimento da sociedade, como se vê no decreto n° 35.309, de 02 de abril de 1954, assinado pelo então Presidente do Brasil, Getúlio Vargas, que insistiu com o Dia Nacional do Bombeiro e a Semana de Prevenção Contra Incêndio.

Considerando o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, já se tomou credor da estima pública pelos reais serviços que vem prestando ao País; considerando que o bombeiro brasileiro sempre recebeu demonstração das mais carinhosas do povo pelas constantes provas de valor e bravura; considerando que o dia 02 de julho de 1856 foi assinado o primeiro decreto, regulamentando no Brasil o serviço de extinção de incêndios. Art. 1°- Ficam instituídos para serem comemorados anualmente, no dia 02 de julho e na semana em que este dia estiver compreendido, respectivamente, o “Dia Nacional do Bombeiro” e a “Semana de Prevenção Contra Incêndios”.

Enio S.da Costa/Sargento Bombeiro e Educador

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