Artigo do leitor: “A ponte que ‘separa’ Juazeiro e Petrolina”

por Carlos Britto // 13 de dezembro de 2022 às 16:30

Foto: Blog Carlos Britto

Neste artigo, escrito pelo economista Márcio Araújo, há uma crítica sobre as perspectivas de união e separação entre Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), por conta dos problemas causados pelos engarrafamentos na Ponte Presidente Dutra, que há décadas aflige a população. Ele questiona os possíveis motivos para um atraso nas soluções efetivas para o caso.

Leia abaixo o artigo na íntegra:

“A ponte que ‘separa’ Juazeiro e Petrolina”

É comum vermos, equivocadamente escrito por aí, que Juazeiro e Petrolina são duas cidades irmãs “separadas” apenas por uma ponte. Equivocado por que, contrariamente, a ponte não separa, ela une. Mas, na verdade, a despeito do equívoco no entendimento, o que se evidencia nos dias atuais é que, de fato, parece que a Ponte Presidente Dutra mais separa do que une os dois municípios, dado que tem havido muita gente evitando ir em uma ou outra cidade em razão do transtorno que é atravessar a angustiante ponte. O assunto é tão velho e requentado quanto não resolvido e quase esquecido. A população se acostumou. Ninguém quase não repudia mais. Enquanto isso as cidades crescem, o trânsito se avoluma, a frota mais do que quadruplicou.

O fluxo de cargas pesadas possivelmente triplicou mesmo com a “alternativa” da “ponte do Ibó”, outra infraestrutura aquém do necessário. E os grandes caminhões passam a qualquer horário com qualquer tipo e tamanho de carga, a exemplo das enormes, gigantescas pás para torres de energia eólica, que não raro se atravessam na estreita rodovia sem se incomodar com quem se incomoda. As promessas de uma nova travessia, na verdade a ampliação da mesma, são antigas, estão no papel, em algum projeto, porém em alguma gaveta.

As autoridades, volta e meia, divulgam alguma movimentação, anunciam um novo valor do investimento, mas ainda nada de início de execução da obra. Mudam-se os governos municipal, estadual e federal, mas não conseguimos efetivo avanço. A atual gestão de Juazeiro espera ansiosamente que o seu pleito seja atendido, mas ainda nada. Muito já se falou, ainda nos anos 1980, que uma nova ponte, na verdade que duas novas, seriam necessárias para o cenário dos anos 2000. Mas caminhamos para os anos 2030 e não ganhamos nem a duplicação integral da primeira que dirá a construção de uma segunda ponte, ou da ideal terceira.

Criou-se um poderoso instrumento constitucional, a RIDE, que poderia assegurar, prioritariamente, recursos orçamentários para a construção de uma ou de duas novas pontes, entre outras infraestruturas, mas parece que nossas lideranças políticas (ou as de Brasília) não conseguiram o devido valor e atenção. Propôs-se a elaboração de um projeto de Parceria Público-Privada com consórcio de construtoras para construção de uma nova ponte, mediante concessão por determinado período de tempo e cobrança de pedágio, mas não se sabe se isso interessou. Outra proposta foi a interrupção do tráfego de caminhões pesados com cargas interestaduais, em horários de pico, liberando para o fluxo de veículos de pequeno porte, permitindo-se, assim, a funcionalidade da rotina e cotidiano das duas cidades, mas também não se sabe se isso foi ao menos considerado para análise.

Enfim, continuamos então, dessa forma, com a ponte a quase “separar” Juazeiro de Petrolina, Petrolina de Juazeiro, e o rio é que parece que de fato, nos une. Acostumar-se com o problema não é raro quando não se tem disposição para a busca da sua solução. A complexidade da resolução não pode ser maior que os danos causados pela atual situação que ainda não foram mensurados, mas que são indubitavelmente percebidos. Findou-se mais um ano. Acabou-se mais um governo federal. Mudarão os dirigentes e alguns dos representantes políticos, mas o problema continua. Na verdade, ele só aumenta. Até quando?

Márcio Araújo – Economista

Artigo do leitor: “A ponte que ‘separa’ Juazeiro e Petrolina”

  1. Marcos Macedo disse:

    A construcao de uma ponte. Fora do centro urbano, especifica para caminhoes. Resolveria o problema.

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